Foi esta sexta-feira apresentado, no Fórum Cultural de Ermesinde, o Plano Municipal de Saúde 2019/2025 | Valongo: Mais e Melhor Saúde, projecto que tem como objectivos promover a qualidade de saúde dos munícipes do território e que integra um vasto leque de actividades. A sessão contou com a presença da Ministra da Saúda, Marta Temido.

O plano está alinhado com os objectivos da Organização Mundial de Saúde até 2025, assumindo-se como um documento estratégico elaborado em parceria com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) que tem como foco a aposta na inovação, a dinamização de sinergias territoriais, a articulação de organizações e acções, bem como o envolvimento da comunidade.

O presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, assumiu que é propósito do executivo, ao implementar este plano, adequar as respostas públicas às reais necessidades da população.

“A qualidade de um município mede-se, cada vez mais, por índices de desenvolvimento humano. O que estamos a lançar agora são as condições para que Valongo consolide, nos próximos anos, a sua posição no pelotão da frente dos municípios saudáveis”, disse, sustentando que o plano tem como foco imediato a mudança de comportamentos a fim de obter resultados na redução de doença a longo prazo, por isso, áreas como a alimentação, a actividade física, a saúde mental e a literacia ganham preponderância no Plano Municipal de Saúde.

O autarca revelou que o Plano Municipal de Saúde se estrutura a partir do desejo de assegurar mais e melhor saúde para os munícipes, proporcionando-lhes as medidas universais de promoção da saúde e de prevenção da doença.

“Este plano nasce da vontade e da percepção que os municípios podem fazer muito, mesmo tendo competências na área da prevenção. Existindo acordo justos entre ambas as partes, as câmaras ficam mais capacitadas para resolver problemas reais como colocar a funcionar um ar condicionado, que uma estrutura mais pesada poderá demorar meio a um ano e uma estrutura mais ágil demora menos tempo”, expressou, adiantando que foi feito um trabalho aturado, com a chancela científica da academia e especialistas nesta área.

“Estamos a falar de um trabalho que envolveu toda a rede social. Este plano é a forma como querermos ser actores na área da saúde. Assumimos a saúde de uma forma transversal na câmara municipal”

José Manuel Ribeiro anunciou que este é um plano que foi  feito com paixão, que quer tomar a saúde como desígnio presente em todas as actividades e decisões estratégicas da edilidade.

“Estamos a falar de um trabalho que envolveu toda a rede social. Este plano é a forma como querermos ser actores na área da saúde. Assumimos a saúde de uma forma transversal na câmara municipal”, concretizou, avançando que este documento tem o contributo de diferentes actores e agentes o que o torna mais rico, nomeadamente o ACES Maia/Valongo e vários operadores do concelho participam deste mesmo desígnio.

O autarca realçou, também, a necessidade dos actores locais e as autarquias fazerem prevenção, assumindo que este plano contribuirá para uma melhoria contínua da qualidade de vida dos cidadãos, na promoção de saúde da população que vive ou trabalha no município.

“Em Valongo há a intenção de fazer a diferença e contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas”

Marta Temido enalteceu o trabalho realizado pela autarquia valonguense e revelou que a saúde é uma rede que só faz sentido quando pensada de forma integrada.

“Felicito o município por ser a primeira cidade portuguesa a integrar a Rede Europeia das Cidades Saudáveis. Pretende-se que estes planos sejam compagináveis com realidade local, sob pena de não passarem de meros anúncios. Em Valongo há a intenção de fazer a diferença e contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Quero facilitar, também, a autarquia por ter aderido ao Programa de Acesso de Consultas de Medicina Dentária, investindo na aquisição de cadeiras de saúde oral”, confessou. “Queremos que as pessoas tenham vidas mais saudáveis e mas felizes”, afirmou ainda, acrescentando que o Governo está aposta em valorizar a qualidade de vida e a saúde dos portugueses.

