Continuando o nosso périplo pela região na antevisão das eleições autárquicas deste ano, vamos a Lousada.

Pelo lado do PS, o presidente da Câmara em exercício, Pedro Machado, vai tentar alcançar o seu terceiro e último mandato. A isso se propõe. Tal como assinalámos em editoriais anteriores sobre o tema, é conhecido o efeito de inércia que atinge uma parte dos eleitores, dando a um presidente de Câmara em exercício uma certa probabilidade de se manter no cargo. Mas, como sempre, essa inércia pode ser abalada pelo aparecimento de outros trunfos por parte da oposição.

O PSD apresenta em Lousada um novo candidato, Simão Ribeiro, que já foi líder da Juventude Social-Democrata no concelho, líder no distrito do Porto, tendo chegado a ser seu líder nacional, em tempos em que a JSD mais se fazia sentir nas notícias de política nacional. Mais recentemente, foi deputado à Assembleia da República durante dois mandatos.

O anterior candidato do PSD (em aliança com o CDS-PP) foi Leonel Vieira. Por três vezes. Estará Simão Ribeiro mais bem posicionado para disputar o lugar a Pedro Machado? Pode dizer-se que sim: tanto a sua experiência como deputado como as suas capacidades oratórias são vantagens aparentes. E o facto de a coligação de direita de que o PSD faz parte (PSD/CDS-PP) deter a maioria das Juntas de Freguesia do concelho também não o prejudica, embora com Leonel Vieira esse argumento não tenha sido decisivo.

Poderá ainda Simão Ribeiro vir a beneficiar, eleitoralmente, da saída de Cristina Moreira das listas do PS? É preciso notar que se trata de uma figura singular de popularidade e influência na estrutura partidária local que, deixando de ser vereadora para passar a ser deputada à Assembleia da República, obrigará a um rearranjo da lista de candidatos à Câmara, com a necessidade de se encontrar um outro elemento feminino que a substitua nos três primeiros lugares (considerando-se que o PS terá a mesma votação que nas últimas eleições). Em consequência disso, terá de ser sacrificado um dos actuais vereadores: Nelson Oliveira, apontado como possível sucessor de Pedro Machado, mas o mais jovem; António Augusto, vereador da Educação, o mais experiente; ou Manuel Nunes, o mais popular e actual vice-presidente.

Mais uma disputa eleitoral que vale a pena seguir.