O assunto do momento tem sido o Passe Único. Há quem considere a medida eleitoralista, por acontecer em ano de eleições. O momento da entrada em vigor desta medida parece ter sido pensado e planeado para coincidir com este período de pré-campanha, tal como o demonstrou a forma como o Primeiro-Ministro e os ministros desfilaram entre autocarros, comboios e barcos. Mas não será por isso que o Passe Único deixa de ser uma boa medida, pois nenhum governante pode ser impedido de apresentar medidas boas em anos de eleições. Ainda por cima quando sabemos que a memória do povo é curta.

Mas, mesmo sabendo-se que os utilizadores dos transportes públicos saem a ganhar, há algumas questões que será preciso abordar e resolver.

A primeira tem que ver com a oferta dos serviços. A redução do preço vai provocar uma maior afluência aos transportes públicos. Para se ter uma ideia, só na primeira semana, em Lisboa, havia mais 70 mil pedidos de passes. Ou seja, não existem transportes públicos suficientes para uma adesão em massa.

A segunda questão tem que ver com a equidade da medida. Embora todos os utilizadores dos transportes públicos beneficiem da medida, esta está longe de ser equitativa. Importa lembrar que a redução no preço dos passes não é feita apenas com a subsidiação do Governo. As áreas metropolitanas e as comunidades intermunicipais, ou seja, as câmaras municipais, pagam uma parte desse valor. E por que é que esta medida não é equitativa? Porque trata de forma diferente os cidadãos, mediante a sua residência. Para que se compreenda melhor, é necessário saber-se que um passe na Área Metropolitana de Lisboa é subsidiado pelo Governo em 26,7 euros, enquanto na Área metropolitana do Porto é subsidiado em 8,4 euros. Na CIM do Tâmega e Sousa, por exemplo, é subsidiado em apenas dois euros.

A terceira questão tem que ver com a sua implementação. Ora, a medida entrou em vigor no passado dia 1 de Abril nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Na verdade, no Porto isso não aconteceu em todo o seu território: em Paredes, concelho que faz parte da Área Metropolitana do Porto, o passe único só chega em Maio. Que explicação haverá para que dentro da mesma área metropolitana existam pessoas de primeira e de segunda?

Já agora, importa referir que Paredes aderiu à Área Metropolitana do Porto em 2013 e até hoje os cidadãos deste concelho não puderam utilizar o Andante, tendo sido bastante prejudicados mensalmente na compra do passe. Como a decisão foi política, sendo o Governo socialista e o presidente da Câmara de então social-democrata, adiou-se até agora a extensão do Andante até Paredes.