Em Lousada, a relação de mestre e aprendiz ainda persiste. 15 profissionais de diferentes áreas vão acompanhar 15 jovens durante os próximos cinco anos e orientá-los na adaptação à universidade e/ou ao mercado de trabalho.

A nova edição do programa Sagaz, promovido pela Câmara Municipal de Lousada e pela empresa Alento começou, esta quarta-feira, com a escolha dos novos aprendizes. 91 dos cerca de 300 alunos que frequentam o 12.º ano no concelho candidataram-se para participar.

Tanto os aprendizes como os mestres encontram benefícios neste projecto.

Orientação é importante, dizem jovens

A VI edição do SAGAZ teve como palco a Escola Secundária de Lousada. Além de uma palestra sobre o projecto, os alunos candidatos puderam ouvir os mestres, de diferentes áreas, falar um pouco sobre o seu percurso e papel em termos profissionais. Depois o papel inverteu-se e foram os jovens que falaram aos mestres dos seus projectos de futuro e aspirações. Os 15 mais convincentes (um por mestre) foram escolhidos para este programa e terão direito a um mentor que os vai orientar nos próximos cinco anos.

Ana Catarina Vieira, de 18 anos, quis ser arqueóloga, historiadora e agora vê um futuro na psicologia, mas também pisca o olho ao marketing. Já Sofia Moreira, de 17 anos, tem “todas as certezas do mundo que quer ser psicóloga”. As jovens participaram no Sagaz e acreditam que vão ter nos mestres “uma espécie de segundos pais”.

Já Rita Mendonça, de 18 anos, está inclinada para seguir Direito. “Acho que só me decidi no 11.º ano. No 9.º é muito cedo para saber o que se quer”, defende. Participar no Sagaz foi um desafio e uma forma de aprender mais. “A orientação é importante. A nossa geração não tem muito a noção do que é a universidade e o mercado de trabalho e isto pode ajudar”, acredita.

“Os mestres têm bastante experiência e podem dar dicas importantes para o nosso futuro e ajudar-nos a adaptar à universidade”, acrescenta Francisco Oliveira, de 17 anos, que quer ser engenheiro mecânico.

Mestres ensinam, mas também aprendem

Também os mestres vêm benefícios neste programa de orientação. Carla Duarte, consultora financeira, é veterana nestas andanças. Está há quatro anos no projecto e tem já cinco jovens como aprendizes. “Achei que podia contribuir com a minha experiência profissional e assumi o projecto como uma continuidade do voluntariado em que já costumava estar envolvida”, explica. Além de “ensinar”, Carla confessa que aprende muito. “Tornamo-nos amigos e reunimos muitas vezes para partilhar experiências e falar de questões da universidade e também de trabalhos, currículos, cartas de apresentação… E ainda dou conselhos sobre a vida pessoal”, conta.

Já José Faria, gestor, está no Sagaz pelo primeiro ano. “A ideia é boa e é uma responsabilidade para nós. Tinha sido muito útil que alguém me orientasse”, admite. Até porque, “a maioria dos jovens ainda tem uma ideia muito vaga do que quer fazer”, acrescenta.

Programa tem crescido e amadurecido, mas mantém objectivos

O programa de “mentoring e voluntariado preventivo” começou em 2013 e o projecto foi amadurecendo e sofreu uma grande evolução, garante Artur Moura Queirós, da Alento.

“Este ano dos 300 alunos do 12.º ano do concelho tivemos quase um terço. É uma grande diferença em relação ao início do projecto”, defende.

“Desde 2014, que os jovens têm direito a programa de gestão de carreira gratuito e recebem o ‘Kit-Emprega-Te’. Este ano, todos os que se candidataram vão poder participar em todas as actividades de formação e convívios que vão ser realizados”, refere.

A Alento vai enviar, mensalmente, temas de conversação para estimular a interacção entre mestres e aprendizes e fazer um acompanhamento telefónico de três em três meses.

Também a vereadora da Juventude da Câmara Municipal de Lousada destaca o crescimento do projecto que mantém ainda o mesmo objectivo: “aproximar os jovens de um profissional de sucesso e com experiência” que possa ajudar a orientar quem está a começar uma carreira. “É um ‘amigo profissional’ que vai além da família que, muitas vezes, pela proximidade ao jovem, não consegue desempenhar esse papel de orientador”, acredita Cristina Moreira.