O CDS tem uma história em Paredes e é essa história que José Miguel Garcez se propõe recuperar.

O candidato do CDS à Câmara Municipal de Paredes garante que o concelho tem vindo a perder a dinâmica e protagonismo que tinha alcançado quando o CDS governou a autarquia e era “o número um do Vale do Sousa”.

Discorda da integração na Área Metropolitana do Porto e diz que ainda não viu nenhuma vantagem para o concelho depois da adesão. Promete auditorias a todos os processos que levantam suspeitas e desde logo às contas do município e ao contrato de concessão de água e saneamento. E promete lutar pela descida do preço da água em Paredes.

José Miguel Garcez garante que a população está cansada de falsas promessas e sustenta que o CDS vai trazer mais rigor e transparência, quer seja poder ou oposição.

O único “voto útil” de quem está descontente com as políticas do PSD é no CDS, acredita. Por isso, as expectativas do partido passam por eleger dois vereadores, mais representantes na Assembleia Municipal e conquistar juntas de freguesia.

Quem é José Miguel Garcez e o que o levou a aceitar ser candidato à Câmara de Paredes?

O José Miguel Garcez é um filho desta terra que vive aqui e já participou na vida activa e cívica do concelho de Paredes. Pertenci aos escuteiros, já joguei hóquei e estive envolvido em várias associações. Aceitei ser candidato por um dever cívico e porque o CDS achou que tínhamos de fazer alguma coisa para salvar o concelho de Paredes. O meu nome foi votado na comissão política por unanimidade. Face a esta realidade tive de aceitar. Depois houve várias forças e energias vivas no concelho que me pediram para me candidatar porque era necessário que o concelho tivesse alguém jovem e com energia. Alguém que fosse transparente, que conseguisse trazer o rigor ao concelho de Paredes.

Não nos esquecemos da nossa história e há seguramente uma pessoa em cada família do concelho de Paredes que já votou no CDS.

Acredita que a população se lembra dessa história?

Enquanto o CDS foi governo e esteve no executivo da câmara municipal, Paredes era um concelho de referência, era um concelho exemplo no Vale do Sousa. Neste momento, estamos a decrescer perante Penafiel, Lousada, Paços de Ferreira. Discordamos da entrada de Paredes na Área Metropolitana do Porto.

Preferíamos ser o número um do Vale do Sousa do que os últimos da Área Metropolitana do Porto. Sobretudo se isso nos trouxer de novo o que perdemos por ter saído, como as valências do tribunal, a proximidade com o IEFP, ou até mesmo a possibilidade de recorrer a fundos comunitários como zona mais desfavorecida ao invés de os perdermos por pertencermos à segunda zona mais desenvolvida do país, que é a Área Metropolitana do Porto.

Com Jorge Malheiro, uma referência do CDS que apoia esta candidatura, éramos os primeiros do Vale do Sousa. Tínhamos um concelho desenvolvido. As primeiras piscinas cobertas existentes no Vale do Sousa foram feitas em Paredes. O pavilhão gimnodesportivo era o único que existia para acolher eventos de cariz nacional e internacional.

Preferíamos ser o número um do Vale do Sousa do que os últimos da Área Metropolitana do Porto. Ser da Área Metropolitana do Porto, para já, não nos trouxe vantagens.

Defende a saída da Área Metropolitana do Porto? É um processo viável?

Mesmo que não seja viável, temos de recuperar o nosso orgulho. Temos de salvar o concelho. Ser da Área Metropolitana do Porto, para já, não nos trouxe vantagens. O que é que a Área Metropolitana do Porto nos trouxe? A gestão das Serras do Porto?

Mas não antevê nenhuma vantagem dessa adesão?

Neste momento, não consigo ver. Tenho falado com vários paredenses e o que sinto é que as pessoas identificam-se mais com a área do Vale do Sousa. Esta ideia de entramos na Área Metropolitana do Porto não foi pensada, não foi estruturada e não estamos, definitivamente, inseridos nela.

Que balanço faz da governação do PSD em Paredes nos últimos quatro anos? O concelho “parou no tempo”, como já disse?

A governação dos últimos quatro anos é calamitosa, por várias questões. O CDS entende que nenhum candidato consegue fazer promessas eleitorais se não responder a três grandes questões, que incidem nos últimos 12 anos da governação do PSD, para não dizer nos 24 anos.