“Os agentes e vários actores têm de ser capazes de se concentrar nas coisas práticas, naquilo que faz efectivamente a diferença na vida das pessoas sob pena de abrimos a porta aos populismos, à demagogia, à indiferença e até ao cinismo. Se desistirmos de fazer coisas práticas, que se materializem em projectos e planos, não conseguiremos fazer aquilo que é esperado de nós”, atalhou, adiantando que a exigência é uma sentinela da qual não devermos prescindir.

Elisabete Ramos, docente no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), defendeu que este documento é o primeiro passo para que todas as políticas do município tenham uma saúde na sua essência aos diferentes níveis de actuação, permitindo que a escolha em saúde seja o mais participada possível.

A docente esclareceu que as prioridades que foram traçadas partiram do diagnóstico local e tiveram em conta as estratégias nacionais e internacionais para a escolha e redução das patologias com maior impacto na perda de vidas precoces e na perda de qualidade de vida e de bem-estar.

Elisabete Ramos declarou que o plano está estruturado em torno de dois grandes eixos, um designado por melhor saúde, o qual descreve as estratégias e actividades que visam melhorar os indicadores de saúde nesta população. O segundo eixo, designado mais governança, descreve as estratégias que foram delineadas para que a execução do plano seja a mais efectiva possível incluindo a monitorização e avaliação de todo aquilo que for delineado e implementado.

A professora declarou que foram definidos um conjunto de objectivos estratégicos que foram organizados em quatro grupos, comportamentos e estilos de vida, saúde mental, comunicação e literacia, prestação e acesso aos cuidados de saúde, que passam por reduzir o consumo nocivo de álcool e o uso de tabaco; reduzir a inactividade física e melhorar a ingestão alimentar; inverter a tendência na evolução da prevalência de obesidade, particularmente de obesidade infantil e diminuir factores de isolamento da população.

No domínio dos objectivos estratégicos pretende-se, também, melhorar a saúde mental; diminuir e prevenir a violência interpessoal; melhorar a comunicação e a literacia em saúde; melhorar o acesso aos cuidados de saúde.

Para cada um destes grupos foram definidas metas a alcançar até 2025.

No que toca ao grupo comportamentos e estilos de vida, o Plano traça como metas reduzir em 10% o consumo nocivo de álcool, reduzir em 30% o uso de tabaco; reduzir em 10% a inactividade física; implementar alteração de comportamentos alimentares; reduzir 30% a ingestão diária de sal; aumentar em 10% o consumo de hortícolas e reduzir em 25% o consumo de açúcar em crianças 1.º ciclo.

No eixo saúde mental, são metas a atingir reduzir em 10% o sentimento de isolamento; reduzir em 10% a sintomatologia depressiva; aumentar em 10% a qualidade de vida; aumentar em 20% o número de denúncias de violência (violência física, sexual ou psicológica, bullying e ciberbullying) e reduzir em 10% os episódios de violência interpessoal.

No grupo da comunicação e literacia, o plano traça como propósitos garantir a divulgação mensal de novas informações de saúde através dos meios de comunicação e divulgação da edilidade; capacitar todos/as os/as profissionais de comunicação do município para as especificidades das temáticas da saúde; mapear as pessoas que prestam cuidados informais e assegurar a formação de pelo menos 25% das pessoas mapeadas.

O eixo prestação e acesso tem como finalidade aumentar em 25% a adesão aos rastreios nacionais, identificar, mapear e operacionalizar sistemas de resposta para as pessoas em situações de maior vulnerabilidade específica (pobreza extrema, frio, calor, inundações, etc.)

O director do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), Henrique Barros, realçou os ganhos obtidos ao longo de quatro décadas de Serviço Nacional de Saúde, frisando que existem ainda desigualdades regionais, assimetrias, sendo responsabilidade dos agentes e actores locais e nacionais das mais diferentes áreas mitigar essas desigualdades.

Henrique Barros assumiu que as pessoas devem estar sempre no centro das decisões. “Espero que daqui a uns anos possamos dizer que cumprimos as metas e que é possível haver parcerias criativas entre as academias e as autarquias”, concretizou.