Pedro MendesCom a falência temporária do País e as consequentes medidas de recuperação, vulgarmente designadas como “Medidas da Troika”, Portugal foi acometido de um período reformador. Mexeu-se em tudo e até no que havia de mais sagrado, como por exemplo, a representatividade do poder do povo nas suas instâncias mais próximas, através da eliminação das Assembleias de Freguesia. Uma medida apresentada como uma necessidade para reduzir a despesa do Estado.

Foram mais as dúvidas do que as certezas, até porque quem lida de perto com a realidade do funcionamento destes órgãos autárquicos cedo percebeu que a medida era um engodo. Um engodo, porque se percebia que se tentava enganar os donos do dinheiro para tapar o buraco com esta reforma a fazer de conta.

Na verdade, todos sabiam que a mudar, se necessário e por efetiva poupança de recursos, a medida devia ser direcionada para uma reorganização do Mapa Administrativo ao nível dos municípios. Aliás, terá sido esta a vontade dos ditos donos do dinheiro que salvou o País da bancarrota. Mas o engodo funcionou e lá se procedeu ao amassar de territórios e vontades, prometendo-se melhores dias.

O certo é que como vem sendo hábito, o Partido Socialista, que obrigou a chamar os tais senhores do dinheiro, disse estar contra tudo e contra todos. Em Paredes, o atual líder do PS não tardou a colocar cartazes pelo concelho a mostrar que estava contra, para tentar fazer esquecer que foi o PS que colocou no negócio da Troika a dita reforma.

E Agora? Desde que os senhores se foram embora e só nos visitam para ver se a fivela do cinto muda de buraco, assiste Portugal a um impulso reformador. A TAP estava vendida deixa de estar e pagar-se-á o que for preciso. A STCP, o Metro, volta tudo atrás. As medidas negociadas com os partidos que apoiam o poder avançam custe o custar.

Será portanto legitimo perguntar se o PS de Paredes vai exigir a reposição do anterior mapa administrativo. Mais uma vez a atitude será a dos interesses circunstanciais e a da intermitência das mensagens políticas.

O que as comunidades não percebem é a falta de avaliação sobre a poupança efetiva dos recursos públicos advindos da mudança que justifique a perda de representatividade e, mais importante, que justifique a traição à memória dos antepassados e da história das diferentes comunidades. Se há milhões para que se continuem a gastar milhões no desperdício de empresas públicas que servem agendas partidárias e sindicais, porque não garantir com tostões a expressão histórica e próxima do poder local nas assembleias de freguesia extintas?

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Vice-presidente da Câmara Municipal de Paredes pelo Partido Social Democrata