Por falta de orientação e de experimentação que conduzisse a uma escolha de profissão, problemas que reconhece no sistema de ensino, quando chegou ao 9.º ano, Fábio Lima, jovem de 27 anos de Alfena, Valongo, apesar de sonhar com a Engenharia Mecânica, seguiu os colegas para um curso ligado ao Desporto. Cedo percebeu que esse não era o caminho. Deu um passo atrás e mudou para o curso de técnico de maquinação e programação CNC, equivalente ao 12.º ano no Cenfim – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, em Ermesinde.

Ali, encontrou um ensino que lhe permitiu ter contacto com o mercado de trabalho, onde ingressou em 2012. Laborava na área de automação, onde fabricava peças em alumínio, titânio e aço. “Trabalhei sempre na área pela qual ganhei gosto”, conta. “Comecei a querer evoluir e, quando a responsabilidade aumentou, vi a necessidade de ter mais teoria, mais conteúdo”, admite.

Foi então que, no início de 2020, ele e a namorada, de uma área diferente – Psicologia – resolveram fazer algo juntos. Inscreveram-se na 2.ª edição do Transforma TI, aceleradora que, no âmbito do Centro de Cidadania Digital em Valongo, permite desenvolver aplicações para telemóvel para resolver problemas da sociedade. “Aprendi muitas coisas que não esperava”, reconhece o jovem. Pelo meio, tiveram de readaptar-se, porque a pandemia chegou ao país. Foi também isso que o levou a ficar desempregado, em Junho de 2020, mais ou menos na mesma altura que terminava a formação. “Fiquei sem chão”, admite Fábio. Apesar da fase complexa que se vivia começou logo a enviar currículos, dos quais constavam novas ferramentas e competências que adquiriu e que acredita que contribuíram para encontrar o novo emprego, em Setembro.

“O que aprendemos sobre modelos de negócio, de como libertar uma ideia da cabeça, dar-lhe sentido, saber comunicá-la, fazer um pitch e estruturar uma apresentação, reunir com equipas de trabalho, fazer estudos de mercado… São ferramentas que vou levar para a vida e conceitos que me ajudam no trabalho actual”, defende. Fábio Lima é agora técnico de CAM e trabalha com software para programação de peças em máquinas CNC, máquinas de impressão 3D e área da robótica (indústria 4.0), ajudando as empresas a implementá-lo nas máquinas. “É o meu trabalho de sonho”, diz.