Entre os entendimentos existentes entre o PSD e o CDS, que hoje assinaram um acordo de coligação para as próximas autárquicas, há um que é muito claro: o projecto existente para o realojamento da comunidade cigana não faz sentido no centro da cidade. Pelo que a meta, caso a candidatura liderada por Ricardo Sousa vença as eleições autárquicas de 2021, é avançar com um projecto alternativo, noutro local, que ainda não revelam.

“O CDS foi o único partido na Assembleia Municipal a votar contra a forma como o presidente da Câmara quer fazer a reinstalação da comunidade cigana. Quando começamos a falar havia esta linha vermelha. Só havia possibilidade de ‘casamento’ se começássemos por aqui. Para quem votar no CDS a comunidade cigana não ficará instalada naquele local, mantenho essa garantia. Agora quem votar nesta coligação PSD/CDS a comunidade cigana não ficará instalada naquele local nem daquela forma”, afirmou José Miguel Garcez, líder do CDS Paredes.

Ricardo Sousa, presidente da comissão política do PSD Paredes voltou a reforçar uma ideia já veiculada. “Com aquele dinheiro em vez de 26 famílias carenciadas serviríamos 50. O dinheiro alocado para ali dá para no mínimo fazer o dobro das casas e não achamos que é o melhor sítio”, disse, referindo-se ao projecto existente apresentado pelo executivo socialista.

Segundo José Miguel Garcez já há uma alternativa em vista, que será vertida no programa eleitoral da coligação.

A ideia, afirmaram, será procurar corrigir o protocolo existente com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) e a habitação a criar pode nem ser na freguesia de Paredes. “Pode ser recuperado o projecto que já existia do PSD e foi para o lixo”, deu como exemplo José Miguel Garcez, não concretizando se será essa a hipótese.

“Uma coisa é garantida, com esta coligação, em 2025, haverá muitas chaves entregues de habitação social do concelho a famílias carenciadas”, adiantou Ricardo Sousa. “Mais do que isso é preciso rapidamente implementar um programa de habitação a custo controlado nas freguesias para criar condições para jovens casais se instalarem, assim como seniores. Todas as freguesias do concelho estão carenciadas de habitação social, tem de ser criada uma rede pelo concelho”, frisou, falando ainda na hipótese de recuperação de prédios devolutos.

Quanto à comunidade cigana foi claro: “Em 2017 viviam ali e, em 2021, continuam ali em condição indigna. Se houvesse vontade política já poderia ter havido solução transitória”.

Obra de três milhões prevista para arrancar no Verão deste ano

Recorde-se que a Câmara de Paredes anunciou que, no Verão, vai arrancar a construção de 26 fogos de habitação social onde seria realojada a comunidade cigana que vive, sem condições, no centro da cidade de Paredes. A obra está orçada em três milhões de euros e manteria as cerca de 100 pessoas no mesmo local onde estão há cerca de 20 anos.

Resolver esse problema é a prioridade da Estratégia Local de Habitação do concelho de Paredes, tendo sido assinado, em Janeiro, o acordo de colaboração entre a Câmara de Paredes e o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), no âmbito do programa 1.º Direito.

A cumprir o calendário, o realojamento daquelas famílias aconteceria em 2022. A Câmara de Paredes avançou com a compra de dois terrenos, aquele em que está instalada a comunidade cigana, por 650 mil euros, e um contíguo, por 500 mil euros. O presidente da autarquia acredita que o financiamento do IHRU poderá chegar a 45%, sendo o valor restante pago com um empréstimo ao próprio Instituto e com recursos próprios da câmara municipal.

Numa segunda fase, haveria um levantamento de prédios devolutos que possam ser recuperados para habitação social em todo o concelho e também a ajuda a particulares para submeter candidaturas para melhorias de condições de habitação, beneficiando dos apoios previstos.