O Partido Socialista e um representante dos pais manifestaram-se, na última Assembleia Municipal, contra o corte do apoio no transporte escolar da Câmara Municipal a 17 alunos de Rio Mau e Sebolido que acabam de ingressar no 5.º ano e optaram por frequentar a Escola Básica e Secundária à Beira Douro, em Medas, Gondomar, ao invés do Agrupamento de Escolas do Pinheiro, nas Termas de São Vicente.

Para o PS, estas crianças estão a ser “discriminadas”. “Acabou com uma prática de pagar transportes para as crianças que vão para Gondomar, mais concretamente Medas. São oito mil euros que está a poupar com esta medida, acha que se justifica?”, questionou o socialista Nuno Araújo, afirmando que não há transportes para as freguesias do sul do concelho. “As crianças não devem ser vitimas de discriminação devido à freguesia em que residem”, argumentou.

Também o presidente da Junta de Rio Mau criticou esta decisão da autarquia e lembrou que este transporte era comparticipado há dezenas de anos. Manuel Soares da Silva realçou que, para Medas, há transportes de 15 em 15 minutos, enquanto para o Agrupamento de Escolas do Pinheiro são mais limitados. “A grande maioria dos pais trabalha no Porto e para ir à escola de Pinheiro ficam horas à espera de transporte e têm que perder horas de trabalho”, defendeu.

André Silva, um dos pais afectados por esta decisão, aguardou pelo final da Assembleia Municipal para dizer, no espaço reservado ao público, que se trata de uma “injustiça”. “Fomos confrontados com a decisão de passar a não custear o transporte dos alunos que se inscreveram na escola de Medas e não se matricularam na do Pinheiro. São 17 alunos que ficaram sem passe e não vi nenhum argumento pedagógico que sustente esta decisão”, referiu. O pai, diz que não está em causa a qualidade das escolas, mas que a câmara está a “obrigar os alunos a ir estudar a uma escola a 10 quilómetros só com três transportes por dia”. “Há casos em que na mesma casa há irmãos em que um vai ter passe pago e outro não”, criticou.

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Os esclarecimentos do vereador da Educação foram no sentido de explicar que o objectivo do município é manter a sequencialidade do projecto educativo. “As crianças entram num agrupamento no jardim-de-infância e devem seguir nele até ao secundário. Essa tem sido a política do Governo”, justificou, lembrando que os alunos de Rio Mau e Sebolido estão integrados no Agrupamento de Escolas do Pinheiro, que tem feito “um trabalho notável”.

“Temos a certeza que se os alunos continuarem no mesmo agrupamento de escolas estão numa escola de qualidade”, afirmou.

Por outro lado, Rodrigo Lopes diz que a meta é criar relações de afecto e de identidade com o concelho durante o período em que os jovens são estudantes. “É legitimo que o poder autárquico pugne para que as suas crianças estudem nas escolas do concelho, para isso investimos, trabalhamos e temos elevado a qualidade das condições escolares com conforto e tecnologias avançadas e projectos educativos”, sustentou.

Segundo o autarca, o município continuará a pagar os transportes escolares a dezenas de alunos do 6.º ao 12.º que já iniciaram o projecto educativo noutras escolas, alterando as políticas a partir deste ano lectivo. “Não alteramos as regras. Apenas àqueles que iriam agora iniciar o processo e queriam pedir transferência é que avisamos que queríamos que continuassem na Escola do Pinheiro”, referiu.  “Foi apenas dar um sinal e pedir que as crianças do nosso concelho estudem nas nossas escolas havendo oferta educativa. Não se trata de nenhuma poupança. Se vierem para a Escola do Pinheiro o passe continuará a ser pago”, disse Rodrigo Lopes.

A questão, garante, não passa pelos horários dos transportes já que podem ser feitos ajustes.