Um dos animais que terá sido envenenado e que sobreviveu | Foto: DR

Ao todo, desde sábado, cerca de seis animais, cães e gatos, alguns com dono, morreram envenenados em Aguiar de Sousa, Paredes. A GNR, diz o presidente da junta, já está a investigar. A par disso, a freguesia debate-se com outro problema: o crescimento do número de animais abandonados. No total, por todo o território, haverá uma centena de animais errantes sem solução à vista, lamenta Fernando Santos.

“Isto está a tomar proporções preocupantes, o veneno já foi para análise”, adianta o autarca, afirmando que a junta de freguesia e a Câmara Municipal estão a acompanhar a situação.

Quanto aos animais vadios, que andam “em grupos de seis a sete” e muitos “escondidos no monte e só saem à noite”, Fernando Santos sustenta que fazem barulho à noite e alguns já causaram estragos em galinheiros. O objectivo é que sejam capturados e encaminhados para o canil. “Curiosamente quando as autoridades vêm cá eles não aparecem”, comenta, acrescentando que há populares que os protegem.

Sara Nogueira, habitante de Aguiar de Sousa apaixonada por animais descreve o que se tem passado nos últimos dias, quando, um após outro, começaram a surgir animais mortos ou moribundos e com sintomas de envenenamento.

“Já na quinta-feira foi avistado um cão com sintomas que está desaparecido. Na sexta-feira, à procura desse animal encontramos um gato morto, com dono, que desconfiamos que tenha sido do mesmo. No sábado desapareceu uma cadela que costumava estar sempre dentro de casa”, refere. Quando procuravam essa cadela descobriram um “pedaço de carne suspeito com um gato morto ao lado”, tudo numa zona de habitações. “Muito próximo da casa onde uma criança de dois anos costuma brincar”, alerta. Ligaram para o SEPNA – Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR que foi ao local recolher o animal e a carne alegadamente envenenada.

Mas os casos continuaram no domingo, mesmo no centro da aldeia. Aí um cão de rua começou a mostrar sintomas, “a espumar-se e com convulsões”. Voltaram a chamar a GNR e o animal, que foi para o canil, salvou-se, afirma Sara Nogueira. Já esta semana, um grupo de jovens viu um animal a cheirar qualquer coisa e encontrou um bocado de carne com anzóis enfiados. “Hoje fui com uma cadela ao veterinário e tinha engolido dessa carne com anzóis”, dá como exemplo a paredense.

Sara Nogueira não esconde que gosta de animais e faz tudo o que pode para arranjar família e mesmo esterilização aos que encontra abandonados, mas concorda que “Aguiar de Sousa é um depósito de animais. Tira-se um hoje da rua e amanhã há outro”, confirma.

A residente em Aguiar de Sousa lembra ainda que estas situações de envenenamento não são novas. Há cerca de dez anos, conta, houve “um massacre horrível” com vários cães a aparecerem mortos na freguesia. “Quem está a fazer isto só é mais ousado porque está a fazer no meio das casas, a pôr em causa a saúde das pessoas e a matar mais animais domésticos do que vadios”, condena. “Isto é um crime”, conclui Sara Nogueira.