Em nome da transparência e do bom nome do concelho, quando o CDS estiver na câmara municipal vai avocar imediatamente às reuniões do executivo municipal, todos os processos sob suspeita da opinião pública. Sem estas respostas, não pode haver seriedade de nenhum dos candidatos em prometer seja o que for.

Sabemos que engenharia financeira muitos sabem fazer. Não é por acaso que o director financeiro da câmara municipal foi escolhido como candidato do PSD.

Estas questões têm que ver com uma proposta do CDS que é realização de uma auditoria externa a toda a actividade da autarquia. Nenhum candidato se consegue comprometer com qualquer promessa enquanto não souber qual é a dívida real da autarquia e, neste momento, não sabemos. Temos uma ideia e também sabemos que engenharia financeira muitos sabem fazer. Não é por acaso que o director financeiro da câmara municipal foi escolhido como candidato do PSD.

À pergunta qual o balanço que faço dos últimos quatro anos respondo com outra pergunta: qual é o montante real gasto pela autarquia em projectos como Planet Valley, o Art On Chairs e a Cidade Desportiva e outras iniciativas da autarquia que tornaram o concelho de Paredes num dos mais endividados do país e com os piores de qualidade de vida para os seus habitantes? Paredes perdeu rumo, perdeu estratégia. Queremos saber quanto é que Paredes está a pagar por estas tonteiras e tolices da governação dos últimos anos. A Cidade Desportiva são meia dúzia de placas e uns pré-fabricados, uns caixotes, que são balneários.

O Art On Chairs não teve retorno para o concelho?

Não. Contactei com muitas empresas que desenvolveram as cadeiras e as empresas estão muito mal.

Até lhe digo mais, relativamente ao Art On Chairs, enquanto paredense achei a forma de publicidade desta iniciativa uma parolice. Santa Maria da Feira e Felgueiras ganham prémios internacionais e europeus na questão dos sapatos. Quando vou a Felgueiras e a Santa Maria da Feira não vejo sapatos pendurados nos candeeiros públicos. Por que é que em Paredes puseram cadeiras em todos os candeeiros. Ganhamos um prémio. Claro que temos de vender a imagem do concelho. Mas o que verificamos é que Paredes não se desenvolveu, não criou mais postos de trabalho, não aumentou as exportações das cadeiras. Não tem havido estratégia.

Mas além dessa auditoria externa a toda a actividade económica da câmara queremos promover uma inspecção por uma entidade externa, especializada em contratos de admissão de pessoal, avenças e passagem de contratados aos quadros da autarquia. Queremos saber se as contratações correspondem às necessidades efectivas de pessoal ou se estamos a falar de comissários políticos e clientelismo político. A neta do actual presidente da Junta de Freguesia de Paredes, por exemplo, acabou o curso e foi logo trabalhar para a câmara. O CDS está aqui para repor a transparência.

Está a dizer que os concursos não são transparentes?

Não estou a dizer que não são transparentes. O que quero saber é se as contratações correspondem às necessidades efectivas de pessoal. É diferente. Os paredenses estão cansados e sentem-se enganados por estes 24 anos de promessas falsas ou ilusórias que trouxeram Paredes da vanguarda da região para o mais profundo vazio e esquecimento. Queremos saber se houve ilegalidades nestas contratações. E só a partir daqui é que conseguimos construir o futuro. É importante arrumar a casa. A Câmara de Paredes não pode ser a maior empresa de empregabilidade do concelho.

A Câmara tem funcionários a mais?

É o que vamos saber através da inspecção. Parece-me que há funcionários a mais nos departamentos onde devia ter menos e noutros, que têm alguma carência, não tem.

 

Qual é o terceira questão a que é preciso dar resposta?

O terceiro eixo tem que ver com a água.

Os paredenses estão cansados e sentem-se enganados por estes 24 anos de promessas falsas ou ilusórias que trouxeram Paredes da vanguarda da região para o mais profundo vazio e esquecimento

Questão onde também já disseram querer uma auditoria.

Sim. Queremos uma auditoria realizada por uma autoridade independente e competente ao processo de atribuição e concessão dos serviços da água e saneamento. Aqui temos duas perguntas de proa: Quais as responsabilidades da autarquia e da empresa concessionária para o excessivo e brutal aumento do preço da água? Paredes tinha das águas mais baratas do país quando o CDS era executivo. Não podemos aceitar que no consumo doméstico, que é mais utilizado, a água tenha aumentando constantemente e seja agora uma das mais caras. Para o CDS isto é incompreensível.

