Aparentemente, as eleições para o Parlamento Europeu vão dominando as notícias sobre política nacional. No entanto, nos bastidores dos partidos políticos, do que realmente se fala é da constituição das listas de deputados à Assembleia da República, para as eleições que vão decorrer no dia 6 de Outubro. Por isso, antes que os líderes partidários dêem o assunto por encerrado, é importante que os autarcas tratem de assegurar a representação da sua região, quer pelo número de deputados a incluir nas listas em lugares elegíveis, quer pela qualidade dos nomes propostos.

É verdade que a Constituição da República Portuguesa afirma que os deputados representam todo o país e não os círculos por que são eleitos e que devem exercer o seu mandato livremente. Mas também é verdade que são eleitos por um partido e pelas pessoas de um distrito, já que não são organizados numa única lista nacional. Por isso, para além de representarem todo o país, devem lealdade ao partido pelo qual foram eleitos e aos seus eleitores.

O círculo eleitoral do Porto abrange uma população de cerca de dois milhões de habitantes e, na proporcionalidade nacional, elege 39 deputados. Um quarto da população do distrito encontra-se nos concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo, que, na proporção distrital, deveriam eleger dez deputados. No entanto, elegem apenas três, sendo que o terceiro é Conceição Bessa Ruão, que entrou como suplente. Se queremos deputados com representatividade e pluralidade, a região não pode eleger apenas três deputados.

Na realidade, trata-se de uma limitação séria à satisfação das necessidades da região.

Por exemplo, se Penafiel quer continuar a reivindicar a construção sempre adiada do IC35, tem de contar com alguém que, apara além de representar o país, lembre a quem de direito a urgência na construção desta estrada. Não deve ter sido por acaso que os únicos progressos registados no processo do IC35 se deram quando o penafidelense Mário Magalhães exerceu o cargo de deputado.

No caso de Valongo, o concelho fica a meia dúzia de quilómetros do Porto e continua a não ser servido pela linha de metro. Por seu lado, Vila do Conde, que fica a mais de 30 quilómetros do Porto, tem uma linha de metro quase desde o início. Provavelmente, a influência exercida pelos eleitos por aquela região foi muito superior aos de Valongo.

Da mesma forma que não se compreende que Paredes faça parte da Área Metropolitana do Porto e só agora  esteja prevista a implementação do sistema Andante nos transportes públicos. Compreende-se ainda menos que uma deputada que é do concelho nunca tenha feito uma intervenção a sobre este assunto.

E se Paços de Ferreira quer continuar a sonhar com a linha do comboio, vai ter que fazer lobbying com toda a região para eleger alguém que defenda o projecto.

Ou seja, parece que este é o momento para os autarcas e os presidentes das comissões políticas concelhias ponderarem todo este conjunto de questões, esperando-se que, entre outras conclusões, tomem as de que é preciso conseguir eleger um número maior de deputados, de forma a conseguir uma proporcionalidade inter-regional mais justa, e que é preciso eleger gente competente e comprometida com a região. Se assim não for, prolongar-se-á a situação de irrelevância política da região na escala nacional, com as graves consequências que tem vindo a sentir na vida de todos os dias quem aqui mora.

O maior do mundo e arredores

Lembra-se do maior mastro de Portugal? Aquele que se ia ver daqui até onde o Judas perdeu as botas? Lembra-se do ridículo nacional em que se tornou? Prepare-se! Vem aí outra loucura parecida. Ontem, a Câmara Municipal de Paredes divulgou que, como forma de promover o sul do concelho, vai lançar uma competição internacional (sim, leu bem: internacional) para encontrar a maior abóbora, o maior melão, a maior melancia e o maior tomate.

Desde pequenino que ouvia a minha mãe a dizer que a sol faz mal à moleirinha. Tendo em conta os dias de sol intenso que temos tido e as medidas anunciadas, sou obrigado a dar razão à minha mãe.