Zeferino Coelho foi condecorado pelo Presidente da República em 2019 / Foto: Presidência da República

Nasceu numa casa sem livros, em Paredes, mas este ano alcançou um lugar no púlpito da cultura nacional, quando lhe foi atribuído o prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural 2022. Zeferino Coelho é editor da Caminho/LeYa e recebeu esta distinção, depois de o júri ter enaltecido a actividade do homenageado ao longo de mais de 50 anos de trabalho na sua área, promovendo “a literatura e a cultura da língua portuguesa no mundo”.

Diga-se que o Prémio Vasco Graça Moura, instituído pela Estoril Sol, pretende homenagear alguém que, à semelhança do escritor Vasco Graça Moura seja um notável e versátil protagonista da vida cultural portuguesa. E essa pessoa foi, este ano que passou, Zeferino Coelho.

Aliás, neste périplo de vida, o paredense já tinha sido reconhecido por Paredes, ao lhe atribuir a Medalha de Ouro do Município, em 2014. Recebeu-a das mãos do presidente da edilidade da altura, Celso Ferreira.

Mas as distinções não se ficam por aqui. Em 2019, foi condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a insígnia de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, “numa sessão de homenagem ao livro e à leitura”.

Da vida deste homem, com 76 anos, há a destacar o facto de ter sido fundador e director da editora Caminho, responsável por publicar José Saramago, com quem teve uma grande relação até à morte do escritor, e da colecção Uma Aventura. Do seu palmarés há a sublinhar que autores por si publicados alcançaram o prémio Camões, como sejam José Craveirinha, Luandino Vieira, Mia Couto, Sophia de Melo Breyner, Germano Almeida, Arménio Vieira e Paulina Chiziane.  

Zeferino Coelho viveu num mundo retalhado, mas conseguiu construir a sua manta ao serviço da cultura em Portugal. Contrariou a vida. Trocou a terra, na verdadeiro acepção da palavra, pelas letras e tornou-se um homem ao serviço da cultura em Portugal.

Os ecos da sua vida soam por todo o lado, assim como o nome de Paredes. Mais um prémio, mais uma prova disso. Desde pequeno que Zeferino Coelho lia. E através dos livros que publica tem conseguido fazer-nos viver muitas outras vidas. E isso é algo que tem de ser reconhecido.

Companhia de Teatro Jangada, Lousada

Uma das actuações do grupo em Castro Daire. Foto: DR

É a única companhia profissional do Tâmega e Sousa e tem feito um trabalho notável e dinâmico ao serviço do teatro na região.

Falamos da ‘Teatro Jangada’, com sede em Lousada e que, só este ano que passou, subiu ao palco cerca de uma centena de vezes, com espectáculos que abrangeram milhares de pessoas.

Não podemos esquecer que num mundo de disseminação do digital, as populações têm-se tornado muito superficiais. Não aprofundam nada e a cultura é muitas vezes posta a um canto. A Jangada tem-se batido pela cultura e pela arte. Tem conseguido chamar público e navega num mar onde as pessoas não têm paciência para sair de casa para assistirem a um bom espectáculo ou a uma peça de teatro de qualidade. Temos tanta informação, mas insistimos na informação em bruto, o que resulta no facto de sermos cada vez menos conhecedores.

Mas esta falta de investimento, não deriva apenas dos cidadãos em particular, mas também dos organismos nacionais e com poder de decisão. Basta lembrar que este grupo foi excluído dos subsídios atribuídos pela Direcção-Geral das Artes (DGARTES), ao abrigo do Programa de Apoio Sustentado às Artes 2023-26, razão pela qual já anunciou publicamente que vai “contestar esta decisão” que está ferida de “várias irregularidades”. E tem-no feito, através de manifestações públicas e ofícios dirigidos ao Governo.

Se ficar de fora deste apoio, a Jangada corre o risco de afundar e com ela uma fatia considerável da cultura da região. Convém recuar na história e lembrar que este grupo existe há 23 anos.

Fundado em 1999, assentou na premissa de elevar o nível cultural da região geográfica onde está inserida, estando aquartelada no Auditório Municipal de Lousada, onde tem o seu espaço de trabalho, artístico e administrativo.

Ao longo dos anos, a companhia tem vindo a destacar-se no panorama teatral português, tendo-se apresentado nas melhores salas de norte a sul de Portugal e no estrangeiro, levando a que em 2005 tivesse sido agraciada com a medalha de mérito municipal, na área da cultura.

A organização de certames, como o Folia – Festival de Artes do Espetáculo de Lousada e Foliazinho, são da responsabilidade deste grupo que se tem vindo a destacar no panorama dos festivais tradicionais de teatro, por ter assumido, desde a primeira edição, “uma programação multidisciplinar”, uma vez que ali se juntam o teatro, a música, a dança, as marionetas e as artes plásticas.

A nível internacional tem marcado presença em Espanha, França, Lituânia, Brasil, Estados Unidos da América, México, China e Grécia.

Para nós, a Jangada tem tido um percurso notável e não pode ser relevado o facto de, e apesar das vicissitudes financeiras, nunca ter parado, se ter reinventado e continuar a disponibilizar espetáculos de qualidade para públicos de todas as idades e gostos. Tem aberto caminhos e não pode ser amputada neste seu percurso, porque as suas capacidades artísticas têm contribuído para fomentar uma sociedade melhor.

Associação de Cultura Musical de Lousada

Uma verdadeira embaixadora da arte no município! Tem sido assim o percurso da Associação de Cultura Musical de Lousada (ACML), razão pela qual é uma das nossas figuras do ano.

Pela mão desta estrutura, realizou-se este ano, o Concurso Internacional de Canto Lírico de Lousada, que juntou 70 candidatos, de 20 nacionalidades. O painel de jurados contou com a assinatura de grandes nomes nacionais como Cesário Costa, Elisabete Matos, Ana Paula Russo, André Cunha Leal e Josém Corvelo. Da Venezuela veio Aquiles Machado e de Itália Carmelo Caruso. O concurso mexeu com o concelho, com o país e com o mundo, abraçando países como Estados Unidos, México, China, Coreia do Sul, Alemanha e Itália.

Além do concurso, contou ainda com palestras, master classes, entre outros, de forma a diversificar os palcos e os públicos.

Foram assim lançadas as primeiras ‘notas’ de um acontecimento que pretende tornar-se no maior concurso de canto em Portugal. E tem todos os ingredientes para o conseguir.

A Associação de Cultura Musical de Lousada luta contra as mentes dormentes e mesmo quando se fala em restrições financeiras, teve a coragem de se lançar ao trabalho e colocar na rua uma iniciativa que se poderá tornar um gigante da música clássica nacional.

Conheça os premiados das outras categorias:

Personalidade do Ano

Político do Ano

Acontecimento do Ano

Empresa do Ano

Entidade Desportiva do Ano

Desportista do Ano

Jovem do Ano

Projecto Social do Ano