Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar | Arquivo

Uma mulher de Gandra, Paredes, que, em 2011, inventou um cancro para realizar um peditório na freguesia de Baltar com o objectivo de realizar um transplante de medula, está acusada de continuar a burlar.

Desde essa altura, adianta o JN, Sandra Silva foi condenada seis vezes, por furto, falsificação de documentos, falsificação de boletins e burla. Apesar disso nunca foi presa, foi condenada ao pagamento de multas, entre 250 e 1210 euros, e a penas de prisão suspensas, entre cinco meses e dois anos, refere o mesmo jornal.

Actualmente a paredense, agora com seis filhos e desempregada, está a enfrentar mais dois processos por ter usado documentos de pessoas conhecidas para fazer contratos de telecomunicações, venda de produtos de beleza e domésticos e de concessão de crédito.

Sandra Silva está ainda envolvida num outro processo em que uma mediadora de seguros a quem foi roubada a carteira e os documentos viu celebrados contratos que a deixaram com dívidas superiores a quatro mil euros.

“Fui julgada e condenada e paguei por isso”

Em sua defesa, a mulher de Paredes confirma que tem dois processos a decorrer no Tribunal de Valongo em que não “há indícios de que tenha sido ela a cometer o crime”, factos pelos quais não pode ser condenada, já que ainda vai a julgamento. E que neste outra burla a uma mediadora de seguros de Vale de Cambra os contratos terão sido feitos em nome de outra pessoa.

Sandra Silva argumenta que não pode estar sempre a ser julgada em praça pública pelos crimes do passado. “Estou a trabalhar e tenho os meus filhos, não ando a burlar ninguém. Fui julgada e condenada e paguei por isso. Tenho uma pena suspensa, paguei multas e fiz trabalho comunitário. Foi um período crítico da minha vida”, argumenta.

“É difícil que os meus filhos estejam sempre a ver estas notícias. A minha mãe ontem foi parar ao hospital”, refere a paredense.

Procurava um dador, rapou o cabelo e usou máscara

A primeira burla veio a público em 2011. A mulher, na altura com 25 anos, inventou que tinha cancro e realizou um peditório na freguesia de Baltar para realizar um transplante.

A mulher, à época com três filhos, começou a dizer, em 2009, que tinha um cancro no fémur. Para dar credibilidade à história, rapou o cabelo e chegou mesmo a usar uma máscara para, dizia, não comprometer o sistema imunitário.

Seguiu-se a organização de uma recolha de sangue para tentar encontrar um dador compatível de medula óssea. A iniciativa que mobilizou mais de 500 pessoas no quartel dos Bombeiros Voluntários de Baltar. Espalhou ainda cartazes com apelos e um número de conta bancária onde poderiam ser depositados donativos, dizendo que tinha encontrado um dador compatível, mas que este exigia o pagamento de uma soma avultada de dinheiro para realizar o transplante. E colocou latas de recolha de dinheiro em vários estabelecimentos comerciais.

A burla acabou denunciada pelo padre de Baltar no final de uma missa. Depois, contactados, tanto o Centro de Histocompatibilidade do Norte (CHN) como o Hospital Santo António, no Porto, onde Sandra Silva alegava ser tratada, negaram que a jovem fizesse parte dos seus registos de doentes oncológicos e que estivesse inscrita para receber um transplante de medula óssea.

 

* Notícia actualizada às 13h20 com declarações de Sandra Silva