A Associação de Municípios Parque das Serras do Porto aprovou, na Assembleia Geral realizada esta quarta-feira, em Paredes, o Plano de Gestão do Parque das Serras do Porto, documento que aponta prioridades de intervenção e caminhos de futuro.

Estre as prioridades estão a aposta na gestão florestal e a prevenção de incêndios, assim como o desenvolvimento do turismo, neste pulmão verde da Área Metropolitana do Porto com cerca de seis mil hectares, que atravessa os concelhos de Paredes, Valongo e Gondomar.

Como a maioria dos terrenos deste território são privados é preciso envolver as pessoas, as instituições e as empresas, defenderam os autarcas de Paredes, Alexandre Almeida, Valongo, José Manuel Ribeiro, e Gondomar, Marco Martins.

Território é privado e caminho passa pela sensibilização

O Plano de Gestão representa um “trabalho de consenso e de metas”, explicou a arquitecta Teresa Andresen que apresentou o documento. “É dada prioridade à gestão florestal, à diminuição da ocorrência de incêndios neste território e à redução do impacto que causam, a par da preservação do património, da promoção do recreio e da qualidade de vida no parque”, disse. “Quando os recursos são escassos temos que definir prioridades e, neste momento, a prioridade é a estratégia de defesa contra os incêndios rurais”, realçou.

Este Plano, que vive dos estudos prévios realizados e do processo participativo, orçado em 75 mil euros, prevê um conjunto de medidas transversais e outras orientadas por unidade de gestão. Duas das áreas principais são os dois “corações” do Parque, em torno de Couce e do vale do Rio Ferreira, e a Senhora do Salto e o vale do Rio Sousa.

Num território maioritariamente privado, o trabalho de prevenção de incêndios passa por envolver as pessoas e pela sensibilização, defendeu José Manuel Ribeiro, autarca de Valongo que, durante o último ano, presidiu à associação de municípios. “Planear é prevenir, definir onde estão as zonas mais sensíveis e aí tem que haver trabalho com proprietários e com as empresas que gerem a produção florestal. Há um trabalho muito grande para fazer num território que é quase todo privado, o que é mais um desafio para este projecto. Com diálogo, queremos convencê-los a mudar o coberto e a investir numa floresta mais sustentável. Tudo o que fizemos até hoje foi com base no diálogo e com determinação”, sustentou o edil.

Também o autarca de Paredes, concelho que, este ano, teve o maior número de ignições de fogos florestais no país (337), acredita que este o caminho é o reordenamento do território e a sensibilização. “Os Bombeiros de Cete dispõem de um posto avançado, já muito perto das Serras do Porto, em Recarei. Para nós é uma preocupação até porque Paredes foi o concelho a nível nacional que registou no maior número de ignições este ano. É certo que isso depois não resultou em muita área ardida porque as situações foram resolvidas de imediato”, salientou Alexandre Almeida.

A par deste trabalho, está em curso um projecto de combate às plantas invasoras financiado.

“Conseguimos, cumprindo um prazo, lançar um procedimento ambicioso e amplamente participativo”

Antes, na abertura da sessão, o autarca paredense mostrou-se satisfeito com o plano apresentado. “Chegámos ao ponto que há muito esperávamos. Depois de todos os estudos feitos por esta associação de municípios seguiram-se encontros em que foram ouvidos vários intervenientes no terreno e eis que chega o momento de passar à prática, de aprovar o plano de gestão que definirá como pretendemos actuar neste território nos próximos anos. Tenho muita expectativa para o território de Paredes”, afirmou.

José Manuel Ribeiro, aproveitou o momento em que transmitia o cargo de presidente da Associação de Municípios do Parque das Serras do Porto ao homologo de Gondomar, Marco Martins, para agradecer “aos técnicos dos municípios, parceiros institucionais, associações, académicos, empresas e cidadãos que se quiseram envolver num processo que nos deve orgulhar a todos”. “Conseguimos, cumprindo um prazo, lançar um procedimento ambicioso e amplamente participativo”, referiu o presidente da Câmara de Valongo. “Normalmente em Portugal começa-se estes processos a gastar dinheiro para contratar pessoas. Nós fizemos diferente. Nos últimos anos temos estado a gastar dinheiro para investir em conhecimento e quando tivermos um corpo técnico a trabalhar no território eles vão ter conhecimento”, explicou.

O autarca destacou, sobretudo, o papel dos funcionários municipais. “Há uma moda neste país que é dizer mal dos funcionários públicos, dizer-se que trabalham pouco. Eu rejeito esta visão. E a forma mais eficaz de contrariarmos isso é demonstrarmos com trabalho desta qualidade que a administração pública tem muito para ajudar a desenvolver os territórios”, frisou, definindo esta apresentação do plano de gestão como uma “missão cumprida”.

Marco Martins, que agora preside à associação, argumentou que os três autarcas estão “imbuídos do mesmo espírito”. “O meu desígnio é executar o projecto em curso, os trilhos, a sede, a política activa de fogos florestais no território e envolver as pessoas e atrair”, descreveu, dizendo acreditar que a maior parte dos habitantes do Grande Porto não conhece a riqueza deste território. “É hora de batermos à porta de todos para os trazermos para o projecto”, incluindo o Governo, já que até agora todo o investimento resultou do esforço dos municípios. “Isto é fazer história. O desafio é grande, a motivação é maior. Vamos ao trabalho”, concluiu.

Entre os projectos em curso no Parque das Serras do Porto estão, por exemplo, a criação de um grande trilho que ligue todo o território de Paredes, Valongo e Gondomar, colando os trilhos que já existem. Está ainda a nascer uma sede da associação em Valongo.

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