O processo até à escolha de Rui Moutinho como candidato do PSD à Câmara Municipal de Paredes, não foi pacífico e conduziu às eleições mais participadas da história do partido. Agora, o social-democrata diz que o PSD está unido e afirma não ter dúvidas de que vão ganhar as eleições de 1 de Outubro.  

É crítico em relação à candidatura de Raquel Moreira da Silva, que garante não ter ideias e pretender apenas a derrota do PSD. Já em relação ao PS, acusa a oposição de nunca ter apresentado propostas e de fazer muitas promessas por saber que não as terá que cumprir.

Recorrentemente chamado de “tesoureiro do Celso”, “ilusionista” e “paraquedista”, Rui Moutinho diz que não renega o passado, mas garante que não é igual a Celso Ferreira e que pretende dar início a um novo ciclo no concelho.

Sustenta que não está preocupado com a dívida da câmara, que está “acomodada”, e adianta que tem como objectivo baixar o prazo médio de pagamentos a fornecedores para os 90 dias.

Entre as principais propostas, caso seja eleito, estão a oferta de livros escolares até ao 12.º ano, a descida do IMI para a taxa mínima e a ampliação das zonas industriais.

O que o levou a querer ser candidato à presidência da Câmara Municipal de Paredes?

O que me leva a ser candidato à presidência da Câmara de Paredes é essencialmente ter consciência de que estou preparado para esse desafio. É um desafio conduzir os destinos de um concelho, gerindo o órgão executivo desse mesmo concelho. Acho que tenho uma componente técnica e uma componente pessoal que me permitem vir a ser um bom presidente de câmara.

 

Não considera que a forma como se antecipou ao apresentar a sua intenção de ser candidato condicionou a escolha do partido?

Não propriamente. O partido, felizmente, tem muito boa gente que podia vir a ser candidata. É lógico que houve um conjunto de situações que foram ocorrendo que levaram a que fosse necessário tomar decisões de uma forma mais célere. Notou-se, a um determinado momento, que havia duas a três pessoas que tentavam fazer, chamemos-lhe, como que um assalto ao poder, e o PSD não pode deixar-se ser assalto porque é um partido de ideias que quer o melhor para o concelho.

Tínhamos, mesmo, que tomar algumas decisões e essa minha apresentação como candidato não visava, de forma alguma, condicionar o partido na escolha, mas visava que determinadas pessoas, porque estavam eivadas de um intuito diferente daquele que deve nortear a liderança de um partido, poderiam eventualmente vir a apresentar-se como candidatas, o que não era boa opção para o partido nem para concelho.

Pessoas como a Raquel não serão bem-vindas ao partido, a não ser que mudem radicalmente de postura

Quer citar nomes?

Preferia não. As pessoas conhecem. Sabem o que se passou. Não é este o momento adequado. A história vai falar por si.

 

Teme que todo o processo que levou à sua eleição como presidente da comissão política e depois à sua escolha como candidato tenha deixado divisões internas no partido e isso se reflicta nos resultados eleitorais?

Não. Temer resultados negativos nas eleições não temo. Foram apresentadas duas listas, o que não deixa de ser salutar, numa das quais se perfilavam três candidatos e um putativo candidato contra uma outra lista, onde se apresentava um candidato. É lógico que isso cria sempre algum “frison”. Mas não me parece que o partido venha a perder com isto, porque quando alguém ganha uma determinada eleição e pretende que o partido tenha sucesso e quando quem perde pretende, também, que o partido tenha sucesso, acabamos todos por dar as mãos e juntar-nos num projecto comum para que a social-democracia continue a liderar os destinos do concelho.

 

Deu as mãos a Joaquim Neves?

Tentei. Foi a primeira pessoa a quem convidei para almoçar comigo e almoçamos os dois, duas vezes, pese embora, ao contrário do que foi dito, não o tenha convidado para ser o meu número dois. Pedi para nos juntarmos num projecto comum, mas infelizmente, da parte dele, não houve receptividade. Disse que não se revia nesta forma de fazer política, o que achei estranho, porque ele quando falava desta forma de fazer política reportava-se sempre a uma pessoa que não é candidata.

 

Está a falar de Celso Ferreira?

Sim. Continuo a falar com Joaquim Neves nos mesmos moldes que falava antes. Continuo a achar que, quando ele quiser, o partido tem as portas abertas para ele, coisa que já não digo de outras pessoas, e posso dizê-lo abertamente. Acho que pessoas como a Raquel não serão bem-vindas ao partido, a não ser que mudem radicalmente de postura. Alguém que foi vereadora por este partido, embora, também, já tivesse sido vereadora por outro, que, entretanto, tentou ser candidata de outro partido, que tentou por todos os meios vir a ser candidata pelo PSD e, agora, se apresenta como independente, dizendo mal do passado, de que ela inclusive partilhou… Não me parece que na política valha tudo. A não ser que mude radicalmente de posição, não me parece que seja bem-vinda dentro do PSD.

Após um período expansivo era necessário fazer alguma contenção orçamental.

