Decorre até domingo, no Cais de Entre-os-Rios, freguesia da Eja, concelho de Penafiel, o Festival da Lampreia, certame gastronómico organizado pela Câmara de Penafiel com o apoio da Confraria da Lampreia de Entre-os-Rios, que conta com quatro restaurantes.

Para os comensais e apreciadores deste ciclóstomo, o certame é também uma oportunidade para degustar a lampreia por apenas 10 euros.

O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, na abertura do festival, relevou a importância deste certame que além de dar a conhecer a gastronomia do concelho, é também um veículo promocional do território que ajuda a fomentar o turismo e o património.

“A lampreia com arroz ou à bordalesa, à moda de Entre-os-Rios ou do Tâmega é um dos produtos diferenciados da gastronomia do concelho, da região e do país, mais do interior. É uma marca nossa, distintiva, e procuramos que essas marcas constituam um motivo mobilizador de visitantes. O Festival da Lampreia é seguramente um exemplo e uma marca que contribuiu para aquilo que designamos de marca identitária do território que tem vindo a crescer de ano para ano”, disse, salientando que além do festival, decorre também até 31 de Março a Rota da Lampreia à moda de Penafiel em vários restaurantes do Vale do Sousa e do Tâmega.

“Este festival tem a particularidade de permitir que no mesmo espaço muitos visitantes tenham a possibilidade de degustar a lampreia por um preço simbólico, apenas 10 euros. Também os restaurantes que integram a Rota da Lampreia, 14 este ano, irão servir a lampreia a preços mais acessíveis a quem efectivamente é apreciador desta iguaria”, avançou, sustentando que o município tem vindo a apostar neste e noutros produtos como factores de diferenciação de um território que se quer assumir como um destino turístico.

“A lampreia faz parte desse menu de eventos e de acções que contribuem para trazer mais gente e mais visitantes ao território, conferindo maior dinâmica económica ao concelho”

O autarca especificou mesmo que, no ano transacto, o concelho ultrapassou as 100 mil dormidas.

“Se tivermos presente que há dez anos esse número não ultrapassava as sete mil, há aqui dados que são evidentes e comprovam a eficácia da estratégia que tem sido delineada neste domínio e no da promoção turística. A lampreia faz parte desse menu de eventos e de acções que contribuem para trazer mais gente e mais visitantes ao território, conferindo, também, maior dinâmica económica ao concelho”, concretizou, esclarecendo que este ano, fruto da divulgação que tem sido realizada e pelo facto do certame coincidir com os 250.º aniversário de Penafiel a cidade possa haver um maior fluxo de visitantes quer ao festival quer à rota.

O presidente da Câmara de Lousada, Pedro Machado, que marcou presença na abertura oficial do Festival da Lampreia, a convite da autarquia penafidelense, assumiu ser um apreciador de lampreia, sendo esta um produto referência na região.

“A Câmara de Penafiel e a Confraria estão de parabéns pelo trabalho realizado. Trata-se de um produto de excelência da região. Há quem não goste, mas seguramente que esta iguaria figura no ranking dos produtos mais apreciados. Depois de se degustar torna-se um apreciador”, frisou, afiançando que em Lousada há restaurantes e casas particulares que confeccionam e vendem este produto. “Evidentemente que onde este prato tem uma afirmação determinante é em Penafiel e em Castelo de Paiva”, reconheceu.

Do lado dos restaurantes, optimismo e esperança que o bom tempo se possa manter, foram as palavras de ordem mais ouvidas.

“Em Penafiel, a lampreia é uma iguaria que tem muitos apreciadores, tratamos com carinho, sabemos o que fazemos e daí o êxito que esta iguaria tem no concelho e na região”

Joaquim Vieira, gerente do Restaurante Casa das Lampreias, assumiu estar confiante que o sol continue a brilhar nos próximos dias e assim atrair muita gente à marina de Entre-os-Rios.

