Foto: Verdadeiro Olhar

É incontornável e não poderíamos escolher outro para acontecimento do ano 2020. Foi esta região a primeira a ser afectada pela pandemia Covid-19 e pelas suas consequências e foi aqui que os números mais cresceram na segunda vaga, obrigando à adopção de medidas mais restritivas.

Num vírus que não encontra fronteiras, Lousada foi o primeiro município debaixo de fogo, registando dos primeiros casos do país, e foi obrigado a fechar escolas e equipamentos. Mas rapidamente as medidas se alargaram aos concelhos vizinhos tentando impedir o impossível: a propagação de um inimigo invisível que se combate com a distância e o sabão nas mãos.

Restrições foram muitas e também as medidas lançadas pelas câmaras da região para tentar colmatar algumas das dificuldades que os encerramentos forçados de comércio, indústria e serviços e a quebra de rendimentos na população iam colocando. Os serviços foram adaptados, foram criadas respostas específicas, criados centros para acolher doentes Covid – que acabaram por nunca ser usados -, as actividades desportivas e culturais passaram a virtuais e ganharam espaço nas redes sociais ou através de plataformas como o Zoom. Foram lançadas linhas solidárias. Fecharam as visitas a doentes e aos lares de idosos, muitos deles fustigados por esta infecção. As máscaras e o álcool gel passaram a impor-se. As idas ao supermercado passaram a ser feitas cheias de cuidados. Chegaram a telescola, as teleconsultas, o teletrabalho, o distanciamento social e as saudades da família e dos amigos que cada um foi tentando esbater com conversas telefónicas e chamadas de vídeo. Nunca dependemos tanto da tecnologia.

Seguiram-se meses em que as palavras isolamento profiláctico e quarentena passaram a integrar o nosso dia-a-dia – e ainda por cá vão estar algum tempo, antevê-se – e se acompanhava, diariamente, a subida de casos em Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo, mas também no país e no mundo. Até hoje, não há noção exacta de quantos foram já infectados por cá com o novo coronavírus e quantas mortes daí resultaram, porque os dados não são divulgados.

Quando todos começaram a relaxar, porque o Verão pareceu ter trazido uma diminuição dos casos, tudo piorou e em força. Nos meses de Outubro e Novembro estes concelhos – sobretudo Paços de Ferreira – tornaram-se nos que tinham maior incidência e risco de contágio por Covid-19 em Portugal. As medidas apertaram. Vieram as limitações à circulação e o recolher obrigatório e uma maior capacidade de testagem. Os números estavam a cair até ao final de 2020 e estes concelhos já não eram dos mais afectados. Mas ninguém sabe o que a designada terceira vaga lhes reserva.

Não vamos todos ficar bem. Mas esperemos que em breve, com a ajuda de todos e da vacina, consigamos chegar ao antigo normal.

Onda de solidariedade

A par de tudo o que já dissemos, e porque parece que os momentos maus conseguem trazer ao de cima o melhor da grande maioria das pessoas e instituições, a pandemia também gerou uma grande onda de solidariedade, no país e na região.

O mote parecia ser “todos contra a Covid-19”. As ajudas surgiram de todo o lado e muitas ainda se mantêm. Câmaras municipais, juntas de freguesias, associações, empresas, particulares e até “claques” de futebol disponibilizaram-se para apoiar quem mais precisa e criaram-se redes de voluntários para levar medicamentos e alimentos a quem não devia, pela idade ou problemas de saúde, sair de casa. O mesmo aconteceu em relação aos profissionais de saúde que estavam na linha da frente, com pessoas e instituições a oferecerem casas e hotéis onde pudessem descansar sem pôr a família em risco de contágio.

Entre as muitas medidas, as autarquias criaram linhas de apoio a quem estava em casa, em vigilância e tratamento, e aos idosos e também de ajuda psicológica, sendo ainda concedidos mais apoios sociais e entregues equipamentos de protecção. Da mesma forma, várias juntas de freguesia de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo criaram serviços de apoio à população para ajudar com idas ao supermercado e farmácia e até transporte. Muitos voluntários disponibilizaram também o seu tempo e conhecimento para, quando ainda havia falta de máscaras, produzirem máscaras sociais que foram distribuídas pela população. Os Ultras Rac e os Super Fãs Rebordosa Atlético Clube, “claques” apoiantes do clube de Rebordosa, chegaram a criar uma equipa de voluntários para ajudar a suprir as necessidades de qualquer pessoa idosa ou com mobilidade reduzida.

Por outro lado, fizeram-se peditórios e angariam-se verbas para comprar camas e ventiladores para o Hospital Padre Américo. Houve crianças a partir o mealheiro para dar o seu pequeno, mas significativo, contributo.

Estes são alguns dos exemplos que se foram multiplicando ao longo dos últimos meses.

Aterro de Sobrado, Valongo

Outro tema que marcou o ano é o da luta da população de Sobrado, no concelho de Valongo, para fechar o aterro de resíduos não perigosos da Recivalongo que, dizem causar cheiros nauseabundos, pragas de insectos e possível poluição das águas que põem em causa a saúde pública.

O movimento popular, que nasceu com a Jornada Principal, começou em 2019, mas em 2020, e apesar da pandemia, a luta intensificou. Os apelos ao encerramento do equipamento feitos ao ministro do Ambiente foram constantes e o tema chegou a ser notícia internacional e foi levado à Comissão Europeia.

Foram pedidas acções de fiscalização e, entretanto, adoptadas medidas para mitigar os problemas causadas, mas foram consideradas inócuas. Certo é que, depois de muita pressão e críticas, o aterro de Sobrado deixou de receber resíduos importados.

No seguimento de uma investigação interna ao licenciamento, a Câmara veio a público dizer que houve violação do PDM no licenciamento urbanístico daquele aterro. A autarquia também avançou com o condicionamento de camiões na estrada que dá acesso ao aterro, medida que foi contestada pela Recivalongo, a quem o tribunal deu razão, que acusa o presidente da Câmara de “abuso de poder”.

Pelo caminho, foram várias as acções de protesto realizadas pela população que promete não deixar caur o tema em esquecimento. A meta é fechar o aterro, embora o ministro diga que não há qualquer previsão para isso, e já foi prometido que a Jornada Principal, associação criada, vai intentar uma acção popular em tribunal.

A Recivalongo sempre garantiu que cumpre todas as regras.

Parece-nos que 2021 ainda nos vai dar muito que falar sobre este tema.

 

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