Cerca de 300 voluntários do Banco Local de Voluntariado, das Conferências Vicentinas, parceiros da rede social de Lousada e empresas do concelho foram homenageados pela Câmara Municipal de Lousada, na cerimónia de encerramento do Ano Municipal da Solidariedade.

E o balanço deste ano de actividades é positivo, garante o presidente da Câmara Municipal de Lousada. “Quando proclamamos o Ano Municipal da Solidariedade não foi para fazer muito de novo, foi para dar mais visibilidade e destaque ao trabalho social dos muitos agentes locais que trabalham para esta causa comum que é termos uma sociedade com maior coesão social”, explica Pedro Machado. “Conseguimos mobilizar a população e espero que fique cada vez mais enraizado esse sentir solidário”, acrescenta o autarca.

A cerimónia, que decorreu no Auditório Municipal de Lousada, contou com a presença do secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel.

Voluntários desempenham “um papel imprescindível na sociedade”

Só a lista de homenageados fez encher o Auditório Municipal de Lousada na tarde desta segunda-feira, dia em que si assinalava o Dia Internacional do Voluntariado. E o dia foi de homenagem àqueles que se dedicam à solidariedade. Cerca de 300 pessoas levaram para casa o símbolo do Ano Municipal da Solidariedade, como reconhecimento da autarquia ao trabalho desenvolvido. Além disso, 10 Instituições Particulares de Solidariedade Social do concelho receberam um cheque de 232 euros, proveniente do Fundo Cultural criado pela Câmara Municipal de Lousada, e que é constituído por uma parte das verbas arrecadas com os espectáculos realizados no Auditório Municipal.

A primeira intervenção coube a Jorge Magalhães, presidente da Assembleia Municipal de Lousada, que enalteceu a importância das respostas locais e a “forma abnegada” com que se entregam diariamente e procuram dar respostas e resolver problemas. “Em Lousada há muitas destas instituições a precisar que o Estado olhe para elas e dê um contributo mais significativo”, apelou dirigindo-se ao secretário de Estado.

Lembrando que a solidariedade “não tem data nem horizontes temporais”, Pedro Machado diz que foi alcançado o “desígnio de trazer para todos os sectores uma atitude valorizadora do outro”, despertando consciências para a solidariedade. “Não é que não fossemos solidários antes. Só somos uma sociedade verdadeiramente desenvolvida se cuidarmos dos mais frágeis”, afirmou o autarca.

O presidente da Câmara Municipal de Lousada destacou ainda a “generosidade” e “altruísmo” da população e realçou o “trabalho silencioso e persistente das instituições” do concelho e dos voluntários que desempenham “um papel imprescindível na sociedade”.

O município, disse Pedro Machado, também tem feito o seu papel, adoptando uma política fiscal amigável para famílias e empresas e abrindo mão de receita para permitir aos lousadenses melhor qualidade de vida, assim como atribuindo vários apoios sociais.

 

“Quando o Governo não conseguiu dar resposta em tempo oportuno foram as câmaras e as IPSS a chegar onde o Governo não chegou”

O secretário de Estado das Autarquias Locais caracterizou Lousada como um concelho com grande preocupação social. “Parabéns por agradecerem cara a cara a estes voluntários aquilo que fazem e que ainda podem fazer no futuro. Entendo que devemos reconhecer o trabalho dos outros enquanto são vivos e activos”, sustentou Carlos Miguel.

“De há 10 anos para cá o apoio social das câmaras é muito mais activo. A crise trouxe-as para este palco. Tem sido um trabalho enorme e muito bem feito. É nas câmaras e nas juntas de freguesia que as pessoas encontram uma porta aberta e um apoio”, afirmou o governante, reconhecendo o importante papel das autarquias neste âmbito. “Não vão substituir as IPSS e as pessoas mas têm um papel importante”, muitas vezes na coordenação dessas respostas, acrescentou. “Quando o Governo não conseguiu dar resposta em tempo oportuno foram as câmaras e as IPSS a chegar onde o Governo não chegou”, admitiu o secretário de Estado.

No final da sessão, foi oferecida uma planta a cada pessoa presente que simboliza o “semear e enraizar a solidariedade no concelho” e também como forma de fazer a transição para o Ano Municipal do Ambiente, que decorre em 2017.

 

Idade para voluntariado não há.

Há uma voluntária com 97 anos em Lousada

Não gosta de estar parada, mas gosta de ajudar os outros. Chama-se Elvira Cunha e é uma voluntária com… 97 anos.

Há 13 anos que esta mulher de Cristelos se dedica ao voluntariado. “O que posso fazer faço”, garante. Integra o Movimento Sénior e as Conferências Vicentinas de Cristelos. É responsável por fazer vários artigos, em malha sobretudo, que são vendidos na Feira Social para angariar verbas usadas para apoiar quem precisa. É também ela que ajuda a preparar lanches, cozinha, lava loiça… “Gosto de ser voluntária. Não gosto de estar quieta”, diz.

Talvez tenha apanhado o bichinho com a filha, Conceição Morais, de 62 anos, também hoje homenageada pela Câmara de Lousada.

Conceição é voluntária há 30 anos. Onde? Em todo o lado, onde a ajuda for precisa. É voluntária na Liga de Amigos do Hospital Padre Américo; na Conferência Vicentina de Cristelos, onde é responsável pelo Banco Alimentar; no Movimento Sénior, ajuda as assistentes sociais do concelho, faz visitas à prisão, ou usa o seu próprio carro para levar pessoas a consultas.

“Sinto-me feliz a ser voluntária. Dormimos menos horas, temos menos tempo livre, mas estamos ao serviço do próximo e vale a pena”, garante.

Quem também usa o seu tempo em prol dos outros é Boaventura Pinto Monteiro, de 68 anos. Este homem de Lustosa, voluntário da Conferência Vicentina de Santa Maria Maior de Lustosa, dedica-se a ajudar os outros há mais de 20 anos. E sempre se envolveu em todas as actividades da freguesia. “Ser voluntário é muito importante. É preciso ajudar os idosos, os pobres, os doentes e os que precisam de conforto”, diz. Ser reconhecido, como aconteceu hoje, não é o objectivo mas “sabe bem”, confessa.