Chegou a pedir-lhe desculpa pela carta que escreveu sobre ela com algumas acusações, como ela disse a um jornal local?

Com certeza que sim. Não tenho nada que me encolher relativamente àquilo que se passou. De facto, quando alguém apresentou a Raquel como uma potencial candidata à Comissão Politica e à Câmara Municipal pelo PSD, disse a essa pessoa que não concordava. Não concordava eu e não concordava a generalidade dos presidentes de junta, porque não se reviam nessa forma de estar. Quando me pediram para apresentar três ou quatro ideias que me levavam a considerar que ela não era a pessoa indicada, ingenuamente acreditei que aquela carta que mandei ao Celso Ferreira, com conhecimento de mais cinco pessoas, ficaria naquele círculo. Falei de coisas que, se soubesse que iam ser tornadas públicas, não teria falado. Embora tudo o que lá disse continuo a manter.

São situações que, se calhar, numa conversa com ela poderia perfeitamente expressá-las, mas publicamente não deveria fazê-lo, e fiz. Como o fiz pedi desculpas por isso. Fui a casa dela, mais do que uma vez, e falamos abertamente. Ela disse-me que só aceitava desculpas se o fizesse num plenário e fi-lo. Quando cometemos um erro, não nos custa nada reconhecer que erramos.  

Que balanço faz dos últimos quatro anos de governação do PSD em Paredes?

Os últimos quatro anos foram, podia chamar-lhe, de contenção orçamental. Foi uma aposta em termos de obra no que era mais necessário, numa tendência de resolver problemas mais prementes e não propriamente de lançar grandes obras e, também, de continuidade de algumas obras que já tinham sido lançadas em mandato anterior, nomeadamente, as obras no Parque Rio Ferreira, em Rebordosa e em Lordelo. 

Após um período expansivo, é normal, fazemo-lo em casa, nas nossas contas pessoais, era necessário fazer alguma contenção orçamental.

 

Celso Ferreira, que deixa agora a câmara por limite de mandatos, deixa um concelho melhor ou pior do que há 12 anos?

Sem dúvida alguma muito melhor. Ainda recentemente falava com um médico, do qual sou paciente, que reside no Porto e lecciona na Cespu, que teve de vir ao Tribunal de Paredes e disse-me que não reconhecia o concelho, que estava muito diferente. O concelho, está de facto, completamente diferente e para melhor, seja em infra-estruturas viárias, seja na área da educação ou na área do desporto. Se me perguntar se há muito para fazer, há, sem dúvida. Mas o balanço, na minha óptica, destes 12 de governação, é, efectivamente, positivo.

Não sou, de forma alguma, o benjamim ou o delfim do Celso Ferreira. Sou uma pessoa que o sucede num ciclo diferente.

Sente-se um sucessor de Celso Ferreira, como ele próprio apontou durante o jantar de apresentação da sua candidatura?

Alguém que vem a seguir a outro é sempre um sucessor. Não tem é que ser igual a ele. Se me perguntar se me considero igual ao Celso Ferreira? Não, de modo algum. Sou muito diferente do Celso Ferreira, do Granja da Fonseca, do Jorge Malheiro. O tempo o dirá, mas acho que vou ser melhor. Não sou, de forma alguma, o benjamim ou o delfim do Celso Ferreira. Sou uma pessoa que o sucede num ciclo diferente.

 

Mas admite que foi Celso Ferreira que o indicou como candidato?

Admito que sim. Mas não foi ele que escolheu. Foi o partido que me escolheu numa eleição e num processo difícil, mas muito participado. Não é normal, numa eleição para uma comissão política, haver uma participação de mais mil eleitores. Acho que isso fala por si. Essa eleição mobilizou os militantes e parece-me que isso, desde logo, mostra que não sou a escolha do Celso. É lógico que o Celso disse que se revia na minha pessoa. Isso deixa-me contente, como é óbvio. Se alguém olha para mim e diz que serei um bom candidato, é lógico que não posso deixar de ficar contente com isso, o que não significa que tenha de ser igual ao Celso.

O seu slogan de campanha é um “Novo Tempo”. Faz sentido dizer que vai iniciar um novo tempo e manter na sua lista, nos dois primeiros lugares, dois vereadores do mandato anterior?

Faz, por uma razão muito simples. Quando se muda um ciclo não significa que o que está para trás seja bom ou mau, que o que vem a seguir seja melhor ou pior. Há pessoas que nos marcam, que olhando para elas reconhecemos que gostávamos que participassem neste projecto. Não tenho dúvidas que o concelho inteiro reconhece quer na Hermínia Moreira quer no Manuel Fernando Rocha capacidades enormes para se manterem num projecto que se pretende novo.

 

Diz que não renega o passado, mas concorda com todas as escolhas feitas?

Não renego o passado. Faria tudo igual? Não, de forma alguma, mas isso é normal.

