Continuando o périplo que temos vindo a fazer pela região na nossa análise pré-eleitoral, esta semana vamos a Valongo.

José Manuel Ribeiro, que se candidata, pelo PS, ao seu terceiro mandato consecutivo, parte, por isso, com aquela vantagem que já anteriormente mencionámos da inércia do eleitorado em manter quem está em exercício do cargo, também pelo efeito da obra realizada. Além disso, vem também embalado pelo número de vereadores de que dispõe o PS – seis – contra três apenas do PSD.

Para tentar fazer esquecer esta diferença de números e aquele que foi o seu pior resultado eleitoral no concelho, o PSD candidata Miguel Santos. Mas há alguns obstáculos no caminho do candidato no que diz respeito a uma imagem de força, consenso e unidade dentro do seu partido, de modo a poder apresentar um plano vencedor no imediato ou um plano de preparação de vitória a prazo.

Do currículo de Miguel Santos consta a experiência de ter sido presidente da concelhia de Valongo, director do jornal do PSD, “Povo Livre”, e deputado à Assembleia da República nas duas últimas legislaturas, mas a continuidade como deputado foi impedida por Rui Rio, que não aprovou o seu nome para o círculo eleitoral do Porto. Esta decisão foi tão penosa que, na sua carta aos militantes do concelho a anunciar a sua candidatura à Câmara Municipal, Miguel Santos dedica mais espaço a queixar-se da atitude do líder do partido do que a informar os militantes das linhas políticas, intervenções e projectos que, caso vença, pretende pôr em prática localmente.

Ora, é exactamente neste âmbito local que Miguel Santos se propõe agora trabalhar e é neste âmbito que nunca foi sufragado como cabeça de lista. Aprovado por unanimidade pela sua concelhia, há, no entanto, provas de que a sua candidatura não tem à sua volta o consenso que certamente desejaria. É o caso da candidatura autónoma do ex-militante do PSD Armindo Ramalho, que, reunindo militantes e simpatizantes do partido, pode ser uma força divisora de dimensão ainda por apurar.

Outra força divisora poderá ser o Chega, atendendo a que, nas eleições legislativas, obteve oito porcento dos votos recolhidos no concelho, o equivalente ao que a CDU obteve em 2013, quando conseguiu eleger um vereador. Será necessário aguardar para ver qual será o efeito real, para a candidatura do PSD, do desvio combinado de votos para as listas de Armindo Ramalho e do Chega.