Foto: Câmara de Paredes

Uma viagem pela arte de esculpir a madeira até à industria do mobiliário é a proposta que a Câmara Municipal faz, de 24 de Setembro a 9 de Outubro, através de vários roteiros temáticos que vão transportar os visitantes ao mundo desta matéria prima, de peças e do mobiliário no município de Paredes”, avança a autarquia.

O Festival de Artes em Madeira convida a 16 dias de “pura criatividade”, onde nesse périplo se cruzam também “exposições, oficinas artísticas de escultura e da arte da talha, dança, música, teatro, fotografia, escultura e a performance”, entre outras actividades.

A abertura desta primeira edição está agendada para dia 24 de Setembro, às 8h30, com início no Centro de Formação Profissional das Indústrias da Madeira e Mobiliário, em Lordelo, onde será feita a “contextualização do processo evolutivo desta actividade” até aos nossos dias, como forma de mostrar a “importância e o contributo da indústria do mobiliário para a afirmação da identidade do concelho de Paredes”, diz o município.

A viagem prossegue até Rebordosa, onde os visitantes podem ir ao “encontro da história” que envolve esta indústria. Uma paragem que inclui uma visita à empresa produtora de cadeiras, Fenabel, onde está patente uma exposição de pintura de Agostinho Santos, com curadoria de Valter Hugo Mãe, e que pretende assinalar os 100 anos de Saramago. A exposição pode ser visitada, para além deste momento inaugural, entre as 14h00 e as 17h00, nos dias 30 de Setembro, 7, 14, 21 e 28 de Outubro.

O segundo roteiro, no dia 1 de outubro, prevê a ida a uma oficina da talha e igreja onde se destaca a Arte Sacra. O percurso dá a conhecer estes trabalhos fazendo um enquadramento do funcionamento de uma oficina, apresentação das tipologias da madeira, técnicas e ferramentas usadas e algumas terminologias associadas ao ofício. Os participantes terão a oportunidade de “meter a mão na madeira e nas ferramentas” para experimentarem como é feito este trabalho. Segue-se a visita à igreja local de Louredo para contemplar a talha dourada.

O percurso do terceiro roteiro, que decorre a 2 de Outubro, contempla a ‘Rota dos Engenhos e dos Serradores’ para um curto trajecto por uma área de floresta, onde se pode encontrar “matéria-prima para a indústria do mobiliário”. Além disso, há uma passagem pelos engenhos hidráulicos, para dar a conhecer a “história e evolução da serração da madeira”, passando pelas “caldeiras a vapor até à energia elétrica”. Do programa constam ainda passagens por duas instituições de eletrificação existentes nas freguesias de Lordelo e Rebordosa.

Foto: Câmara de Paredes

O quarto e último roteiro, no dia 8, analisa o percurso do “Tronco à Cadeira”, onde os participantes são convidados a “recuar no tempo, voltando ao início do trabalho da madeira em Paredes, quando as cadeiras eram dos produtos mais produzidos no território”. Já a “figura da carreteira, mulheres que transportavam as cadeiras à cabeça e às costas, é também aqui motivo de evocação e homenagem”, explica a Câmara.

Cada um destes percursos tem a duração de cerca de 4h30 e procuram enquadrar a história da indústria do mobiliário, fazendo uma “ligação do visitante às artes e ao território”.

Estas ‘viagens’ são gratuitas, mas limitadas a uma inscrição prévia que tem que ser feita no site do evento, através do endereço festivaldasartesemmadeiradeparedes.pt ou pelo formulário que consta no site do município.

Exposições que resultam da interação com o artista convidado – Luc Lavault e quatro duplas criativas entre artesãos e artistas: Leonie Kohut e Paulo Moreira, Cláudia Ribeiro e Maria Clara Leal, Arlindo Moura e José Augusto Machado, Adriana Pacheco e Rita Silva (Rita do Serrador) são eventos elencados na programação e designados de “parcerias criativas” que são a “matriz deste festival”.

Assim, esta ‘festa artística’ recebe quatro colaborações, que vão decorrer durante todo o festival, com o objectivo de “incentivar o diálogo artístico, a partilha de técnicas e de experiências”, sendo que também se “questionam as fronteiras entre artista e artesão”. Os trabalhos finais vão ser expostos na Casa da Cultura de Paredes, a partir do dia 8 de Outubro.

Paralelamente aos roteiros, o primeiro dia do festival vai “à praça” com a inauguração da instalação artística do autor austríaco Patrick Hubmann, prevista para as 16h30. O Parque José Guilherme acolhe ainda a criação de “A Praça é Nossa”, um projecto participativo da comunidade cigana de Paredes, que teve como base “pensar o espaço público como lugar de encontros e desencontros, espaço físico de partilha e de momentos especiais”. O dia fecha com a performance VOID [Vazio], teatro de Rua e Novo Circo, direção artística de Paulina Almeida e o despique entre as Bandas Filarmónicas de Vilela e de Cête.

