Foto: Verdadeiro Olhar

A Ordem dos Enfermeiros denunciou, ontem, que “os doentes Covid que necessitam de ventilação estão a ser internados numa unidade sem condições e profissionais sem experiência em cuidados intensivos, em Penafiel, o que coloca em risco a vida destes doentes”. A par disso, acusa o Hospital Padre Américo de ter substituído enfermeiros por videovigilância. A Ordem diz já ter dado conhecimento da situação ao Ministério da Saúde, à Comissão Nacional de Protecção de Dados e ao Ministério Público.

Em comunicado, a Ordem explica que a denúncia foi feita “por um grupo de enfermeiros que foram colocados nesta unidade sem terem recebido qualquer tipo de formação/ integração em cuidados intensivos, e que consideram que a situação adoptada compromete a saúde dos doentes e não garante as condições de exercício de Enfermagem com qualidade e segurança”.

A mesma fonte acrescenta que na missiva enviada à Ordem dos Enfermeiros a equipa assume que “não possui as competências necessárias para a prestação do cuidado exigido, pelo que desresponsabilizam-se, civil e disciplinarmente, pelos acidentes ou incidentes que possam ocorrer na sequência da falta de conhecimento”.

A Ordem dos Enfermeiros alega que está em causa “a falta de condições de vigilância e de cuidados a doentes com Covid ventilados, numa estrutura sem condições, onde foram instaladas câmaras de videovigilância, o que é manifestamente ilegal e, como tal, recusado pelos profissionais”. No comunicado emitido, a Ordem afirma ainda que “o conselho de administração, num primeiro momento, deu razão aos enfermeiros, deliberando que a unidade se mantivesse como nível 2 (sem doentes ventilados), enquanto não fossem criadas novas instalações, mas, face à ameaça de demissão da directora do Serviço de Medicina Intensiva, até ao momento a situação mantém-se, o que levou o enfermeiro director a denunciar a situação”.

Contactado, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, que integra o Hospital Padre Américo, em Penafiel, “refuta qualquer ideia de que estejam em causa condições de segurança e de qualidade da prestação de cuidados hospitalares aos doentes”. “Os profissionais de saúde são insubstituíveis na monitorização dos cuidados de saúde aos doentes e têm sido o garante dos cuidados aos doentes numa altura de grande pressão para o hospital, como a que se tem vivido recentemente e que tem vindo a ser superada com grande empenho e dedicação dos seus recursos humanos”, limita-se a dizer Carlos Alberto.