Assinala-se esta quarta-feira, o Dia Mundial da Diabetes. Em Paredes a data vai ser comemorada com a apresentação pública, no pavilhão do Centro Escolar de Paredes, do programa “Diabetes em Movimento”, que envolve as freguesias de Lordelo, Sobreira, Cristelo, Baltar e Paredes e proporciona à população diabética sessões de exercício físico, com acompanhamento técnico.

O programa abrange já um total de 22 participantes, tendo como patamar chegar aos 30 participantes.

Antecipando o Dia Mundial da Diabetes, que se comemora, esta quarta-feira e a apresentação pública do programa “Diabetes em Movimento”, o Verdadeiro Olhar foi ouvir dois doentes diabéticos que frequentem este programa que nos falam das suas vantagens e do que é viver com a doença.

Ao Verdadeiro Olhar, Alberto Sousa, natural do concelho de Paredes, diabético há 25 anos, destacou que teve conhecimento do programa porque já  frequentava as aulas de ginástica.

Alberto Sousa confidenciou, também, que sempre foi um adepto das actividades físicas, realiza frequentemente caminhadas, factores que acabaram por influenciar na decisão de se inscrever no “Diabetes em Movimento”, após informação prévia do seu médico de família.

Falando do programa, este participante reconheceu que, no seu caso, o programa apesar de estar ainda praticamente no início, está a ter benefícios do ponto de vista pessoal e até da sua saúde.

“Além de diabético, sou hipertenso. Faço várias tomas de medicamentos por dia e o meu propósito é reduzir essas tomas. Vim para o programa porque acredito que poderei ter uma melhor qualidade de vida. Aqui tenho o apoio necessário e conto com uma equipa que tem conhecimentos em várias áreas e me pode ajudar”, disse.

“Antes passava demasiado tempo no café a ler o jornal. Com a ginástica, as caminhadas e a actividade física que faço regularmente passei a ter a vida mais ocupada, sinto-me valorizado e tenho melhor qualidade de vida”

Alberto Sousa reconheceu que ser diabético não é nenhum drama e que vive pacificamente com a doença.

“Além da medicação diária que faço, tenho cuidado com a alimentação e faço exercício físico, o que para mim não é nenhum sacrifício”, frisou, salientando que o programa permitiu-lhe, no seu caso, contrariar alguns hábitos que tinha.

“Antes passava demasiado tempo no café a ler o jornal. Com a ginástica, as caminhadas e a actividade física que faço regularmente passei a ter a vida mais ocupada, sinto-me valorizado e tenho melhor qualidade de vida”, atestou, reconhecendo que o programa “Diabetes em Movimento” é uma mais-valia para os doentes com a doença e uma forma de promover a saúde pública, evitando comportamentos que podem vir a desencadear a doença.

Voltando ao seu caso, Manuel Queirós recordou, ainda, que a actividade profissional de taxista, que exerceu durante anos no Porto, poderá ter contribuído para agudizar o problema da diabetes.

“Fui transportador de mercadorias, tinha inicialmente uma vida agitada, mas depois trabalhei como taxista no Porto e foi, nessa altura, estou convencido que contraí a doença. Passei de uma actividade agitada para uma actividade em que passava a maior parte do tempo sentado”, explicou.

Ilda Cavaleiro, residente em Paredes, diabética há mais de 30 anos, reformada, relevou, também, os benefícios deste programa, reconhecendo que o mesmo contribuiu para promover e melhorar a saúde humana e providenciar acesso ao tratamento e à educação para os cuidados de saúde.

“Mantenho-me activa, estou em contacto com outros idosos e quando tenho algumas dúvidas esclareço-as com o enfermeiro”

Sobre o programa, Ilda Cavaleiro avançou que programa, possibilita, também, que a comunidade e em especial os mais idosos  possam dispor de actividades, apoio  técnico e informação disponível que lhes permitam  combater a diabetes.

“Tinha 42 anos quando me foi diagnosticada a doença. Sei que existem determinadas restrições que tenho de cumprir, faço a medicação diária e à excepção dos doces, mas além disso faço uma alimentação normal”, afiançou, realçando que o programa a motivou a sair de casa.

