O presidente da Câmara Municipal de Lousada, Pedro Machado, desafiou, esta manhã, a Rede Social a criar no concelho uma Comissão de Protecção dos Idosos e Adultos Dependentes, manifestando a disponibilidade do município em contribuir para este objectivo.  

O autarca falava no âmbito do VI Seminário da CIIAD “Cuidar em Humanitude”, que decorre no auditório da Escola Secundária de Lousada, quando defendeu que, a par do que já se sucede na CPCJ – Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, existe a necessidade de olhar para os mais idosos e vulneráveis, criando estruturas formais de apoio e protecção social a estas pessoas, tantas vezes menosprezadas.

A temática do envelhecimento e do problema demográfico deve preocupar a todos, salientou Pedro Machado. “O país e a Europa em geral têm muitos problemas. Mas há um problema que já existe há muito tempo e tem sido relegado para segundo plano por força de outros problemas que surgem. Falo do problema demográfico que tem sido posto em segundo lugar, que existe e está a agravar-se”, sustentou o edil.

“A população está cada vez mais envelhecida e isso coloca desafios difíceis de ultrapassar. Em Lousada, apesar de o cenário não ser tão grave como no resto do país, também há desafios”, declarou, lembrando que a população com mais de 65 anos está a aumentar. “Actualmente são 7295 (pessoas). Em 2011, eram 11% e agora são 15,4% (da população)”, referiu o presidente do município. “Ou seja, a nossa população com mais de 65 anos está a aumentar, como está a aumentar no país, não com o mesmo ritmo, mas não deixamos de ter também esse desafio”, frisou.

Defendeu ainda que “é preciso trabalhar este tema muito mais cedo, para que o envelhecimento seja activo, que as pessoas se sintam mais úteis e integradas”. Já para os idosos mais frágeis e adultos dependentes “é preciso haver respostas cada vez mais efectivas” e não se pode centrar as atenções apenas nos que são cuidados, mas também naqueles que cuidam. “Temos de nos lembrar de quem está em casa a cuidar de familiares, numa dedicação por vezes exclusiva e exagerada, e que muitas vezes acabam por comprometer a sua própria saúde. A sociedade tem de estar atenta e dar contributo para que essas pessoas tenham vida melhor”, afirmou Pedro Machado, lembrando a parceria feita com a Santa Casa da Misericórdia de Lousada para dar apoio aos cuidadores informais.

“A Câmara municipal quer reforçar tudo o que sejam parcerias para que os cuidadores informais tenham rectaguarda que permita ter uma vida mais digna, ou vamos agravar cada vez mais o problema”, sustentou.

No final, o autarca deixou o desafio: “Lançava aqui um novo desafio porque esta área ainda tem muito que avançar. A exemplo do que acontece com as crianças e jovens em risco nós sabemos que os idosos e os adultos dependentes também são um público-alvo com muito risco”, pelo que, à semelhança do que já existe noutros concelhos, manifestou a disponibilidade de a Câmara apoiar a criação, ao nível da Rede Social, de uma Comissão de Protecção dos Idosos e Adultos Dependentes.

Antes, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lousada, Bessa Machado, organizadora da sessão, lembrou que este seminário devia ter acontecido há dois anos, mas foi adiado pela pandemia. Tem como tema dois temas que lhe são caros: “humanitude” e cuidadores informais.

“Costumo dizer que só estamos verdadeiramente despertos para esta realidade quando passamos pelas situações. Isso aconteceu comigo”, disse, recordando que é cuidador informal. “Quem cuida de alguém, cuida dias, meses, anos. A família esquece-se que está ali um problema. A pessoa é esquecida pelo Estado e sociedade”, admite, considerando ambos os temas “extraordinariamente importantes”.