O valor investido em iluminação natalícia, este ano, no concelho de Valongo, já criticado pelo PSD, mas que a Câmara de Valongo afirma ser para três anos, foi debatido em Assembleia Municipal.

A questão foi trazida por Catarina Lobo, eleita do PS, que elogiou a atitude do executivo e apresentou um voto de congratulação sobre as ornamentações natalícias da bancada socialista.

“Este ano de 2020 teve tudo para que nenhuma luz se vislumbrasse, houve isolamento, inibimos afectos físicos, assistimos às consequências económicas e sociais da pandemia”, lembrou, salientando que é num ano como estes que o município tem “especiais responsabilidades”.

“Nesta época é tempo de alegrar e animar as pessoas”, uma prioridade que não é mensurável, admitiu. “É tempo de apoiar o comércio local e não o deixar cair na escuridão, em todo o território e de apoiar um sector que não trabalhou o ano inteiro, ajudando a manter os postos de trabalho”, referiu Catarina Lobo.

A socialista afirmou que a bancada até perceberia as críticas quanto a esta despesa se o município se tivesse demitido de actuar e de reforçar a sua resposta quanto às necessidades existentes que se agudizaram com a pandemia, se não tivesse alargado o apoio às famílias em matéria de refeições, se não tivesse adquirido equipamento informático para as aulas à distância, se não garantisse as condições de funcionamento das escolas ou se não duplicasse o fundo de emergência social.

“Não alinhamos na ideia de que fazer despesa é sinónimo de despesismo, quando a despesa cumpre importantes funções económicas e sociais” e pretende “reerguer a esperança com medidas geradoras de alegria e bem-estar”, afirmou a eleita do PS, apresentando um voto de congratulação ao executivo, “pela melhor iluminação de sempre no pior ano de sempre” em todo o concelho de Valongo.

O tema foi votado e provado com os votos a favor do PS e da CDU, os votos contra do PSD, do CDS e do BE e a abstenção de Arnaldo Soares, presidente da Junta de Alfena.

Em declaração de voto, pela voz de Hélio Rebelo, o grupo municipal do PSD justificou o voto contra dizendo que este voto de congratulação pretende “esconder o ego do senhor presidente da câmara”. “Para o PS Valongo já não importa o mérito da despesa, desde que a mesma traga um diploma, uma medalha, seja a primeira, a mais rápida, ou, como no caso presente, a mais alta árvore de Natal do país”, sustentou.

Afirmando que nada os move contra a iluminação de Natal, “necessária e dinamizadora do comércio local”, os eleitos do PSD alegaram considerar “um bom investimento os 47.000 euros despendidos na iluminação de rua”, mas não os “cerca 380.000 euros gastos na árvore gigante de Ermesinde, mesmo que a despesa seja para três anos”. “Trata-se de um valor exorbitante e muito questionável nas actuais circunstâncias”, frisam.

Como exemplo de necessidades, Hélio Rebelo argumentou que não deviam ter ficado para trás as coberturas que fazem falta nas entradas das escolas primárias. “Lembro que em Outubro, quando confrontado pelos pais sobre a necessidade das mesmas, o vereador da Educação respondeu em reunião de câmara que não eram prioridade e que todos os anos chovia”, criticou o social-democrata.

Orlando Rodrigues, responsável pelo pelouro, pediu a defesa da honra e explicou que as coberturas não deixaram de ser feitas por falta de dinheiro, mas sim porque criavam dificuldades no acesso a veículos de emergência e criavam obstáculos no recreio, pondo em perigo as crianças.