“Felizmente que fui encaminhada pelo meu médico para este programa e isso faz-me sentir ocupada, mantenho-me activa, estou em contacto com outros idosos e quando tenho algumas dúvidas esclareço-as com o enfermeiro”, avançou, manifestando que gostava que o programa continuasse para além de Julho de 2019.

Manuel Queirós, enfermeiro especialista em enfermagem comunitária,  da Unidade de Saúde ACES Vale do Sousa Sul (Penafiel, Paredes e Castelo de Paiva), que integra o programa “Diabetes  em Movimento” relevou a importância de existirem  programas a nível local que permitam combater o sedentarismo e promover a saúde pública.

“Estes programas além de combater o sedentarismo, fomentam o envelhecimento activo, o esclarecimento de dúvidas relacionadas com a própria doença e permite a troca de experiências entre os utentes”, afirmou,  sustentando que este tipo de actividades permitem que os seus participantes possam esclarecer dúvidas relativamente à medicação que cada um faz, à alimentação, entre outras.

“Começamos com nove participantes e estamos com 22 praticantes”

Manuel Queirós referiu, também, que os participantes estão referenciados pelo respectivo médico de família e validados pelo director clínico do ACES – Vale do Sousa Sul, contando o programa com um fisiologista e  presença de um enfermeiro do ACES, sendo as aulas leccionadas por um técnico superior de desporto do município.

Segundo o enfermeiro, é através destes profissionais de saúde, que  os participantes ficam a saber se reúnem os requisitos necessários para integrar o programa.

“São os próprios participantes que referem sentirem melhoras e o facto é que apesar do programa ter iniciado apenas em Outubro, temos vindo a aumentar o número de utentes, começamos com nove participantes e estamos com 22 praticantes”, atestou, salientando que o objectivo é atingir a fasquia dos 30 utentes.

“Estamos convictos que até Dezembro vamos conseguir atingir este valor. Além do passa palavra, este programa depende muito do médico de família que através das fichas de inscrição explica o programa, remete essas fichas para o director clínico, que analisa a candidatura e reencaminha para o director técnico”,  sustentou, esclarecendo que as actividades decorrem três vezes por semana, entre os meses de Outubro e Junho, tendo a duração de 90 minutos.

As aulas são gratuitas têm como palco o Pavilhão Municipal de Paredes, às segundas, quartas e sextas-feiras, das 14h15 às 15h45.

“Inicialmente as actividades iniciaram no gimnodesportivo de Paredes, mas verificamos que não tinha as condições necessárias para implementar este tipo de actividades  pelo que passamos para o pavilhão do Centro Escola de Paredes que dispõe de condições técnicas para este tipo de actividades, o piso é liso, a temperatura ideal e os utentes sentem-se bem”, confessou.

Falando da incidência da diabetes, Manuel Queirós declarou que a diabetes é uma doença, cada vez mais, transversal que atinge diferentes graus etários e indivíduos.

“Há cada vez mais crianças no primeiro ciclo, nos jardins-de-infância e no primário que são diabéticas. No hospital existe já uma consulta específica para diabetes em crianças, a unidade de saúde pública dá apoio à comunidade escolar e somos muitas vezes solicitados a intervir em situações que os próprios funcionários e actores da escola não sabem como intervir”, concretizou.

Sobre a incidência precoce da diabetes em crianças em idade escolar, Manuel Queirós reconheceu, também, que a existência de bombas de insulina veio permitir soluções menos invasivas para os utentes mais novos, mais sensíveis às picadas.

Refira-se que o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) viu recentemente ser aprovada pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), uma candidatura no âmbito do Programa Nacional para a Diabetes, tendo-se transformado num Centro de Tratamento de Dispositivos de Perfusão Subcutânea Contínua de Insulina (PSCI), conhecidos como bombas de insulina.

“Cada vez mais os jovens fazem uma má alimentação, consumindo ingredientes que não são os mais recomendáveis. É preciso incutir nos mais novos a ideia o que é uma alimentação saudável e praticar essa alimentação. O nosso trabalho na comunidade escolar é sensibilizar as crianças e os educandos para a necessidade de integrarem os produtos naturais nos hábitos alimentares do seus educandos”, adiantou.

O programa “Diabetes em Movimento” é coordenado pela Direcção-Geral de Saúde (DGS), através do Programa Nacional para a promoção da Actividade Física, com o apoio científico do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.