A sorte que temos de estar numa democracia que provou ter atingido um grau de maturidade que nos protege a todos como sociedade e nos põe a salvo de maus políticos. Entendam como maus políticos aqueles sem qualquer preparação para os cargos que são eleitos, sem qualquer noção do que é a política, do que é ser um bom politico, do que significa a missão de servir um povo e ser um verdadeiro “Estadista”.

Claro que um político corrupto é um mau político, mas porque é um ser humano fraco. Tanto é mau para a nossa sociedade termos um político corrupto, como o é termos um empresário ou um juiz ou um médico ou qualquer outro técnico de relevância na nossa sociedade.

Já sermos governados por um político impreparado, incompetente e com baixa capacidade intelectual, não só é mau, como absolutamente perigoso.

Esta pandemia mostrou-me isso de forma clara, assim como mostrou-me que um governo existe para proteger um Estado Social. Um Estado que, não querendo substituir-se ao privado, assegura que não dependemos só do privado, ficando à mercê de interesses exclusivamente mercantilistas.

Como seria se não tivéssemos um SNS? Como seria se a saúde estivesse toda privatizada? Como seria se a segurança social fosse privada? O que seria dos empresários e das suas empresas, que tanto se queixam do Estado e do seu peso na nossa sociedade, mas que sem o apoio do estado, que nesta altura tanto lhes valeu, provavelmente teriam sucumbido.

Os mesmos empresários que tanto criticaram os políticos e o Estado, agora, reclamaram por o dinheiro do Estado não ser mais e não lhes chegar mais rápido. É caso para dizer que, quando a morte nos aparece, todos ficamos mais espirituais; mas quando a morte da empresa aparece à frente de um empresário todos ficam crentes num Estado que desejam omnipresente.

Agora estivéssemos num país quase todo privatizado e só se safaria quem tivesse seguro e dinheiro. Um Estado privatizado não defende todos por igual porque o dinheiro não está distribuído de forma igual por todos.

Acredito que o nosso país vai passar um mau momento económico, tal como a Europa e o Mundo, mas também acredito que vai passar esse momento com alguma rapidez. Primeiro, porque temos um Primeiro-Ministro que tem uma perspetiva e uma atitude positiva e não fatalista como tinha o seu antecessor, e porque mostrou ser um dos melhores políticos que tivemos a governar este país nas últimas décadas, pela habilidade, pelo bom senso, pela capacidade de alcançar consensos e compromissos e pela noção do que é a nossa sociedade e a sua posição e importância num projeto Europeu.

O facto de termos um Mundo a olhar para nós de forma admirada e elogiosa pela forma como estamos a combater a pandemia, o facto de, antes da pandemia, termos tido uma recuperação e evolução económicas notáveis, depois da crise de 2013, e pelo facto de termos conseguido manter este país com níveis de segurança invejáveis, vai continuar a atrair turistas e investidores internacionais e isso será fundamental para a nossa retoma económica.

Se em vez do PS, tivesse ganho as eleições um partido populista, com um líder impreparado, que na sua vaidade e egoísmo liderasse este país ao ritmo dos seus caprichos e interesses pessoais, como acontece no EUA e no Brasil, estaríamos agora com muitos mais mortos e com uma pandemia longe de estar controlada.

A sorte que nós temos de não termos embarcado em populismos e eleito uma qualquer “Trampa”.

Nesta altura, e com os maus exemplos que vem da América, é que vemos o quão perigoso é eleger alguém que com frases simples acha possível resolver problemas complexos porque esses em alturas como estas vão continuar a proferir soluções aparentemente simples e estúpidas para resolver problemas sérios e essas soluções podem custar milhares de vidas.

É nesta altura que dou graças por termos uma democracia madura e em que os partidos clássicos, tantas vezes criticados e preteridos pelos novos partidos, que vendem sonhos impossíveis e para os quais não possuem a mínima noção de como os alcançar, ainda são os que ganham eleições.

Estou orgulhoso do nosso governo central e da forma responsável que, quase todos os partidos que compõem a oposição ao governo, tiveram perante esta Pandemia. Isso revela a maturidade da nossa democracia.

Também a nível local tivemos muito bons exemplos por todo o país.

Em Valongo prevaleceu o sangue frio e o bom senso não se caindo na tentação fácil de anunciar medidas populares para obter os 5 minutos de tempo de antena nos canais noticiosos, sem medir o efeito prático dessas medidas na bolsa dos contribuintes, assim como os efeitos nefastos que a curto prazo essas medidas teriam nos orçamentos locais.

José Manuel Ribeiro, presidente de Câmara, com o apoio de todo o executivo e de toda a vereação, tomou medidas cedo, bem ponderadas e sempre com um princípio que pauta a conduta deste executivo municipal: Não deixar ninguém para trás!

Ninguém deve sofrer mais ou ficar mais vulnerável porque não tem as mesmas capacidades financeiras!

