Francisco Coelho da RochaNo próximo domingo, os portugueses são chamados a eleger um novo Presidente da República. Terminam assim os dez anos de presidência do Prof. Aníbal Cavaco Silva. Provavelmente, de todos os Presidentes eleitos depois do 25 de Abril, será o que acabará o mandato com menos popularidade. Mas será, certamente, o que teve o mandato mais exigente. Recorde-se que foi durante o seu mandato que José Sócrates levou o país à falência; que teve que segurar durante quatro anos um Governo fortemente contestado nas ruas; e teve que dar posse a um Governo constituído pelo partido que perdeu as eleições.

Correndo o risco de ser politicamente incorrecto, e olhando para os candidatos que disputam a eleição, parece-me que ainda vamos ter saudades de Cavaco Silva. A começar pela região. Foi a primeira vez que um Presidente da República dedicou um dos seus roteiros à indústria do mobiliário, ao têxtil, ao calçado. Até no Art on Chairs, projecto organizado pela Câmara Municipal de Paredes, Cavaco Silva deu o seu contributo para a promoção do mobiliário deste concelho.

Cavaco Silva não foi às Seychelles passear-se numas tartarugas-gigantes, nem deu duas vezes a volta ao mundo como Mário Soares, mas percorreu o país inteiro, através da iniciativa Roteiros, chamando à atenção para o país real e para os problemas e dificuldades de cada região ou sector.

Dedicou-se a combater o pessimismo que proliferava na sociedade, valorizando os bons exemplos de pessoas e instituições que combatem a violência doméstica, a exclusão e a discriminação. Realçou jovens cientistas e investigadores, deu como exemplo empresários empreendedores. Mostrou que, mesmo em tempos difíceis, os portugueses são capazes de mostrar vitalidade, dinamismo e ultrapassam crises.

Muitas vezes, obrigou a comunicação social a ir a locais e a conhecer pessoas que sistematicamente ignora, só porque são bons exemplos nacionais.

Aníbal Cavaco Silva também cometeu erros, alguns de palmatória. Mas, no deve e haver, o saldo será certamente bastante positivo. Dificilmente o candidato que será eleito no próximo domingo terá uma visão tão patriótica do seu mandato.