Em tempo de vindimas, muitos foram os cestos que, esta tarde, se encheram de uvas, na Quinta d’Além, em Bitarães, Paredes. Cerca de 300 seniores, de 13 instituições do concelho, juntaram-se para fazer a Festa das Vindimas.

As mãos eram muitas e a colheita fez-se rapidamente. Ainda assim, sentiu-se a azáfama típica de uma vindima. Para muitos foi um reviver de uma actividade que fez parte da infância, para a maioria as vindimas são uma prática agrícola ainda bem presente. Há mesmo quem já vá vindimar novamente na próxima semana.

Esta actividade foi organizada pela Câmara Municipal de Paredes, através do programa Movimento Sénior, em parceria com a Associação para o Desenvolvimento de Lordelo e o Centro Social de Cete. O objectivo foi aumentar os laços de amizade e cooperação entre as IPSS´s do concelho e dar uma tarde diferente aos utentes destas instituições de carácter social.

 

“Antes andava-se de cestos à cabeça e cantava-se”

Vindimas em Paredes
Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Numa terra ainda com carácter bastante rural, vindimar não foi novidade para ninguém. Mas soube bem recordar outros tempos. Quem é o diz é Gracinda Moreira Leal, de 83 anos. “Gostei de vir. Foi pena haver poucas uvas. Isto traz boas recordações, foi sempre o meu trabalho”, conta a utente do lar da Obra de Assistência Social de Sobrosa. Trabalhou na agricultura durante toda a vida, primeiro nas terras dos pais, depois porque serviu 40 anos numa casa de lavrador.

Vindimas em Paredes
Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Também Virgínia Barbosa, de 81 anos, de Rebordosa, sentiu o mesmo. “Foi bom vir aqui lembrar tempos antigos”, assegura, recordando que noutros tempos, apesar de divertida, vindimar era uma tarefa corrida e sempre cansativa.

Vindimas em Paredes
Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Já para Arlete Pereira, de 77 anos, esta pequena vindima foi apenas um aquecimento. “Para a semana vou a uma vindima a sério. É um trabalho duro, mas sempre que posso vou. Adoro colher uvas”, diz a sénior de Baltar. “Hoje em dia é diferente, mas também é bonito. Antes andava-se de cestos à cabeça e cantava-se”, recorda.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar
Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

“Quando eu era novo ia muitas vezes à vindima. Faz bem recordar os tempos de antigamente e o convívio também vale a pena”, garante Fernando Dias, de 70 anos. “Fui apanhando o que os outros deixavam para trás. Devia haver mais uvas para apanhar”, lamenta o utente do Centro Social e Paroquial de Vilela.

 

“Cheguei a andar em vindimas em que, num dia, se colhiam 50 pipas de vinho”

Nesta festa não faltaram também rostos de voluntários que dedicam o seu tempo a ajudar estas instituições.

Vindimas em Paredes
Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

É o caso de Fernando Ferreira, de 70 anos, actualmente motorista da Casa do Povo de Bitarães. O também ex-tesoureiro da Junta de Freguesia de Bitarães, cargo que ocupou por 16 anos, lembra-se da freima da vindima desde os tempos de criança. Trabalhou durante muitos anos na lavoura, actividade a que regressou agora que está reformado. Da colheita, à pisa da uva e até ao lavar das pipas, conhece todo o processo. “E também adoro podar”, diz com alegria. “Cheguei a andar em vindimas em que, num dia, se colhiam 50 pipas de vinho. As vindimas fazem parte da minha existência”, refere.

Já Maria Amélia é voluntária do Centro Social e Paroquial de Recarei. Pelo menos uma vez por semana dedica um dos seus dias a ajudar na instituição. “Estas actividades são boas para eles”, garante a mulher de 65 anos.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar
Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

“Isto é divertido e faz esquecer do resto. Não dá para pensar nas doenças nem em mais nada”, acredita Luís Soares, de 77 anos, voluntário na Santa Casa da Misericórdia de Paredes.

Na Festa das Vindimas participaram a Associação para o Desenvolvimento de Duas Igrejas, a Associação para o Desenvolvimento Integral de Lordelo, a Associação para o Desenvolvimento Integral da Sobreira, a Associação para o Desenvolvimento de Rebordosa, a Casa do Povo de Bitarães, o Centro Social de Cete, o Centro Social e Paroquial de Recarei, o Centro Social de São Miguel de Gandra, o Centro Social e Paroquial de Baltar, o Centro Social e paroquial de Vilela, o Centro Sócio-Educativo de Parteira (Lordelo), a Obra de Assistência Social de Sobrosa e a Santa Casa da Misericórdia de Paredes.

No fim não faltou a merenda tradicional das vindimas, com pão, azeitonas e pataniscas, entre outros. Durante a tarde houve animação musical.