A outra questão tem que ver se as empresas que têm gerido os serviços, nomeadamente a BeWater, cumpriram os pressupostos do caderno de encargos inscritos no contrato, designadamente no que concerne aos investimentos de expansão da rede de água e saneamento a que se obrigaram.

 

O CDS já recebeu resposta às questões que colocou à concessionária?

O CDS sabe que poderá estar a ser negociado, por debaixo da mesa, uma nova concessão em Paredes. O CDS já solicitou, há mais de dois meses, uma reunião com o conselho de administração da BeWater e, até agora, não temos resposta.

Caso haja nova concessão, o preço da água vai aumentar porque as empresas querem lucros rápidos.

Com o CDS o preço da água não pode nem vai aumentar. E vamos baixar o preço da água.

Com o CDS o preço da água não pode nem vai aumentar. E vamos baixar o preço da água.

A empresa não está a cumprir os investimentos de expansão da rede de água e saneamento?

É uma questão de analisar o concelho. Veja-se onde o saneamento e a água chegam. Independentemente de estar a cumprir ou não o pior é que o contrato foi mal feito. É fácil de ver que nem na freguesia de Paredes o saneamento chega a todas as casas.

 

Acha que a concessionária estará disposta a negociar?

Tem que estar. Não tem outra hipótese. A água é um bem essencial. É um bem de primeira necessidade. Iremos lutar com todas as nossas forças para que o preço da água baixe.

E a questão do saneamento, será uma prioridade para o CDS?

Obviamente. Estamos no século XXI. Isto não tem cabimento nenhum. Não vivemos no terceiro mundo. Nos últimos anos de governação do PSD, o investimento não tem sido igual em todas as freguesias. Muitos transmitem-nos que as freguesas deles são esquecidas. Lordelo foi o foco do investimento de um presidente de câmara que efectivamente não gosta de Paredes.

 

A Câmara de Paredes é a 21.ª com passivo mais elevado no país e demora, em média, 127 dias a pagar a fornecedores. Acha que o investimento feito justifica a dívida?

Temos de saber o porquê desta dívida. Não é justificável e, um bom exemplo disso, é a questão das Laranjeiras. Foi vendido por um valor, foi comprado por outro inferior e foi passada a imagem pelo actual executivo que foi um grande negócio, mas custou mais.

Não foi?

Claro que não foi. Custou mais. Porquê? Vendeu o complexo desportivo das Laranjeiras por um valor para esse valor ser investido na Cidade Desportiva. Pergunto aonde é que ela está? Não está. E pergunto aonde é que está o dinheiro do investimento? Também não está.

Também se gastou mais um milhão e quatrocentos para adquirir de novo o espaço, ou seja, temos de somar. Tem sido um desgoverno nas contas da câmara. Não há estratégia deste executivo para atrair investimentos. Houve falta de estratégia e não houve nenhuma linha orientadora para levar Paredes à vanguarda que era e ser um exemplo.

O dinheiro que está a ser gasto nestas eleições pelo PSD quase que dava para recuperar o complexo desportivo das Laranjeiras ou parte dele.

O CDS concorda com a compra deste espaço ou acha que não devia ter sido vendido?

As Laranjeiras nunca deviam ter sido vendidas por uma questão simples: há ali um conjunto de cerca de 4.000 jovens, junto das escolas que, neste momento, não têm nada. Está um vazio. Aquilo é um deserto. O complexo desportivo das Laranjeiras era o motor do desporto, da cultura, da socialização. O pavilhão tinha sempre gente, o futebol também levava muita gente. Estes jovens deixaram de fazer desporto porque não vão lá para cima, para Vila Cova, deixaram de jogar hóquei em patins porque têm que ir para Baltar. Ali havia o basquetebol, o futsal, o hóquei, a ginástica. A tradição do hóquei em Paredes, neste momento, está perdida. Estão a matar o concelho.

Mas temos que perceber se o PSD foi o único culpado nesta questão das Laranjeiras.

Quer dizer que o PS também foi?