Valongo foi dos primeiros municípios a adotar medidas de contenção. Encerrou os equipamentos municipais, cancelou todos os eventos e atividades com grande concentração popular e lançou uma forte campanha de apelo ao confinamento e distanciamento social.

Foi o primeiro no distrito do Porto, e um dos primeiros no país, a envolver toda a comissão municipal de proteção civil no combate pandémico, tendo funcionado diária e ininterruptamente durante mais de dois meses, o que permitiu um efeito de rede muito forte entre todas as instituições públicas e autoridades de saúde pública, bombeiros, forças de segurança, Segurança Social, Juntas de Freguesia, entre outras, para concertar as medidas diárias de combate e resistência ao Vírus.

Das mais de 17 medidas adotadas, e que já custaram mais de 1 milhão de euros, destaco:

  • Apoio nas despesas da água com a redução de preço da água do 2º escalão para o preço do 1º, suspensão dos cortes e facilidades de pagamento, desde março até junho;
  • Reforço do plano municipal de emergência de apoio alimentar – iniciativa municipal dirigida a famílias carenciadas residentes no concelho de Valongo, através do fornecimento e distribuição de refeições confecionadas para o jantar, alargadas aos fins-de-semana e feriados.
  • Reforço do fornecimento de almoços escolares para crianças de famílias carenciadas. As refeições são preparadas em takeaway e recolhidas pelas famílias.
  • Acolhimento e fornecimento de almoços aos filhos dos profissionais de saúde, de segurança, dos bombeiros e da proteção civil.
  • Distribuição mensal de cabazes alimentares assegurado em parceria com a rede social concelhia e a segurança social.
  • Reforço financeiro do fundo de emergência social com apoio financeiro excecional e temporário a agregados familiares carenciados no pagamento de rendas de casa, água, luz, gás, medicamentos, cuidados de saúde e apoio à educação.
  • Criação de linha telefónica gratuita, de apoio social, empresarial e psicológica.
  • Abertura de um centro de rastreios covid-19.
  • Programa de testes em curso nos lares existentes no concelho (a utentes e funcionários) com o apoio da Câmara municipal, das autoridades de saúde pública e do ACES Maia/Valongo.
  • Criação do CAT Valongo – centro de acolhimento temporário do concelho de Valongo, distribuído por diversos polos em todas as freguesias, com capacidade para 361 camas.
  • Apoio ao Hospital de São João no acolhimento de pessoas infetadas e que necessitam de isolamento social e não têm condições familiares e/ou habitacionais para o efeito.
  • Reforço do apoio a pessoas em isolamento.
  • Empréstimo temporário de equipamentos informáticos e apoio no acesso à internet, a alunos carenciados, para assim acompanharem as aulas online.
  • Reforço em quase 70% no apoio financeiro mensal aos bombeiros de Ermesinde e de Valongo
  • Aquisição, pelo Município, de equipamento de proteção individual e demais material de combate à Covid-19 para apoio a bombeiros, unidades de saúde do concelho, freguesias, IPSS, lares.
  • Desinfeção dos principais locais de circulação de pessoas e principais equipamentos públicos em colaboração com as juntas de freguesia.
  • Distribuição de máscaras comunitárias como medida de proteção adicional para garantir a todos os munícipes mais segurança e proteção neste período pós-confinamento e de adaptação a uma nova normalidade.

Do Covid-19 sabemos pouco e temos muitas incertezas. Sabemos que é um vírus resistente pela sua carcaça proteica e que enquanto não houver uma vacina, esperada para daqui a 1 ano, ninguém estará a salvo de ser contagiado. Sabemos que normalmente é mortal em pessoas que apresentam já problemas e debilidades, mas ainda não sabemos os efeitos que o mesmo poderá deixar ao nível pulmonar naqueles que foram infetados e sobreviveram.

Este vírus é perigoso e posso afirmá-lo desta forma porque, quando temos uma comunidade médica, que normalmente é pouco emotiva, assustada com esta pandemia e em estado de alarme a pedir às pessoas para se protegerem, é porque só pode ser muito grave.

Vamos entrar num tempo anormal porque se quisermos que isto passe, sem prejuízo de vidas, teremos de ter comportamentos que não são habituais e por isso não são normais. Deixar de sermos o povo emotivo e de contacto que nos caracteriza, manter distâncias que nunca nos importamos em medir, tapar o sorriso que nos identifica com uma máscara, evitar o convívio entre muitos e promover o convívio com poucos e de forma cautelosa, será anormal, mas absolutamente necessário.

Este vírus vai passar, certamente, e com ele passarão estes tempos “anormais”, mas até lá não vai ser fácil e termos consciência disso só ajudará a prevenir comportamentos errados.

Este “desconfinamento” exige de todos uma maior consciência de que os nossos atos poderão deitar tudo a perder.

Não sejam egoístas! Usem máscara e não se esqueçam de usar o espaço sabendo que o mesmo não é só vosso e que não temos o direito de privar ninguém de ter uma vida com saúde. Sejam solidários! Protejam-se para proteger o próximo.