Américo Monteiro de Aguiar nasceu a 23 de Outubro de 1887, em Galegos, Penafiel. Eternizou-se como Padre Américo ou Pai Américo, pela dedicação aos pobres, aos rapazes da rua, aos doentes sem ninguém.

Fundou a Obra da Rua, em 1940, ao criar a primeira Casa do Gaiato, em Miranda do Corvo. Seguiu-se o Património dos Pobres e o Calvário. Durante anos foi “recoveiro” dos pobres um pouco por todo o país, ajudando os carenciados e as crianças sem família.

Acabaria por morrer, aos 68 anos, vítima de um acidente de viação, em Valongo. Mas a Obra da Rua continuou viva.

Na região, há marcas em Paço de Sousa, Penafiel, onde existe uma Casa do Gaiato, e em Beire, Paredes, onde existe outra Casa do Gaiato e onde ficou instalado o Calvário para doentes incuráveis. Deu ainda nome ao hospital de Penafiel – Hospital Padre Américo – que integra o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa. Foi homenageado com várias estátuas e deu nomes a ruas em vários concelhos.

Esta segunda-feira, no dia em que se completam 130 anos do seu nascimento, será inaugurado pelas 18h00, o Memorial Padre Américo/Obra da Rua. No espaço museu instalado no edifício das antigas Escolas da Casa do Gaiato de Paço de Sousa estará patente uma exposição comemorativa do 130.º aniversário do nascimento de Pai Américo. A cerimónia contará com a presença de D. António Taipa, administrador diocesano do Porto, que presidirá a uma eucaristia.

Segundo o padre Júlio Pereira, responsável pela Casa do Gaiato, nesta mostra as pessoas poderão ver testemunhos fotográficos e objectos da família do Padre Américo. Estarão retratadas as várias fases da vida do Padre Américo, desde o nascimento até à fundação da Obra de Rua e ainda a causa de beatificação em curso.

Quem foi o Pai Américo?

Américo Monteiro de Aguiar nasceu em Galegos, Penafiel. Era o oitavo filho de uma família de lavradores locais. Recebeu o nome de Américo devido à admiração que seus pais e padrinhos tinham pelo Bispo do Porto da altura, D. Américo Ferreira da Silva. Cresceu numa família cristã e, já em pequeno, teria o hábito de furtar coisas à mãe para dar aos pobres.

Estudou em Galegos e depois no Colégio de Nossa Senhora do Carmo, em Penafiel, e no Colégio de Santa Quitéria, em Felgueiras. Já nessa altura manifestava o desejo de ser padre, mas o pai não o achava “com feitio” para isso. Foi trabalhar numa loja de ferragens no Porto, mantendo-se próximo da vida religiosa e ajudando, muitas vezes, na missa.

Aos 18 anos partiu para Moçambique. Dedicou-se à actividade comercial e depois à administração pública. Só regressaria definitivamente a Portugal em 1923.

Ainda se preparou para lançar um negócio na área das frutas. Mas nunca tinha perdido o desejo de ser padre. Parte para o Convento Franciscano de Vilariño de la Ramallosa, na Galiza, onde toma o hábito franciscano, mas foi afastado por considerarem que não se adaptava à vida monástica. Tentou entrar no Seminário diocesano do Porto onde não foi aceite. Acabou por entrar no Seminário Maior de Coimbra, em Outubro de 1925, com a ajuda do bispo D. Manuel Luís Coelho da Silva, natural de Bustelo, Penafiel. Foi ordenado presbítero no dia 28 de Julho de 1929, tinha 41 anos.

Em Março de 1932 é encarregado da Sopa dos Pobres, em Coimbra. É a partir daí que começa a dedicar-se à caridade aos pobres, reclusos e doentes, aos que vivem com dificuldades. Esta missão haveria de definir tudo o que veio a seguir.

Acabaria por organizar colónias de férias para crianças desfavorecidas, entre1935 e 1939. Acabaria por comprar com algumas economias uma quinta em Miranda do Corvo onde abriu a primeira Casa do Gaiato, em Janeiro de 1940, para rapazes abandonados e sem família. Era assim instituída a Obra da Rua com o lema ‘Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes’.

Mais tarde abriria o Lar de Coimbra, destinado aos rapazes que querem prosseguir estudos. E depois mais Casas do Gaiato, por exemplo em Setúbal, tendo a segunda sido criada em Paço de Sousa, a terra da sua mãe. Nasceram oficinas, escolas, o jornal O Gaiato. Fizeram-se colónias de mar em várias localidades. Em 1951 instituiu o Património dos Pobres, com habitação para os desfavorecidos.

A sua última grande obra foi o Calvário, em Beire, destinado aos doentes incuráveis e abandonados. Foi inaugurado em Julho de 1956. Haveria de morrer dias depois vítima de um acidente de automóvel em Valongo. Ainda foi transportado para o Hospital de Santo António, no Porto, mas não resistiu aos ferimentos.

Jaz em campa rasa na Capela da Casa do Gaiato de Paço de Sousa.

Desde 1986 está a decorrer um processo de beatificação do Padre Américo.