Anunciados que foram os candidatos do PSD às próximas eleições autárquicas, iniciamos aqui uma análise às candidaturas a cada um dos concelhos da região do Vale do Sousa.

Em Paredes, apresenta-se como cabeça de lista Ricardo Sousa.

Tendo sido presidente da JSD há mais de duas décadas, altura em liderou a bancada do PSD na Assembleia Municipal, ao que se seguiu um período sem registo de actividade política relevante até este regresso anunciado para tentar derrotar Alexandre Almeida, do PS. Não parece ser um objectivo fácil de alcançar, quer porque o actual presidente da Câmara Municipal goza da alta popularidade tradicional de um primeiro mandato, quer porque o PSD concelhio não parece ter-se ainda completamente restabelecido da sua própria derrota eleitoral anterior.

Outras dificuldades com que Ricardo Sousa terá de se defrontar são as que decorrem de, durante a seu período de quatro anos de liderança concelhia do partido, se terem conhecido decisões suas contrárias às dos vereadores seus correligionários e de não ter conseguido atrair alguns dos militantes localmente mais influentes para o seu projecto político local. Provavelmente por uns e outros ainda se recordam da sua postura durante as últimas eleições autárquicas.

Ainda mais visíveis e com efeitos mais imediatos podem ser os reveses que deverão levar à baixa das suas fileiras de quatro presidentes de Junta de Freguesia: em Louredo, o actual presidente é dado como candidato nas listas do PS; em Sobrosa, uma das três principais freguesias do PSD no concelho, o actual presidente (ex-membro da Concelhia presidida por Ricardo Sousa) será candidato independente; em Vilela, é dado como provável que a actual presidente não se recandidate; o mesmo acontece em Gandra, onde é dado como garantido que o actual presidente também não será candidato. À parte destas, é provável que Beire caia nas mãos dos socialistas, uma vez que o actual presidente eleito pelo PSD não se pode recandidatar e o PS apresentará a candidato o actual líder da concelhia do PS, José Carlos Barbosa.

No campo das possibilidades perfila-se uma candidatura em coligação do PSD com o CDS-PP, partido que, nas últimas eleições autárquicas, teve menos de 2 mil votos e que poderá esperar crescer à custa da aparente fraqueza do PSD local. No entanto, esta coligação pode fazer de uma derrota anunciada seja ainda mais pesada e desastrosa para o CDS-PP. Ora, se a coligação obtiver uma votação inferior à da do PSD de há quatro anos, o que é um cenário muito provável, tanto o líder concelhio do PSD como o do CDS-PP ficariam de tal modo fragilizados que não se esperaria da sua parte senão que pusessem os seus lugares à disposição.

Finalmente, a falta de oposição efectiva ao PS por parte do órgão directivo concelhio social-democrata – ou, pelo menos, a sua percepção, já que a oposição mais sentida foi a que fizeram os vereadores do PSD na Câmara de Paredes – revelou-se como um enfraquecimento do funcionamento institucional democrático local, já que uma falha na fiscalização de quem governa o município abre portas a erros, desvios e irregularidades no seu exercício, com prejuízos potenciais para os maiores interessados, os munícipes.

A esta distância e com os candidatos que se conhecem o que parece estar em jogo não é quem irá vencer, mas saber se Alexandre Almeida irá conseguir igualar o maior número de vereadores eleitos, que pertence a Granja da Fonseca (PSD): sete (contra dois da oposição). Veremos.