Dou-lhe um exemplo. Quando construímos uma casa, e liderar um projecto numa câmara municipal é construir muita coisa, é construir infra-estruturas, edifícios, é tomar decisões em termos de acção social, mas dando o exemplo da casa, construímos uma casa e andamos um ano a olhar para o projecto e achamos que é aquele o projecto da nossa vida, mas quando a casa está construída chegamos à conclusão que, se calhar, teríamos feito qualquer coisa de diferente. Tenho consciência que há muita coisa boa que foi feita. Mas se fosse eu a liderar a câmara municipal nestes 12 anos muita coisa teria sido feita de forma diferente.

Tenho uma forma diferente de ver o desenvolvimento do concelho.  

Se fosse presidente, como acabou de dizer, que projectos se teriam mantido e quais não teriam avançado?

O projecto da carta educativa teria mantido, possivelmente com nuances. É lógico que a carta educativa e a aposta forte na educação teria de ser forçosamente de ser mantida. Sabemos que educar os nossos jovens implica dar-lhes as ferramentas necessárias para que amanhã sejam mais capazes e tenham competências para mudar o concelho. A aposta na carta educativa foi boa e tê-la-ia mantido.

Tenho uma forma diferente de ver o desenvolvimento do concelho.

Se fosse presidente, como acabou de dizer, que projectos se teriam mantido e quais não teriam avançado?

O projecto da carta educativa teria mantido, possivelmente com nuances. É lógico que a carta educativa e a aposta forte na educação teria de ser forçosamente de ser mantida. Sabemos que educar os nossos jovens implica dar-lhes as ferramentas necessárias para que amanhã sejam mais capazes e tenham competências para mudar o concelho. A aposta na carta educativa foi boa e tê-la-ia mantido.

Alguns dos nossos centros escolares, se tivesse havido mais algum tempo para ponderar quer a localização quer a sua concepção poderiam ter sido diferentes. Hoje não teríamos alguns problemas que estamos a ter, nomeadamente, na parte da componente térmica, da componente da proximidade de determinadas salas a outras salas mais ruidosas, na largura dos corredores, na ventilação das próprias salas, na necessidade que não existe satisfeita de ter espaços cobertos no exterior. A necessidade de apresentar candidaturas implicou que se tomassem algumas decisões mais rapidamente.  

 

Está a dizer que o acesso a fundos comunitários precipitou o processo?

O acesso a fundos comunitários precipitou, sem dúvida, o processo. Depois acabou por se alargar o prazo das candidaturas. Quando se tomaram decisões de uma forma mais precipitada, para conseguirmos os fundos comunitários, tiveram que se queimar etapas o que levou a que as decisões pudessem não ser as melhores. Nesse aspecto, teria feito uma aposta diferente.

No âmbito desta questão dos centros escolares, foi conhecido um relatório da OLAF, organismo europeu anti-fraude, que fala de fraude e falsificação de documentos em relação aos contractos de adjudicação de vários centros escolares do concelho e aponta a necessidade de a câmara municipal ter que devolver cerca de 8,4 milhões de euros. Está preocupado com isso?

Acho que é preciso desmitificar essa questão. Havia um prazo curto para se apresentarem as candidaturas, já com os projectos aprovados e com as obras adjudicadas. Na altura, houve necessidade de avançar com projectos sem saber sequer onde o centro escolar ia ser implantado. Teve de se apresentar o projecto e a obra para execução da infra-estrutura sem estar agarrada ao projecto de arranjos exteriores. Isto levou a que, depois, o organismo de luta anti-fraude da União Europeia viesse dizer que houve fraccionamento de despesa. 

Acho que, dentro de algum tempo, se virá a perceber que o que aconteceu não foi, de forma alguma, uma tentativa de alguém se enriquecer.

Foi, de facto, a necessidade de ultrapassar determinados procedimentos que, na minha óptica, não são ilegais, até porque o próprio Governo, na altura, liderado por José Sócrates, veio, num momento posterior, para que fossem tomadas decisões rápidas, permitir que houvesse ajustes directos em todos os procedimentos necessários para a contratação de centros escolares, no país inteiro.

De facto, houve alterações que foram feitas nos projectos, por força da sua implantação num terreno diferente daquele que estava inicialmente previsto. Isto levou a que houvesse, não digo irregularidades, mas precipitação por parte dos serviços técnicos no sentido de visarem rapidamente o que tinha sido feito e remeter para comparticipação.

 

A pergunta era se estava preocupado com a possível devolução de dinheiro.

Não estou. Creio que o relatório que foi feito pelo OLAF é um relatório que não tem pés nem cabeça. O relatório na sua elaboração, inclusive, vai buscar algumas argumentações que estavam na queixa que foi apresentada. Não apresenta factos, apresenta insinuações. Um relatório não pode apresentar insinuações. Tem de demonstrar evidência e não demonstrou. Parece-me a mim que a própria decisão já está eivada, não quero dizer de ilegalidade, mas já não tem sustentação. A prova disso é que a câmara apresentou um recurso hierárquico e já houve uma proposta de decisão que não nos foi dada a conhecer que está para ser tomada há cerca de quatro meses. Inclusive, apresentamos uma acção no tribunal administrativo competente e não tenho nenhuma dúvida que vai ser julgada procedente.