“Acredito que este ano, mais pessoas vão afluir ao festival. Estamos na semana do Carnaval, há sempre pessoas que acabam  por se distribuir pelos vários eventos que acontecem nesta altura do ano, mas acredito que como este é um certame já consagrado no concelho, os verdadeiros apreciadores não vão deixar de se deslocar a Entre-os-Rios”, afirmou, reconhecendo que o que faz deste certame uma referência é a forma como a lampreia é confeccionada.

“Em Penafiel, a lampreia é uma iguaria que tem muitos apreciadores, tratamos com carinho, sabemos o que fazemos e daí o êxito que esta iguaria tem no concelho e na região”,  acrescentou, sustentando não ter mãos a medir nesta altura do ano.

“Felizmente temos bastantes encomendas, a casa tem já os seus clientes, pessoas que nesta altura vêm ao restaurante de propósito para degustar a lampreia, mas desde Janeiro que temos lampreia no restaurante”, expressou, sublinhando que uma lampreia completa no restaurante tem o custo de 85 euros e dá para três pessoas.

Questionado sobre quem são os verdadeiros apreciadores da lampreia, Joaquim Vieira revelou que esta é mais apreciada entre pessoas já com uma certa idade, que conhecem o produto.

“Os mais novos preferem outros pratos e não são muito apreciadores da lampreia”, garantiu, afirmando que vende lampreia há vinte anos.

“A forma como o peixe é preparado é que interfere no resultado final”

Antero Cequeira, do Ponte de Pedra, referiu que o seu restaurante participa no festival desde a sua segunda edição, sendo esta mostra  uma oportunidade para dar a conhecer o restaurante, atrair novos clientes e promover a região.

“Como o tempo está agradável acredito que no fim de semana milhares de pessoas possam deslocar-se a Entre os Rios”, avançou, assinalando que há 18 anos que a lampreia e o sável são pratos característicos da casa.

Antero Cequeira reconheceu que a forma de confeccionar a lampreia de Entre-os-Rios é que a distingue das demais, sendo essa, também, uma razão pela qual inúmeros apreciadores se deslocam ao sul do concelho, nesta altura do ano. “A forma como o peixe é preparado é que interfere no resultado final”, confirmou, avançando que está a vender a lampreia no restaurante a 85.

“Estamos a falar de um peixe caro e quando começa o festival o seu valor não baixa. É um prato sazonal”, retorquiu, declarando que começam, também, a surgir mais jovens que são verdadeiros apreciadores da lampreia.

Arminda Silvares, do Restaurante Solar do Sousa, reconheceu, igualmente, que o festival é actualmente um veículo para promover os restaurantes que nesta época fazem da lampreia o prato mais procurado e apetecido.

“O festival realiza-se numa zona de eleição, este fim-de-semana as previsões são de bom tempo pelo que estou confiante que as vendas possam aumentar”, atalhou, afiançando que o enquadramento e a beleza natural de Entre-os-Rios convidam a uma visita.

Arminda Silvares declarou, também, que nesta altura o seu restaurante ganha uma nova dinâmica. “Tenho clientes habituais que conhecem o meu produto e todos os anos se deslocam a Abragão, mas tenho também muitos jovens que gostam da lampreia”, confessou, avançando que desde os 14 anos que confecciona lampreia primeiro em casa e depois no restaurante.

Sobre o preço da lampreia, afirmou estar a vendê-la a 75 euros no restaurante.

“Gostava de a vender a um preço mais baixo, mas nesta fase, que é a fase alta, não posso fazê-lo”, concretizou.

Refira-se que também, esta quinta-feira, iniciou a habitual Rota da Lampreia, que conta com 14 restaurantes do concelho de Penafiel e um do Marco de Canaveses.

Além da oportunidade de degustar este produto, na tenda gigante que se encontra instalada no cais de Entre-os-Rios, durante o fim-de-semana, vão passar vários grupos de cantares e ranchos folclóricos do concelho.

No dia 21, actuam o Rancho Folclórico S. Vicente de Irivo, no dia 22, o Grupo de Concertinas “Raízes da Eira” e no dia 23 o Grupo de Cavaquinhos da Associação para o Desenvolvimento de Lagares e o Grupo de Danças e Cantares de Cabeça Santa.