Em dia dedicado ao S. Bartolomeu e à consagração das cebolas, com a realização da tradicional Feira de S. Bartolomeu, na Avenida Gaspar Baltar, em Penafiel, a Confraria do Presunto e da Cebola distinguiu, esta manhã, com o primeiro prémio Joaquim Ramos da Costa, produtor de Penafiel, há 52 anos, participante que já arrecadou vários prémios neste concurso.

Manuel Carvalho, produtor de Milhundos, também de Penafiel, arrecadou os prémios de Quantidade, melhor cebola de Qualidade e o segundo lugar.

Joaquim Rocha, produtor de Duas Igrejas, Penafiel, obteve o terceiro prémio e Vera Rocha, da freguesia de Urrô, também de Penafiel, obteve o prémio Juventude.

Ao Verdadeiro Olhar, Joaquim  Ramos da Costa mostrou-se agradado com  a distinção que lhe foi conferida pelo júri, assumindo que apesar dos prémios já acumulados é sempre gratificante ver o seu trabalho reconhecido.

“Há vários anos que participo na Feira das Cebolas e já tenho para cima 25 prémios. Claro que todos tem um significado especial para mim, cada um tem uma história e este ano fui novamente  distinguido o que me deixou extremamente  satisfeito”, disse.

Ao Verdadeiro Olhar, Joaquim Ramos da Costa, referiu que o negócio e produção da cebola já vem de família.

“Recordo-me do meu pai fez esta feira durante anos e de ter sete anos e da cebola ser comercializada a dois tostões o quilo”, frisou, reconhecendo, por outro lado, que este ano o mau tempo acabou por prejudicar a cebola, no seu diâmetro, sendo que esta, em virtude do mau tempo, acabou por apresentar uma configuração mais pequena.

“No tempo da plantação choveu bastante e isso prejudicou porque as terras não davam para meter o cebolo”, frisou, salientando, no entanto, que o calor intenso que se fez sentir já no início de Agosto foi bom e ajudou ao seu ciclo de maturação.

“Apesar de tudo, a cebola é de excelente qualidade. Habitualmente costumo colocar na feira cerca de 20 toneladas, mas este ano trouxe apenas 15 toneladas”, explicou, sustentando produzir diferentes qualidades de cebola, embora a mais procurada seja a garrafal, que foi recentemente certificada.

“Tenho várias qualidades porque os clientes nem sempre querem a mesma. A garrafal é uma das mais pedidas, está certificada e é uma cebola única que tem uma procura crescente e é óptima para degustar”, afirmou.

“A cebola se for vendida abaixo  de 50 cêntimos o quilo dá prejuízo”

Quanto ao preço da cebola,  Joaquim Ramos da Costa realçou que varia o tarifário varia entre os 80 e 90 cêntimos o quilo.

“Este ano, o preço estabelecido paga bem o trabalho. A cebola se for vendida abaixo  de 50 cêntimos o quilo dá prejuízo. O seu preço tem de daí para cima”, sublinhou, afirmando que trabalhar a cebola é um trabalho árduo, que exige entrega e muita determinação.

Manuel Carvalho, produtor de Milhundos, concelho de Penafiel, distinguido com os prémios Quantidade, melhor cebola de Qualidade e o segundo prémio mostrou-se grato pela distinção do júri.

“Habitualmente vendo 23 toneladas de cebola na feira. Esta foi a primeira vez que tirei três prémios o que me deixa satisfeito e constitui um incentivo para continuar a aprimorar as técnicas de produção”, disse, esclarecendo que apesar da quebra de produção espera obter obter este ano perto de 55 toneladas de cebola.

Joaquim Rocha, Duas Igrejas, Penafiel, vencedor do terceiro prémio, mostrou-se igualmente agradado pela distinção e referiu ter sido a primeira vez que obteve um prémio na feira.

“Foi a primeira vez  que venci um prémio, o que me deixa orgulhoso e com vontade para continuar a produzir cebola de qualidade”, manifestou, confessando que apesar da quebra na produção, conseguiu escoar todo o produto que colocou na Av. Gaspar Baltar.

“São necessários mais incentivos para o sector e para os mais jovens que querem dar passos nesta actividade”

“Vendi já oito toneladas e já fui a casa abastecer novamente”, afiançou, assegurando que a produção de cebola é um complemento à sua actividade principal.

“Dedico-me à cebola apenas aos fins.de-semana. É uma actividade que gosto de desenvolver e tenho um neto que já sabe encabar, o que é caso para dizer que a produção está assegurada”, atalhou.

Vera Rocha, Urrô, Penafiel, vencedora do prémio Juventude, manifestou pareço  pela distinção e reconheceu que é preciso continuar a investir no sector, apoiando os jovens agricultores.

“Este é o meu quarto/quinto prémio Juventude que obtenho, mas cada prémio tem o seu valor simbólico e obviamente que estou satisfeita com a distinção”, concretizou, defendendo que é necessário continuar a investir no sector de forma a aliciar os jovens produtores.

“São necessários mais incentivos para o sector e para os mais jovens que querem dar passos nesta actividade”, confessou.

“As confrarias assumem um papel vital nomeadamente na promoção dos produtos endógenos da região”

O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, relevou a importância das confrarias, nomeadamente da Confraria do Presunto e da Cebola.

“As confrarias assumem um papel vital nomeadamente na promoção dos produtos mais simbólicos, mais relevantes, dos recursos endógenos da região e em particular do concelho de Penafiel”, adiantou, salientando que apesar do papel das confrarias ainda há quem desconheça e até minimize o seu trabalho em prol dos produtos endógenos do território.

“Quero enaltecer o facto da cebola garrafal ter sido certificado, o que é uma mais-valia para o concelho e diz bem do trabalho desenvolvido por esta confraria”, atestou.

O grão-mestre da Confraria do Presunto e da Cebola, Joaquim Ferreira, reconheceu que as alterações climáticas acabaram por influenciar negativamente o ciclo de produção da cebola, tendo a produção deste ano tido uma quebra de cerca de 30%, o equivalente a 150 a 200 toneladas.

“Contudo a cebola é de boa qualidade e apraz-me verificar que a Confraria numa parceria com a Cooperativa de Penafiel e um agrónomo vai ter à venda 10 toneladas de cebola da Cooperativa em sacos devidamente acomodados de cinco e três quilos”, expressou, concretizando que a certificação da cebola garrafal foi um passo determinante para a afirmação desta iguaria, sendo que a Confraria do Presunto e da Cebola está apostada, agora, em certificar a cebola no campo.

“Queremos alargar para colocar a cebola nas grandes superfícies, um projecto para iniciar em 2019”, constatou.