Acredito que a câmara não vai ter de devolver verba alguma

Acredita que a câmara não vai ser obrigada a devolver este dinheiro?

Acredito que a câmara não vai ter de devolver verba alguma.

 

Diz que não quer ser um candidato de promessas mas já fez algumas. Compromete-se a oferecer os manuais escolares a todos os alunos do concelho até ao 12.º ano e a alargar o número de bolsas de estudo e aumentar o seu valor. Sabe quanto é que isto vai custar à câmara?

Sei quanto vai custar e sei aonde é que vou cortar na despesa.

Mas há uma diferença entre um compromisso e uma promessa. Uma promessa é algo que dizemos que vamos fazer, mas que pode ou não ser feita. Não sou esse candidato. Assumo compromissos e o compromisso que assumi com a população de dar os manuais escolares vem na continuidade do que dizia, que concordo plenamente com aquilo que foi feito da carta educativa.

Acho que temos bons centros escolares, com defeitos que vão ser corrigidos, e que importa, agora, apostar nos alunos. Temos consciência que o que pretendemos no futuro é haver a retoma e o empréstimo de manuais nos anos seguintes porque relativamente aos cadernos a actividades não vamos pedir que os devolvam, nem vamos condicionar a devolução ao pagamento. Se eventualmente o manual não puder ser usado por alguém que vem a seguir, vamos adquiri-los de novo. Isto terá um impacto no orçamento da câmara na ordem dos 280 a 300 mil euros por ano.

Os manuais escolares não são promessa, são compromisso. Vai ser já cumprido em Janeiro de 2018 quando vai ser devolvido aos pais o dinheiro que desembolsaram pelos manuais. Basta guardar a factura.

Os manuais escolares não são promessa, são compromisso. Vai ser já cumprido em Janeiro de 2018

Vai oferecer a todos os alunos ou tendo em conta os rendimentos do agregado familiar?

Será para todos, por uma razão simples. Nos centros escolares não entra só quem é pobre ou quem é rico. Entram todos os alunos. Acho que não devemos diferenciar.

É óbvio que esta medida irá beneficiar camadas ou franjas do nosso eleitorado que tem capacidade financeira suficiente para adquirir os manuais, mas temos outras formas de compensar os que são menos providos em termos de capacidade económica que serão as tais bolsas escolares.

 

Em que montante serão alargadas e quanto vai investir nisso?

As bolsas de estudo que pretendemos dar têm duas nuances. Umas serão bolsas mérito e as outras vão apoiar os agregados familiares que têm mais dificuldades económicas.

Isso vai custar muito pouco. Estamos a dar cerca de 25 mil euros em bolsas de estudo. Se duplicarmos esse montante estamos a falar de 50 mil euros. Não tem um impacto significativo no orçamento da câmara.

Se me perguntar onde vou buscar esse dinheiro é muito fácil. Ainda não sou presidente nem decisor, sou um gestor, mas já propus algumas coisas, preparando o terreno. Propus o lançamento de um procedimento, que foi aceite por unanimidade na câmara municipal, e estamos a avançar com um projecto de eficiência energética. Vamos alterar a totalidade das luminárias do concelho e passá-las para tecnologia LED e isso tem uma poupança na ordem dos 40 a 60%. É lógico que não vamos ter esta poupança logo no início, mas acredito que vamos ter um nível de poupança na ordem dos 25 a 30%.

Para quem gasta dois milhões com a iluminação pública facilmente verá que os manuais escolares estão pagos porque a poupança vai ser a ordem dos 600 mil euros/ano.

Outra das suas promessas passa por baixar o IMI para o mínimo e isentar as empresas de derrama, ao mesmo tempo que diz que quer pôr as contas em dia. Como é que se baixa a receita e se consegue abater a dívida ao mesmo tempo?

Acho que as contas já estão em dia. A única coisa que não está do meu agrado é o prazo médio de pagamentos, embora baste olhar para o Anuário Financeiro das Autarquias Locais, e ver que o município de Paredes é dos que tem vindo a diminuir o prazo de pagamentos.

Mas também surge como um dos que tem mais dívida…

Isso é relativo. Há muitas formas de olharmos para o copo. Ou está meio cheio ou está meio vazio. E nesse documento também surge como um dos municípios que mais abateu à dívida. A dívida deve ser olhada nestes moldes: Qual foi o valor do investimento que foi feito nos últimos 12 anos? Para quem apresentou um investimento na ordem de mil milhões nos últimos 12 anos e tem uma dívida de 49 milhões de euros, acho que o resultado não é mau.

A dívida da câmara não me preocupa neste momento. Está acomodada.

Os investimentos feitos justificam a dívida?

Em alguns casos sim. Se tenho um emprego fora de Paredes e não tenho forma de me deslocar para lá vou comprar um automóvel. Se não tiver como o comprar a pronto vou financiar-me e ficar a pagar. O investimento justifica a dívida. Se tiver à espera, uma vida inteira, para ter dinheiro para fazer uma casa, se calhar, nunca vou ter a casa.

