Os Bombeiros Voluntários de Cete sopraram, no dia 18 de Abril, 97 velas e apesar de todas as adversidades que esta instituição tem passado, assim como todas as corporações a nível nacional, todos os problemas têm sido superados e “está bem de saúde”.

A garantia foi deixada ao Verdadeiro Olhar por Evandro Sousa, o presidente da instituição que, e olhando para os dois últimos anos, que envolveram um contexto nacional e mundial com muitas contrariedades, a verdade é que o “saldo é positivo”.

A pandemia foi ultrapassada e, por isso, a associação pode respirar de alívio, porque estamos a viver um “período mais tranquilo”, afirmou o dirigente.

Ainda assim, “ainda há obras no quartel que têm que concluídas”. A primeira fase dos trabalhos que incluiu a melhoria de instalações no espaços, quer ao nível do comando e da camarata masculina, por exemplo, já está concluída. Falta agora fazer um espaço que vai aquartelar a camarata feminina, para além de outras intervenções, revelou Evandro Sousa.

Também a aquisição de viaturas não tem sido esquecida por esta direcção que se orgulha de tudo fazer para proporcionar “as melhores condições aos bombeiros que, assim, vão prestar um ainda melhor serviço à comunidade”, destacou Evandro Sousa.

Evandro Sousa, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cete

Foi no dia 18 de 1925 que foi fundada a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cête. E 97 anos volvidos, o mundo mudou, assim como os bombeiros. E uma das grandes dificuldades que atravessam estas instituições dizem respeito ao recrutamento de novos voluntários. É um problema transversal a nível nacional, porque “é cada vez mais complicado tirar as pessoas do conforto de suas casas para se dedicarem a estas causas”, lamenta o presidente.

Por outro lado, os jovens não se deixam seduzir tanto pelos bombeiros como há uns anos, até porque, “há muitas ofertas que, antigamente, não existiam” e o mundo é muito mais aliciante, referiu.

Ainda assim, Evandro Sousa opta por ser optimista e revela que “há 11 elementos novos” que vão terminar agora a sua formação na escola de bombeiros. O dirigente espera ainda que seja possível formar, a curto prazo, mais um novo grupo, de forma a reforçar os cerca de “60 elementos que, actualmente, fazem parte do corpo activo” dos Bombeiros de Cete.

“O meu avô foi bombeiro durante mais de 50 anos”

O percurso de Evandro Sousa na presidência desta associação contabiliza cerca de três anos. Mas a sua ligação aos bombeiros vem do tempo em que ainda era criança. O seu avô foi bombeiro mais de meio século, por isso, estava familiarizado com a dinâmica do quartel e, desde sempre, colaborou e ajudou “naquilo que foi necessário”.

O curioso é que tinha como certo que não queria ser bombeiro ou ter algum cargo na instituição. Porquê? Porque os avós faziam aniversário no mês de Agosto, “mas nunca pudemos festejar, porque era a altura de muito trabalho e muitos incêndios e o meu avô nunca estava presente”. Uma memória com sabor amargo que o acompanha até hoje. Mas a vida acaba sempre por nos trocar as voltas e, no caso de Evandro Sousa, não foi diferente. E há cerca de três anos, e contrariamente ao que sempre pensou, acabou por assumir a direcção da associação.

“Têm sido anos muito duros. Perdemos o comandante Noel Ferreira. Depois veio a pandemia. Tivemos que nos superar”

“Não tem sido um trabalho simples, porque exige muito tempo, muita responsabilidade e muita dedicação”. Além disso, os últimos anos “têm sido muito difíceis”. E, a propósito, lembrou o desaparecimento do comandante Noel Ferreira, que perdeu a vida num acidente de helicóptero, em Setembro de 2019, quando combatia um incêndio em Valongo. “Foi um duro golpe” para todos. Depois, veio a pandemia. “Foram dois anos muito exigentes e cansativos”. Por tudo isto, “tivemos sempre que nos superar e arranjar forças para continuar”, afirmou.

Evandro Sousa termina o seu ciclo na presidência da associação em Dezembro deste ano. Instado sobre se vai continuar na liderança desta instituição, o presidente responde de imediato que não, porque tem uma vida profissional “muito exigente e estes anos têm sido muito exaustivos”. Por isso, espera que “surja alguém com garra e vontade”, porque uma missão como esta “é preciso quase disponibilidade a tempo inteiro”.

Mas enquanto esse dia não surge e a decisão não é definitiva, não vá a vida trocar-lhe outra vez as voltas, Evandro Costa está focado nas comemorações dos 97 anos que vão acontecer na próxima segunda-feira, dia 25 de Abril. Assim, a partir das 9h30 vão ser entregues as promoções e condecorações aos soldados da paz. Às 11h30 será cortada a fita ao novo gabinete designado ‘Chefe Manuel F. Coelho’ e, depois, às 12h00 está agendado um desfile. Os festejos terminam à hora de almoço com um convívio no quartel.