É uma questão de ir analisar as actas da câmara. Quando participarmos da gestão autárquica vamos avocar imediatamente às reuniões do executivo municipal tosos os processos sob suspeita na opinião pública. Esta questão das Laranjeiras irá ser abordada. Vai além da compra e venda. Tem a ver com algumas responsabilidades políticas que os membros do executivo, tanto da esquerda como da direita, podem ter nessa matéria. Tem a ver com as alterações ao PDM que passavam aquela zona para zona de construção, se votaram favoravelmente ou não.

Mas não posso deixar de dizer que numa coisa o PSD tem muita lata. Foram eles que transformaram as Laranjeiras num cemitério e agora fazem lá as apresentações de candidatos como se nada fosse. Isto é enganar os paredenses. É atirar areia para os olhos dos paredenses.

O dinheiro que está a ser gasto nestas eleições pelo PSD quase que dava para recuperar o complexo desportivo das Laranjeiras ou parte dele.

 

O que é acha que devia ser feito no actual espaço das Laranjeiras? Já se falou num pavilhão multiusos.

O CDS defende que se deve reconstruir tanto o campo de futebol como o gimnodesportivo, manter as mesmas valências e trazer alguma coisa nova. Fazer um auditório, no piso exterior. Temos um projecto para isso, mas ainda estamos a estudar. Temos de solução, mas temos de saber se temos dinheiro para o fazer. Não sabemos qual é a real dívida da autarquia.

Mas queríamos trazer o desporto para Paredes, trazer as valências dos clubes e das associações que estavam envolvidas naquele complexo, e dotar aquilo com um auditório, já que em Paredes não se encontra um auditório para cima de 400 ou 500 pessoas. Depois a questão do campo de futebol, que poderia ser preferencialmente para o União de Paredes mas que teria de estar aberto para todos os clubes.

Pretendemos que o espaço volte a ter vida.

Não há transparência em Paredes. Queremos criar uma semana da transparência no concelho e fazer sessões de esclarecimento com toda a população onde esteja o presidente da câmara

Iriam continuar a investir numa cidade desportiva fora do centro do concelho?

Não se pode deitar fora o investimento que foi realizado, era preciso rentabilizar aquilo da melhor forma. Fazer uma Cidade Desportiva, um projecto megalómano como estava projectado, não.

 

Durante este mandato, uma das polémicas prendeu-se com a vinda a público de um relatório da OLAF, organismo europeu anti-fraude, que fala de fraude e falsificação de documentos em relação aos contratos de adjudicação de vários centros escolares do concelho e aponta a necessidade de a câmara municipal ter que devolver cerca de 8,4 milhões de euros. Acredita que existiram irregularidades?

Vamos querer apurar essas responsabilidades. Vamos avocar para as primeiras reuniões do executivo essa questão e apurar as responsabilidades criminais, se as houver, dos envolvidos.

É um processo altamente duvidoso. Há uma cativação de 6 milhões de euros no orçamento que vem no âmbito da multa que pode vir a surgir. Além do processo em si ser judicialmente mau, também nos coloca constantemente nas páginas da comunicação social, até a nível nacional. Paredes tem surgido em destaque pelos piores motivos. Temos de fazes estas auditorias. Também já questionámos a Câmara sobre a Rede Ambiente.

Já obteve resposta sobre se a Câmara de Paredes foi uma das investigadas pela PJ no âmbito da operação Ajuste Secreto, que envolve a empresa Rede Ambiente?

Não obtive resposta, mas as perguntas são simples. Enviamos um email, no dia 30 de Junho, há mais de dois meses. O que é que o CDS vai trazer para estas eleições? A transparência, que é o que está a faltar em Paredes. Não há transparência. Os últimos anos do executivo não têm sido transparentes. Queremos criar uma semana da transparência no concelho e fazer sessões de esclarecimento com toda a população onde esteja o presidente da câmara para responder a todas as questões que são levantadas.

 

Tem faltado diálogo com população?

Completamente. Veja as assembleias municipais. Aquilo definitivamente não ajuda ninguém. Aliás, ninguém percebe nada. O presidente dirige-a de uma forma que não é a melhor. As pessoas que vão lá vêem os partidos a debater e não têm vontade de lá estar, não percebem. Pretendemos fazer assembleias municipais diferentes. Com o CDS, as assembleias municipais vão ser abertas e comunicadas. Neste momento, as assembleias municipais são pouco divulgadas, quase ninguém sabe quando é que elas são. Queremos que as pessoas estejam presentes.

As pessoas não têm noção, por exemplo, que a CDU andou a votar, muitas vezes, ao lado do PSD. Tem que haver alguma vantagem para a CDU para votar estas questões do orçamento.