A carta educativa justifica a dívida, assim como infra-estruturas viárias a justificam, como as zonas industriais. Basta ver que, por força do alargamento das zonas industriais, conseguimos ter uma captação de investimento que não tem comparação com o que está a ser feito pelos municípios vizinhos.

Se gostava de em vez de ver 49 milhões de euros de dívida ter 20 milhões, ou até menos, claro que sim. Mas a mim a dívida da câmara não me preocupa neste momento. Ela está acomodada. Não se deve a fornecedores mas à banca, com taxas de juro ínfimas. Renegociamos alguma dívida. Somos um dos municípios que deixou de estar sob a vigilância da Direcção-Geral da Administração Local devido ao PAEL. Descemos ao nível que nos permite gerir de uma outra forma sem termos um supervisor.

Aquilo que pretendemos no futuro, em termos de orçamento, é fazer com que as nossas receitas sejam suficientes para que haja investimento e que se consiga amortizar a dívida, gradualmente, para que não necessite de ter uma taxa de IMI, como temos, de 0.4%. Este acréscimo que houve de taxa de IMI foi pura e simplesmente para pagar a dívida, quer do PAEL quer do saneamento financeiro.

Não fui eu que contraí a dívida. Mas fui eu que encontrei, juntamente com os demais políticos da câmara municipal, as soluções técnicas, jurídicas e financeiras para que a dívida pudesse ter este decréscimo

Nos últimos anos era a sua função gerir as finanças da autarquia e o PS acusa-o de também ser responsável por esta dívida. Sente-se responsável por esta dívida?

Custa-me um pouco que a oposição, ou o candidato da oposição, me apelide de tesoureiro do Celso. Primeiro porque um tesoureiro é uma pessoa como outra qualquer. Depois porque sou director de um departamento que tem a área jurídica, administrativa e a área financeira. Não sou tesoureiro. Mas temos duas tesoureiras na câmara e elas não gostariam de ver alguém a apelidá-las com um termo depreciativo.

Relativamente à dívida, há uma quota-parte de responsabilidade que é minha, a parte da descida. Não é de modo algum correcto que venham dizer que a dívida que a câmara contraiu que é da minha responsabilidade. Sou um gestor. Não fui eu que decidi se ia fazer esta ou aquela obra, se para fazer essa obra era necessário contrair este ou aquele empréstimo, se iriamos pagar a médio, longo ou curto prazo. Não há responsabilidade minha. Não fui eu que contraí a dívida.

Mas fui eu que encontrei, juntamente com os demais políticos da câmara municipal e com os demais decisores, as soluções técnicas, jurídicas e financeiras para que a dívida pudesse ter este decréscimo. Nessa parte, não tenho problema em dizer que há uma quota-parte de responsabilidade minha. O maior partido da oposição sabe perfeitamente disso, até porque, o candidato do PS, há dois ou três anos atrás, por várias vezes disse na reunião de câmara: “Se a informação vem do Dr. Rui Moutinho já estou descansado”. Se nessa altura ele confiava naquilo que era a minha capacidade técnica, acho estranho que tenha deixado de confiar a partir do momento em que passei a ser candidato à presidência da Câmara de Paredes.  

A dívida é de 102 milhões de euros como diz o PS?

Não, a dívida é inferior a 50 milhões de euros. Para tudo é necessário sermos sérios e na política temos, também, de ser sérios e não vale tudo. O candidato do PS tem uma obrigação nesta matéria. Ele é revisor oficial de contas e tem a obrigação de não enganar as pessoas misturando aquilo que é dívida com aquilo que é passivo. A dívida é inferior a 50 milhões de euros e ele sabe disso. A prova é que todos os anos fazia uma análise do Anuário Financeiro das Autarquias Locais, um trabalho que é feito por gente credível, e que este ano veio demonstrar que o município de Paredes tem uma dívida abaixo dos 50 milhões.

Mas o passivo é de 102 milhões de euros?

O passivo é de 102 milhões de euros. O que é que entra no passivo? Se tiver uma acção judicial que demanda à câmara municipal pagar uma indeminização tem que se criar uma provisão para se, eventualmente, o município vier a ser condenado naquela acção. Isto vai para o passivo. A parte das amortizações dos edifícios vai para o passivo. Isto não é uma despesa. Vão para o passivo um conjunto de coisas que não são despesa e muito menos dívidas. Isso seria uma discussão do que é falar de contabilidade pura e dura. Mas o cidadão não está interessado nisto. O cidadão quer saber o que é que foi feito e quanto é que se deve. O que se deve são 49 milhões de euros.

Mas o que é facto é que a Câmara de Paredes continua a ser uma das que tem o passivo mais elevado e demora ainda, em média, 127 dias a pagar a fornecedores. Se for eleito, como é que pretende reverter esta situação? Quais as suas metas?

Ao descermos o prazo médio de pagamento estamos a ganhar dinheiro por uma razão simples: qualquer fornecedor que queira vender à câmara seja o que for, se sabe que vai receber no dia a seguir ou no mês seguinte apresenta-nos um preço, se vai receber a 30 dias, 60, 90 ou 120 dias, é lógico que começa a pensar que a sua margem de lucro tem de ser superior para se financiar e para poder fornecer.

