O secretário de Estado da Saúde reuniu, esta manhã, com o conselho de administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) para averiguar a veracidade das notícias sobre alegados atrasos nas cirurgias nesta unidade hospitalar que vieram a público no início da semana. “Sempre que estão em causa os direitos dos doentes nós ficamos extremamente preocupados”, afirmou Manuel Delgado. No entanto, o governante garante que “não há razões para alarme”.

“Analisei com o conselho de administração o caso de 27 doentes – e apenas 27 doentes -, que estão com tempos de espera superior ao recomendado, e foi possível identificar, caso a caso, as razões para esses atrasos, ou por indisponibilidade temporária do próprio doente ou por razões de natureza clínica”, assegurou.

Números “nunca foram negados ou adulterados para mascarar a realidade”

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No início da semana uma notícia, avançada pelo Jornal de Notícias, dava conta de havia hospitais com atrasos indevidos na cirurgia e que estariam a boicotar a esses doentes a possibilidade de serem operados noutros estabelecimentos hospitalares, como determina a lei. Só no CTHS, referiam, seriam cerca de 500 os processos na lista das cirurgias classificados como “pendentes” para que os tempos de espera máximos praticados pela unidade não fossem ultrapassados.

Em comunicado, o CTHS já tinha desmentido, esta quinta-feira, essa situação. No documento enviado à imprensa, e assinado pelo presidente do conselho de administração do centro hospitalar, Carlos Alberto Vaz, era dada a garantia que “nunca o CHTS ou qualquer dos seus serviços e/ou profissionais agiu no intuito de provocar atrasos na cirurgia dos seus doentes nem tão pouco boicotar-lhes a possibilidade de serem operados noutros estabelecimentos hospitalares”.

“Existem listas de espera”, admitia o hospital, sustentando que isso é compreensível “atendendo à área de influência do CHTS – que excede o meio milhão de habitantes – e ao reduzido número de médicos e enfermeiros nos quadros da instituição”. Mas “nunca” esses números foram negados ou adulterados para mascarar a realidade, frisa o comunicado.

Em 2015, informa o CTHS, foram realizadas 23.423 intervenções cirúrgicas, numa média de 64 cirurgias/dia, o que representa um aumento de cerca de duas mil intervenções cirúrgicas relativamente ao ano anterior, “muito acima do contratualizado com o Ministério da Saúde”. “Não é por acaso que a mediana do tempo de espera para cirurgia no CHTS – 2,5 meses – está abaixo dos valores nacionais, sendo também inferior quando comparada com a mediana da Região Norte, fixada em três meses”, argumenta Calos Alberto Vaz.

 

“São despropositadas e abusivas as referências a quaisquer erros ou deficiências nos cuidados de saúde prestados”, diz Centro Hospitalar

Por outro lado, o conselho de administração afirma que os processos classificados como “pendentes” rondavam, a 8 de Março, os 350 casos, “nenhum deles prioritário”. “Dos 352 registados nas listas do Sistema de Gestão de Inscritos para Cirurgia, 89 já haviam sido operados, seis tinham sido retirados por desistência do doente, quatro por terem faltado à operação, existindo 119 em situação de ‘pendência por motivo plausível pessoal ou por condição clínica’”, explica o comunicado, acrescentando que há mesmo casos de recusa de transferência da instituição após recebimento do vale cirúrgico, previsto por lei. “Os restantes casos têm cirurgias agendadas dentro dos próximos três meses, com excepção de situações em que o doente prefere que a cirurgia seja efectuada em tempo de férias, como acontece com algumas intervenções na área da Ortopedia”, clarificam ainda os responsáveis pela gestão do CTHS.

Reiterando a confiança nos seus profissionais, o centro hospitalar considera “despropositadas e abusivas as referências a quaisquer erros ou deficiências nos cuidados de saúde prestados”.

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“Não há razões para alarme”, diz secretário de Estado

Depois da visita realizada esta manhã ao CHTS, também o secretário de Estado da Saúde garante que “não há razões para alarme” nem para “desconfiar de qualquer procedimento menos correcto por parte da instituição”.

As notícias vindas a público deixaram o Ministério da Saúde preocupado com a situação descrita, mas a reunião com o conselho de administração clarificou as dúvidas levantadas, referiu Manuel Delgado à saída do hospital.

“Este hospital tem, de facto, alguns doentes em espera para cirurgia, mas dessa listagem de cerca de 350 doentes, cerca de 40% já estão intervencionados, os outros 40% com cirurgias marcadas e só 20% dos doentes é que tem a cirurgia protelada por razões pessoais ou clínicas”, assegurou o governante. “Em todos os hospitais há doentes pendentes e todas as pendências aqui encontradas são perfeitamente razoáveis em termos de volume de casos” – 27 casos pendentes com tempos de espera superior ao recomendado.

Aos cidadãos, Manuel Delgado deixou uma mensagem de tranquilidade. “Não há nenhuma razão para alarme em relação a este hospital que tem tido, ao longo dos últimos anos, um comportamento exemplar em matéria de consultas externas e cirúrgicas.