Por estes dias, li as 70 páginas do Relatório de Auditoria às Demonstrações Financeiras em 31 de Dezembro de 2017, encomendado pela Câmara Municipal de Paredes à sociedade de revisores de contas BDO, e que será dado a conhecer aos membros da Assembleia Municipal na próxima sexta-feira.

Tal como tinham feito os anteriores presidentes Granja da Fonseca e Celso Ferreira, Alexandre Almeida entendeu por bem mandar fazer uma auditoria independente às contas da autarquia, no que está no seu direito. Sobre os resultados, umas breves notas:

1 – É de estranhar que os auditores afirmem que não conseguiram auditar o imobilizado e as amortizações do mesmo porque “não conseguiram obter as informações necessárias”. Ora, as contas do Município sempre foram auditadas por diferentes revisores oficiais de contas e, à excepção da rede de iluminação pública, que é gerida pela EDP, todo o imobilizado foi contabilizado. Fica por saber se os auditores não obtiveram essa informação porque não a pediram ou porque esta não lhes foi facultada;

2 – A mesma situação acontece relativamente à rubrica relacionada com circulação de saldos dos fornecedores de imobilizado. Mais uma vez, fica-se sem saber se não pediram a informação ou se esta lhes foi negada;

3 – O dado mais relevante desta auditoria é o que diz respeito ao valor da dívida em 31 de Dezembro de 2017. Os auditores afirmam que a dívida da Câmara Municipal de Paredes, à data de 31 de Dezembro de 2017, era de €50.802.513, ou seja, mais euro menos euro, é o valor que o anterior executivo afirmava ser a dívida municipal, abaixo do limite de endividamento.

Apetecia-me escrever que “a montanha pariu um rato”, mas a verdade é que neste caso a montanha nem sequer estava grávida.

É certo que já passou quase metade do mandato autárquico e que este assunto deveria ter sido resolvido bem mais cedo. No entanto, agora que a auditoria é conhecida, espera-se que a troca de acusações entre PS e PSD sobre o passado termine e que, daqui para a frente, o PS possa governar com as contas que tem e que ponha em prática o seu programa eleitoral. Mexer no passado é envenenar o futuro.