Queremos pagar num prazo médio nunca superior a 90 dias

O que queremos é pagar num prazo médio nunca superior a 90 dias. Estamos próximos, mas ainda não chegamos aí. O que pretendemos fazer é começar a pagar as facturas mais antigas para que consigamos equilibrar a balança. Trata-se, no fundo, de uma exigência da própria lei que é a Lei de Compromissos e Pagamentos em Atrasos que não permite assumir um compromisso se não tiver fundos para o pagar.

O PS continua a fazer imensas propostas porque sabe que não vai ter de as cumprir.

Estas promessas, nomeadamente a oferta de livros escolares e a descida de IMI para o mínimo, já tinham sido apresentadas pelo PS que o acusa de copiar o programa eleitoral do partido. Admite que copiou?

Não, de forma alguma. Lançava um desafio aos eleitores que era o de consultar as actas da câmara municipal, porque é lá que se fazem propostas. Se não quiserem consultar todas as actas, analisem aquelas que são as actas em que há deliberações relacionadas com o Plano e o Orçamento para cada um dos anos.

Não estou a ver onde é que a oposição apresentou propostas para o concelho, fosse em matéria de manuais escolares ou em termos de IMI. É lógico que o PS, já há muito tempo, dizia que a taxa de IMI devia ser a mínima, mas uma coisa é saber que é possível descer a taxa de IMI outra coisa é dizer ao eleitorado, para agradar, que quero a taxa no mínimo, mesmo sabendo que não vou conseguir. O PS continua a fazer imensas propostas por uma razão simples, porque sabe que não vai ter de as cumprir. A questão do pagamento dos medicamentos a pessoas com mais de 65 anos é uma proposta de alguém que sabe que não vai governar. Se soubesse que ia governar nunca faria uma proposta destas porque é irrealizável.

Dou um exemplo. O candidato do PS chegou a Vilela e disse que, se fosse presidente da câmara, tirava a gestão do pavilhão à Junta de Freguesia e que entregava aquilo ao futsal, esquecendo todas as outras modalidades. São coisas destas que mostram que a pessoa quer agradar a todo o custo. Dou outro exemplo, aqui em Paredes. Sabemos que existem problemas de mobilidade e temos de fazer alguma coisa na nossa avenida. Mas não é correcto entrar-se numa loja e ouvir um comerciante a dizer que a avenida devia ter dois sentidos e ele dizer: “É exactamente, isso que vou fazer”. Entra na outra loja e o comerciante diz: “isto devia manter-se só com um sentido, mas arranjar forma de os passeios estarem no outro lado” e ele diz “É exactamente isso que vou fazer”. Isto não é sério. Ou temos ideias ou vendemos ilusões. Não sou um ilusionista, de todo.

Como é que avalia o trabalho do PS, enquanto oposição, nos últimos quatro anos?

Os decisores são tão ou melhores decisores quanto maior for a exigência dos seus eleitores. Leccionei gestão autárquica durante 10 anos, e durante um período defendia um órgão executivo nas autarquias locais monocolor. Depois fui mudando de opinião, porque acho que ter uma oposição num órgão executivo fará algum sentido para que não tomemos decisões sem pensar.

Infelizmente, o que tem acontecido nestes anos, em que assisto a todas as reuniões de câmara, é que o PS não faz oposição. A única coisa que faz é sentar-se numa reunião de câmara, entrar mudo e sair calado. Não faz propostas sérias para o concelho.

Se alguém que foi vereador durante oito nunca apresentou uma proposta séria, não posso avaliar positivamente o seu trabalho enquanto oposição.

O PS não faz oposição. Não faz propostas sérias para o concelho.

Está a dizer que o PS não está preparado para liderar a autarquia?

Acho que não. Alguém que quer ser presidente da câmara deve saber quais são as competências da câmara municipal.

Alguém que faz promessas em áreas que não são competência da câmara municipal significa que ou não está preparado ou sabe o que está a dizer e quer enganar. O PS que tem feito propostas, e continua a fazer propostas, que são irrealizáveis.

Alguém que é candidato e que oferece lugares a tudo e a todos, que já tem promessas para três pessoas para serem chefe de gabinete, que eu saiba só pode haver um, que já prometeu a um presidente da junta que vai ser o chefe de obras, embora eu não conheça essa figura no seio da administração pública, leva-nos a pensar que, de facto, não estão de todos preparados para serem poder na câmara municipal e na maioria das juntas de freguesia.

Ainda no âmbito das suas propostas falou em alargar as zonas empresariais. Está a falar das que já existem ou na criação de um novo espaço?

Paredes tem uma vantagem relativamente a alguns municípios, a proximidade com três vias rápidas, a A41, A42 e a A4. Isso permite captar empresas porque facilmente chegam aos seus destinos, aos locais onde podem exportar os seus produtos. Esta é uma das razões que têm levado a que muitas empresas se localizem em Paredes, embora, também, com o trabalho da câmara.