Já falamos do trabalho do executivo PSD. E a oposição, soube fazer o seu trabalho? Já acusou Alexandre Almeida de não apresentar propostas…

A oposição deveria saber que estas denúncias não devem ser feitas apenas à comunicação social, mas às instâncias próprias. Esta oposição, muitas vezes, votou favoravelmente questões que, se calhar, agora se arrepende de ter votado.

O CDS é um partido que sabe governar e bem, mas, também, sabe fazer oposição e bem. Muitas destas questões que foram, provavelmente, votadas a favor pela oposição, como as alterações ao PDM e a questão das Laranjeiras, teriam uma postura diferente por parte do CDS. Iremos fazer uma oposição séria, rigorosa, transparente. Estamos aqui para representar todos os paredenses.

Iremos fazer uma oposição séria, rigorosa, transparente. Estamos aqui para representar todos os paredenses.

Mas houve propostas?

Desconheço-as.

 

Acha que faltou esse papel de apresentar alternativas?

Obviamente. Não houve uma oposição. Apesar de sabermos que o executivo não é muito bom, a oposição também não soube estar à altura. Alias, veja-se a que chegou o concelho de Paredes e veja-se a oposição soube fazer alguma coisa para travar isso.

 

Acredita que quem for eleito vai passar um mandato a pagar dívida ou vai ser possível continuar a investir?

Um mandato para pagar dívida? Isto vai ser uns anos largos para pagar a dívida. Mas há ideias que não custam dinheiro e o CDS tem ideias que não custam muito dinheiro e que estão a fazer falta ao concelho.

A execução imediata das obras nos centros escolares que apesar de novos revelam erros estruturais de construção que impedem o decurso normal das aulas, nomeadamente no que concerne à climatização das salas e as condições dos espaços de recreio. São coisas simples, assim como o rigor e a transparência na contratação de pessoas para a câmara.

Queremos apoiar todas as associações de cariz social, cultural, recreativo e desportivo mediante a apresentação dos seus planos de actividade e orçamentos, garantindo aos eleitores a transparências da actividade do município e das associações. A câmara tem de apoiar as associações, dar os meios necessários, porque são estas que têm o primeiro contacto com a população. São estas que sabem identificar os mais desfavorecidos, os que têm os maiores problemas familiares. Tem que se dar autonomia às associações para minimizar a pobreza que existe no concelho.

Temos de ser a capital, ou essa capital tem de ser dividida com Paredes, porque a indústria do mobiliário em Paredes é muito importante.

É aí que se insere a ideia do CDS em criar um fundo de solidariedade?

O fundo é para os casos de emergência e de apoio das famílias mais necessitadas. Há muita gente a passar fome em Paredes e há muita gente que não tem essa noção. O CDS sabe porque está junto dessas associações. Pergunto: como é que é possível investir milhões no Planet Valley, na Cidade Desportiva, no Art On Chairs e haver pessoas que continuam a passar fome em Paredes? Haver pobreza extrema? Não pode ser possível. Não vivemos no terceiro mundo.

 

Está a dizer que todo o investimento que a câmara tem divulgado em termos de acção social não é suficiente e não está a chegar às pessoas?

Não chega a todas. Aliado a isso, a questão do desemprego que é altíssimo em Paredes. A câmara não tem feito nada para desenvolver iniciativas e actividades e incentivar as empresas a contratar, dinamizar o concelho. Há famílias que estão todas desempregadas.

Outra medida fundamental passa criação de uma rede municipal de creches, com horários prolongados para facilitar a vida dos pais no plano familiar. Neste momento, não existe isso. As aulas acabam às 16h30 ou às 17h30.

Também queremos apoiar a construção de centros de dias para acolher idosos de todo o concelho, ajudando a minimizar o problema da solidão e dar apoios efectivos à internacionalização das empresas de mobiliário.

Não tem havido apoio à indústria do mobiliário no concelho?

É uma vergonha. Somos a Rota dos Móveis… Há a Capital dos Móveis e há a Rota. Temos de ser a capital, ou essa capital tem de ser dividida com Paredes, porque a indústria do mobiliário em Paredes é muito importante. Estes apoios, se existem não são conhecidos e têm sido mal dados. Tem de haver uma linha condutora e uma lógica para este investimento. Não pode ser feito às três pancadas. Não é pôr cadeiras e colocar panfletos em todos os candeeiros em Paredes que vai dinamizar a internalização do mobiliário.

