Há 25 anos em Portugal, Ricardo França é um brasileiro, professor de Educação Física de formação, que há quatro anos ficou desempregado. Como empreendedor decidiu criar o próprio emprego e aproveitar os benefícios proporcionados para o efeito pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional. A área de formação ficou de lado e criou uma empresa de picolés, uma variedade de sorvete vulgarizada no Brasil.

O “picoleteiro” Ricardo França, mais conhecido agora como Zé Picolé (nome da empresa), inaugurou esta semana a unidade de produção no Mercado de Ermesinde, num espaço arrendado a “preço simbólico” à Junta de Freguesia de Ermesinde, e ambiciona que a sua empresa tenha uma intervenção social, criando postos de trabalho para desempregados. Mas a aventura não começou este fim-de-semana. Tem já quatro anos e agora deu um passo maior, que lhe permitirá expandir o negócio e concretizar a ideia deter uma “empresa social, preocupada em ajudar pessoas que se encontram em situação de desemprego de média e longa duração, emigrantes e ex-reclusos, tornando-os agentes activos da sociedade, futuros empreendedores, criando o seu próprio negócio”.

Foto: I.R.M./Verdadeiro Olhar
Foto: I.R.M./Verdadeiro Olhar

Ricardo França conta que, há quatro anos, quando estava desempregado fazia parte de um Grupo de Entreajuda para a Procura de Emprego (GEPE) que colocou a questão de criar uma empresa social ao Instituto de Empreendedorismo Social que se tornou um parceiro fundamental na criação do Zé Picolé. Na altura Ricardo França tinha apenas uma ideia de como se faziam picolés, mas entretanto tirou um curso de picoleteiro no Brasil e especializou-se. Apostado em divulgar o seu produto, Zé Picolé, como é conhecido, tem participado em várias feiras e mercados mas também já conseguiu colocar os picolés em alguns pontos de venda, como lojas do Porto, Matosinhos, Barcelos e S. João da Madeira. Agora chegaram a Ermesinde, onde serão confeccionados mas também poderão ser adquiridos. A Zé Picolé é uma empresa de produção, distribuição e venda de picolés, confeccionados com 100 por cento fruta natural, sem químicos e conservantes, baixo teor de açúcar e rico em fibras. De referir que a Zé Picolé tem a colaboração voluntária de uma nutricionista. Pode encontrar picolés de Laranja, Côco, Manga, Morango, Frutos Silvestres, Exóticos, entre outros.

Passados quatro anos, Ricardo França não está desempregado, mas sublinha que não está numa situação fácil, acrescentando que o dinheiro do subsídio terminou em Setembro e agora está a “torcer o que tem ainda do financiamento para passar o Inverno e preparar a época de Verão”. O picoleteiro ambiciona ver a sua empresa crescer para que possa também concretizar o sonho de ter uma “empresa social, geradora de postos de trabalho para desempregados”. “Não é só criar mais postos de trabalho é apoiar as pessoas e torná-las empreendedoras”, disse, destacando que a curto prazo espera ter um negócio sustentável e a longo prazo conseguir a internacionalização.

Foto: I.R.M./Verdadeiro Olhar
Foto: I.R.M./Verdadeiro Olhar

Para além dos muitos amigos e parceiros de Ricardo França, esteve na inauguração do novo espaço o presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde. Luís Ramalho enalteceu o espírito empreendedor de Ricardo França e a importância da instalação da Zé Picolé no Mercado de Ermesinde. “Este pode ser um produto âncora para este espaço que se encontrava abandonado”, disse, sublinhando que “mostra que o piso superior do Mercado de Ermesinde pode voltar a ser ocupado”. “Ganhamos todos com a dinamização do espaço”, rematou.