Quando falo das zonas industriais e do apoio aos industriais não me centro só em matéria tributária. Não conseguimos atrair as empresas só porque não vão pagar derrama ou IMI durante cinco anos ou porque vão estar isentas do pagamento do IMT. Isto não é suficiente. Os municípios competem entre si. Não tenho dúvidas que o concelho de Paredes compete com os de Penafiel, Paços de Ferreira, Lousada, Valongo…

Há muitas formas de captar empresas para cá e isso não pode estar dissociado de todo o resto. É preciso dar condições a quem vem para cá trabalhar. Há zonas industriais que podem ser expandidas, nomeadamente a de Parada/Baltar, e estamos com um projecto com a Parque-Invest em que vamos tentar que a totalidade dos prédios passe a ser propriedade do município. Não ponho de parte a hipótese de se criarem novas zonas industriais, sendo certo que há áreas no concelho onde uma zona industrial não será bem-vinda, como Aguiar de Sousa ou Sobreira, que têm uma potencialidade diferente. Em Vandoma e Vilela já faz sentido.

Temos de olhar para o concelho e perceber como é que o vamos desenvolver. Há aqui uma questão que é primordial, temos que olhar novamente para o PDM, para o planeamento urbanístico do concelho e pensar como queremos que cresça. Quando se olha para a cidade de Paredes, as sete freguesias agregadas, há muita coisa que falta fazer e que fez com que o concelho perdesse alguma vitalidade nesta vertente.

Se para renegociar [a concessão de água e saneamento] tivermos de aumentar o prazo da concessão ou comparticipar parte do investimento com certeza que o faremos

Paredes tem ainda muitas famílias sem acesso à rede de água e saneamento. Se for eleito, o que pretende fazer para mudar essa situação?

Passa, eventualmente, por renegociar o contrato. De certeza que não é com recurso a fundos comunitários, como promete o PS, porque não há fundos comunitários para esse fim. É necessário, também, aí sermos sérios.

Para o bem e para o mal concessionamos esse serviço público e temos de lidar com ele até ao fim do contrato. Não temos capacidade financeira para terminar este contrato.

 

Quanto é que isso custaria?

Custaria na ordem de 80 a 90 milhões e o município de Paredes não tem capacidade de endividamento para o efeito, neste momento.

 

Estão reféns da concessionária?

Não estamos reféns. Temos é que tomar decisões conjuntamente com a concessionária, nomeadamente renegociar o plano de investimento. Não faz sentido dizer que tenho que executar esta obra num prazo de quatro, cinco ou seis anos, mas não saber se é exequível. Ou se é exequível mas com aumentos brutais do preço da água. Queremos que o preço da água se mantenha, ou melhor, queremos que não suba, e, para isso, temos de renegociar o investimento. Se para renegociar tivermos de aumentar o prazo da concessão ou, eventualmente, comparticipar parte do investimento, nomeadamente o custo dos ramais, com certeza que o faremos. É por aqui o caminho.

O PS está a prometer baixar o preço da água. É exequível?

O preço da água está indexado àquilo que é a venda da água em alta. Não temos captações próprias. Compramos a água a entidades terceiras. O PS ao dizer isso está simplesmente a querer agradar. Acho que o PS deveria ser um pouco mais sério. O PS é poder numa freguesia onde a junta de freguesia, que fornece a água, aumentou o preço da água, contrariamente a uma proposta que foi apresentada pelo PSD em que estavam previstos escalões diferentes, de forma a não ter impacto negativo nos consumidores.

Na política não vale tudo. Só assumo um compromisso quando sei que o vou cumprir. Poderia dizer muita coisa que sabia que ia valer votos. Se dissesse que vamos alargar a rede de saneamento no primeiro mandato, se dissesse que vamos descer o preço da água. Mas é necessário saber se o podemos fazer. O PS nem sequer fez contas, não sabe quanto custa o preço da água em alta.

Só assumo um compromisso quando sei que o vou cumprir

Depois da reaquisição do Estádio das Laranjeiras já disse que pretende transformar o Pavilhão Gimnodesportivo de Paredes num pavilhão multiusos capaz de receber grandes eventos culturais e desportivos. Quanto poderá custar esse projecto?

Dar vida a uma cidade não passa só por ter festas para a juventude, passa por ter eventos e por fazer com que o comércio tenha clientela. Temos consciência que o pavilhão de Paredes, apesar dos anos que já passaram desde o seu nascimento, ainda está actual. Aquilo que tenho em mente para lá, para ficar algo que dignifique a cidade e que permita ser um multiusos e não um mero pavilhão para actividades desportivas, rondará os 2,5 milhões e três milhões de euros.

 

E o restante espaço?

Quando fala do restante espaço fala do Estádio das Laranjas e daquela parte mais abaixo que está pavimentada. Mentir-lhe-ia se lhe dissesse que já tenho projecto completo para toda a zona envolvente. Posso garantir que para a habitação não é de certeza.

Houve uma petição que pedia que aquilo se mantivesse como espaço desportivo para uso das escolas. Poderá ter esse fim?

