No passado fim-de-semana, o concelho de Paredes acolheu, pela primeira vez, o Congresso da Federação Distrital do Porto do Partido Socialista. O evento serviu, acima de tudo, para marcar a início do mandato de Manuel Pizarro à frente daquele órgão partidário e foi, ao mesmo tempo, um momento de afirmação do Partido Socialista local que, pela primeira vez na história democrática, dirige os destinos do concelho.

Na organização do evento há dois pormenores que se salientam. O primeiro tem que ver com a composição da mesa de honra do congresso, para a qual foram chamados os presidentes de câmara do distrito eleitos pelo PS. A representar Paredes estava Francisco Leal, o vereador eleito pelo PS, mas que, ainda há pouco tempo, era secretário da Assembleia Municipal de Paredes eleito pelo PSD e militante daquele partido com cotas em dia. Estranha-se que o PS de Paredes o tenha escolhido para se fazer representar quando entre os seus vereadores tem o socialista Paulo Silva.

O segundo pormenor, este mais caricato, foi quando, depois do anúncio dos resultados da votação da eleição dos órgãos federativos, a sessão de encerramento do congresso começou com uma intervenção de Domingos Barros, empresário independente, irmão de um dos vereadores do PS e conhecido por ter uma relação profissional com o agora presidente da Câmara Municipal. A situação foi embaraçosa ao ponto de o presidente do congresso ter tido dificuldade em apresentar o empresário de modo a justificar a sua intervenção.

Uma nota final para o discurso de encerramento do presidente do PS de Paredes, José Carlos Barbosa, que aproveitou o momento para lembrar ao Governo que a beneficiação da Linha do Douro deveria ser encarada como estratégica para combater as assimetrias regionais e para o desenvolvimento de toda a região. De facto, não adianta continuar a falar em alta velocidade e ligações internacionais quando os projectos da ferrovia convencional estão parados e em mau estado. Basta recordar que, há poucos dias, o jornal “Público” divulgou o relatório da Infra-Estruturas de Portugal que mostrava que 60 por cento das linhas de caminho-de-ferro estão em mau estado e que uma das duas piores do país é a Linha do Douro.

Numa altura em que o Governo volta a falar das ligações internacionais, é importante lembrar o acordo que celebrou com o Governo espanhol em que se comprometeu a reabrir a Linha do Douro entre Pocinho e Barca de Alva para permitir a ligação a Boadilla e, daí, a Madrid.