No segundo dia do Festival de Artes em Madeira destacam-se as exposições de fotografia e escultura, trabalhos que são o resultado do concurso e que podem ser apreciados na Casa da Cultura.

Para 27 de Setembro, e numa parceria com os Amigos da Cultura de Paredes, há poesia “Marcenaria de Versos”, pelas vozes de Isaque Ferreira e Rui Spranger.

A masterclass de Nyckelharpa, com Vicki Swan, uma parceria com o Centro Português de Nyckelharpa, decorre a 28 de Setembro, seguindo-se, um dia depois, o seminário “A Madeira do Som, O Som da Madeira”, também na Casa da Cultura local.

São seis oradores que estão convidados a partilhar o seu trabalho em torno dos instrumentos de madeira, numa sessão que se divide em dois momentos: “A Madeira do Som – dedicado às técnicas de construção de instrumentos de madeira” e o “O Som da Madeira – dedicado à recolha e ao registo da música tradicional”. Cristiano Marques da Costa, investigador e Amigo da Cultura de Paredes, fará uma contextualização histórica desta profissão no concelho.

O dia 30 é ainda dedicado às oficinas da talha e da escultura, com oito participantes cada, também sujeito a inscrição prévia.

O ponto de encontro do dia 1 de Outubro acontece em Aguiar de Sousa, no Parque Natural da Senhora do Salto, às 10h00. Aí, os participantes vão ter oportunidade de iniciar um périplo que vai da “profundidade da raiz à queda da folha”, da autoria de Mariana Amorim que, às 14h30, no mesmo local, vai dirigir a oficina e composição coreográfica “A Floresta Dança”. O dia termina às 21h30, na Alameda de S. Pedro em Sobreira, com jazz, num concerto da Paredes Big Band.

Para 2 de Outubro, às 11h00, na Biblioteca de Rebordosa, está prevista a performance sonora e poética para famílias com “O Som do Algodão”. CUMULUS é um espaço de partilha que usa como ponto de partida “O Jogo das Nuvens” de Johann Wolfgang Goethe. Às 16h00 é a vez do Centro Paroquial de Gandra receber o espetáculo “Histórias com Música lá Dentro” com O Som do Algodão.

O Conservatório de Música de Paredes realiza um concerto às 21h00 do dia 4, na Igreja de São Cristóvão de Louredo, onde vão soar instrumentos construídos com madeira e que remontam a tempos imemoriais, que sempre fizeram parte do universo e da história musical. Este concerto contará com a apresentação de professores, alunos e ensembles instrumentais da família das madeiras do Conservatório de Música local.

No feriado de 5 de Outubro celebram-se as “Danças Tradicionais do Mundo”, com a oficina de Dança de Rute Mar, às 10h30, no Pavilhão Multiusos de Astromil.

A “Masterclass de Percussão”, com Luís Bittencourt, está agendada para 6 de outubro, às 15h00, no Conservatório de Música de Paredes. Aqui serão invocados os ritmos tradicionais da música brasileira, instrumentos utilizados, técnica, fraseado e sonoridade, improvisação e dinâmicas de grupo, assim como repertório.

Às 21h00, na Casa da Cultura, sobem ao palco as “Memórias Líquidas” num concerto de Luís Bittencourt, “um espectáculo sonoro e visual hipnotizante, que apresenta a água como instrumento musical. Elemento precioso para a vida humana, a água torna-se objeto de exploração artística do percussionista Luís Bittencourt, que procura desvendar o seu verdadeiro potencial”.

A música encerra o festival com um concerto dos Galandum Galundaina, às 21h30, no Parque José Guilherme.

Citado na nota do município, o autarca de Paredes destaca que este evento quer “homenagear todos os mestres e artesãos que estão, de certa forma, ligados às artes da madeira e do mobiliário. As mãos dos entalhadores, dos carpinteiros, dos torneiros, dos escultores de madeira moldam a identidade e a indústria de Paredes”. Além disso, elencou Alexandre Almeida, visa ainda “perpetuar a memória das carreteiras, as mulheres que transportavam os móveis às costas, desde o território de Paredes, percorrendo estradas e caminhos, até ao grande Porto”, assim como dar a conhecer a evolução desta indústria no concelho que “concentra mais de 64% das exportações nacionais de móveis”.

Já a vereadora da Cultura e do Turismo sublinha que este evento pretende valorizar aqueles que “contribuem para escrever a história de Paredes. Em diferentes disciplinas artísticas, homenageamos artesãos e artistas, escultores e entalhadores, músicos, pensadores e as mulheres carreteiras.”

Por isso, Beatriz Meireles enfatiza os “espetáculos que convocam abordagens e linguagens menos convencionais e em formatos inusitados”, sendo que é também “um circuito de cultura e arte realizado, através da distribuição criteriosa de eventos pelas freguesias do concelho, permitindo que se sinta a essência de cada uma e se viva o contributo nas artes em madeira”.