É possível. Temos de pensar que Paredes tem uma das piscinas mais obsoletas do concelho. Já foi boa, mas o seu prazo de vida útil já está no fim. Falo da piscina coberta e temos que pensar seriamente em reformulá-la por completo ou fazer uma nova.

É um facto que o Estádio das Laranjeiras tem capacidade, tem apetência para ali ter campos que permitam uma prática desportiva de apoio à escola, mas não é um projecto findo. Não gostava de dizer que vou fazer isto…O decisor deve auscultar a opinião pública. Não quero fazer algo em que a população não se reveja.

 

Faz sentido continuar a investir numa cidade desportiva fora do centro da cidade?

Faz sentido aproximá-la do centro e aproximá-la do centro é melhorar os acessos. Vai começar a ser feita a rotunda de acesso ao campo e à cidade, já foram criadas mais-valias com os novos sintéticos, e a construção do balneário já se iniciou.

Podemos fazer com que as pessoas sintam que ali vai ser novamente a casa do União de Paredes. Compreendo algum desalento dos sócios do União Sport Clube de Paredes quando deslocalizaram o seu clube, porque estava fora daquilo que era os limites da cidade e o acesso não era fácil. Creio que o União Sport Clube de Paredes dentro de, o máximo, quatro anos vai ter orgulho naquela casa.

Não renego o passado, mas não sou igual ao Celso Ferreira

Qual é o seu projecto para o realojamento da comunidade cigana?

O realojamento da comunidade cidade tem que ser feito para que as pessoas sintam que não foram colocadas num gueto. O projecto que está elaborado é um projecto credível que ainda não avançou porque foi necessário desclassificar o uso do solo para onde se pretende levar as casas dessas pessoas. Penso que será concretizável no próximo mandato. Só peço a esses cidadãos que acatem aquilo que são as formas de viver do resto da sociedade paredense.

 

Tem medo de criar um novo gueto noutro local?

Não quero criar um outro gueto. Acho que é importante que as pessoas que vão ser realojadas sintam que aquela é a sua casa, partilhando connosco alguns projectos, fazendo com que elas sintam que não estão a ser colocadas fora da sociedade, que não são cidadãos de segunda.

 

Tem sido apelidado, frequentemente, sobretudo nas redes sociais, de “paraquedista”, de “ilusionista” e de “tesoureiro do Celso”. Isso incomoda-o? Teme que o prejudique nas urnas?

Começando pelo paraquedista. O termo começou por ser depreciativo, mas as pessoas já perceberam que é a modalidade desportiva que pratico, portanto, essa parte está arrumada.

O ilusionista, sinceramente, não sou eu que vendo ilusões. Só me chamar ilusionista para pura e simplesmente dizer “este é igual ao Celso Ferreira a quem chamamos ilusionista e com isso conseguimos ter um resultado agradável em 2013”. Isto é potenciar ao máximo a colagem que querem fazer da minha pessoa à pessoa do anterior presidente da câmara. O PSD fez muitas coisas boas no concelho de Paredes. Sou social-democrata, não renego esse passado, mas não sou igual ao Celso Ferreira. Sou uma pessoa que vem num tempo diferente, com ideias diferentes. Não sou ilusionista nem faço promessas que não posso cumprir.  

Acredita na vitória?

Acredito.

 

Se não vencer com maioria está disponível para trabalhar com outros partidos/candidatos como o CDS-PP ou Raquel Moreira da Silva?

Não coloco sequer esse cenário. Quando assumi o cargo de presidente da Comissão Política do PSD Paredes, as eleições estavam perdidas, por todas as razões. Havia um partido que não estava propriamente unido, havia uma onda de vitória no PS pelo facto de o PSD ter tido um mau resultado em 2013 e também porque o PSD se tinha habituado a ganhar eleições só vestindo a camisola cor de laranja.

Nesse momento, as eleições estiveram perdidas e as sondagens que foram feitas eram negativas para nós. Temos consciência daquilo que temos vindo a fazer, temos um partido unido, temos o empenho de todos os presidentes de junta, que acreditam no meu trabalho e no meu projecto. Por aquilo que temos visto, no dia-a-dia, no contacto com as pessoas, e acreditando nas sondagens, que valem o que valem, não tenho dúvidas de que vamos ganhar as eleições.

 

Teme que a candidatura de Raquel Moreira da Silva roube votos ao PSD?

Não queria pronunciar-me sobre candidaturas que não me merecem credibilidade. A candidatura da Raquel não é uma candidatura de projectos nem de ideias. A candidatura da Raquel é movida por uma única intenção, derrotar o PSD. Se houvesse um projecto credível, uma ideia, uma ideologia para pôr em prática, acreditava nessa candidatura.

Se me pergunta se vai ser perniciosa para o PSD. Não, de certeza. Porque as pessoas sabem quem é a Raquel e quem tem projectos para o concelho.

 

Num cenário em que não vença com maioria e em que a Raquel Moreira da Silva seja o fiel da balança, está disposto a trabalhar com ela?

Terei que trabalhar, forçosamente, porque isso significaria que teria sido eleita. Terei que trabalhar com todos.