 

Como é que espera trazer um centro universitário para a sede do concelho para revitalizar a economia local, uma das suas promessas?

Temos falado com alguns directores e pessoas que têm responsabilidades nisso. Sabemos que o terreno que está no Parque da Cidade era para ter um pólo universitário. A dificuldade é fazer de Paredes um concelho atractivo. Com o CDS iremos conseguir fazer isso. Vamos colmatar muitas falhas e os investimentos que têm sido mal feitos vão passar mais rigorosos e mais inteligentes. É importante que para dinamizar a sede do concelho que venha para cá um pólo universitário.

Penafiel tem dois pólos universitários que dão vida à cidade. Os proprietários das casas podem arrendar os seus apartamentos e os cafés e a restauração estão cheios. Isto dinamiza o comércio local.

 

Essa dinâmica não existe neste momento?

Não, Paredes é um dormitório.

Em que é que consiste o projecto “Startup Paredes” que pretende implementar?

É uma espécie de incubadora de empresas para ajudar a desenvolver ideias de negócio e os jovens empresários. Podem dizer-me que já existe, mas não sei como funciona ou funciona mal.

Paredes é um dormitório. Não existe dinâmica

Está a falar da Casa da Juventude?

Por exemplo. O nosso objectivo é dotar técnicos que terão de ajudar os jovens empresários ou que queiram ser empresários, com garantias, isenção de impostos, apoio financeiro, que possibilite que esses jovens se estabeleçam em Paredes. Temos o caso de Penafiel, muitas empresas jovens que estão a surgir, seja de cafés, restaurantes, publicidade, agentes de viagem. Queremos que estes jovens criem aqui a sede dos seus estabelecimentos. É no investimento privado que está o motor da economia que gera emprego, lucro e vida.

 

A despoluição do Rio Sousa e a recuperação das suas margens, à semelhança do que já foi feito com o Rio Ferreira, é uma das vossas bandeiras. Qual o projecto do CDS? Será feito em conjunto com os outros municípios que o rio atravessa?

O CDS defende que deve ser feito o mesmo investimento que foi feito do Rio Ferreira para recuperar as margens e para recuperar o rio Sousa. A questão das margens é importante porque pode permitir pensar na construção de uma ecovia que ligue o concelho todo. Pretendemos apurar as responsabilidades e saber se a poluição está a ser feita por algumas empresas.

As pessoas de direita que quiserem uma alternativa credível só podem votar no CDS. Votar no CDS é o único voto útil

“Temos que ter ambição máxima e realismo total. A vitória está sempre garantida, falta só saber a dimensão da vitória”, disse Assunção Cristas na apresentação da sua candidatura. Isso quer dizer que o CDS não acredita que vai conquistar a câmara ou apenas que há vários cenários de vitória?

O primeiro objectivo desta candidatura já foi conseguido que era concorrer a todas as juntas de freguesia e mostra que o CDS é um partido de futuro no concelho. Há muitos anos que o CDS não apresentava candidaturas às 18 juntas de freguesia.

O segundo objectivo é eleger dois vereadores e eleger, também, um grupo parlamentar representativo na Assembleia Municipal. Neste momento temos um e queremos passar para quatro ou cinco. Também queremos tentar ganhar algumas juntas de freguesias. Nas juntas que não conseguirmos vencer, queremos eleger o maior número possível de representantes do CDS.

O CDS quer começar nestas eleições o caminho para ganhar as próximas.

O descontentamento que existe nos eleitores do PSD não pode ser transferido para o PS. Não vão votar numa família diferente. As pessoas de direita se quiserem uma alternativa credível só podem votar no CDS. Votar no CDS é o único voto útil que se pode ter nestas eleições para dar equilíbrio, rigor, competência e transparência à gestão municipal.

O CDS rejeitou coligações pré-eleitorais. Face ao elevado número de candidaturas se o vencedor não tiver maioria e o CDS tiver uma palavra a dizer qual será a posição do partido?

Não quisemos antes e não queremos agora. Os aliados do CDS serão os eleitores e é só com esses que queremos ter um compromisso. A nossa coligação só a faremos com os cidadãos de Paredes. No executivo estarão pretensamente representantes dos eleitores que devem estar ao serviço das populações. Para isso são precisas coligações?