Foto: DR/Vera Ferreira. Retrata um momento de união das enfermeiras Carla Magalhães, Elsa Rodrigues, Luciana Ribeiro do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa e ganhou o prémio nacional da melhor fotografia no congresso internacional da APEGEL

Terminado um ano atípico, que marcou a vida de todos, o VERDADEIRO OLHAR volta a fazer um balanço do que aconteceu na região, apontando figuras que se salientaram nos concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo, levando mais longe o nome de um território.

Nas Figuras e Factos destacamos projectos sociais e culturais, jovens que são exemplo, atletas e entidades desportivas, empresas e políticos e falamos também de acontecimentos que marcaram 2020. De salientar que, de fora dos elencados, ficam sempre nomes igualmente meritórios.

Atribuímos ainda, como é hábito, o prémio de Personalidade do Ano. Acreditamos que, este ano, não poderia ser mais ninguém e escolhemos realçar o trabalho não de um, mas de milhares de profissionais do sector da saúde, heróis anónimos, que lutaram, e continuam a lutar, pela vida dos que são afectados pela pandemia Covid-19.

Na linha da frente e exaustos

Os sinais que chegavam de uma cidade longínqua da China não nos faziam adivinhar que 2020 ia ser assim, repleto de palavras e conceitos novos como quarentena, confinamento profiláctico ou isolamento social. A pandemia provocada pela Covid-19 apanhou todos despreparados e obrigou-nos a adaptar o dia-a-dia a todos os níveis, desde o trabalho à vida pessoal.

Independentemente de todos os sectores da economia e profissionais terem sido afectados, acreditámos que aqueles que trabalham na área da saúde, sobretudo nos hospitais da região – médicos, enfermeiros, auxiliares, mas também centros de saúde e unidades de saúde pública -, foram os que mais rapidamente tiveram de aprender a lidar com um inimigo invisível, um vírus desconhecido que os fez temer não só pelos doentes, mas também por si próprios e pelos seus.

Foram eles que passaram a ser soldados numa batalha que ninguém sabia quando ou como iria terminar e que, estando na linha da frente, estavam também em maior risco de contágio.

Naquele início cheio de incertezas, muitos profissionais de saúde, que passaram a trabalhar equipados da cabeça aos pés, escondidos debaixo de máscaras que lhes deixavam o rosto marcado no final de muitas horas de serviço, sacrificaram-se, fazendo uma escolha difícil: passaram a dormir longe de casa, longe da família, para evitar uma possível contaminação daqueles que mais amam. Muitos acabaram infectados por estarem a ajudar os doentes Covid-19 e alguns tiveram mesmo de ser internados e ventilados.

A batalha tornou-se diária, constante, desgastante, difícil e de vida ou morte, e levou alguns à exaustão. Muitas imagens de desespero, na região e no país, o mostraram. Mas mesmo com medo, manteve-se o espírito de missão.

Os profissionais de saúde, sobretudo os que trabalham no internamento hospitalar e cuidados intensivos passaram a lidar com a morte com uma maior frequência, a assistir a despedidas difíceis, a sofrer com quem tentavam ajudar. Marcas que vão ficar.

Na região, uma das que primeiro registou casos no país e uma das mais afectadas pela segunda vaga, o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, dimensionado para metade da população que actualmente serve e já com recursos humanos aquém do necessário, ficou “no olho do furacão” e tentou, de forma desesperada, conseguir dar resposta ao excesso de casos, que levou os profissionais que lá trabalham ao limite.

Nos centros de saúde (e apesar das muitas queixas legítimas e válidas sobre falta de atendimento telefónico e falta de resposta) os médicos de família ficaram sujeitos a sobrecarga de tarefas, fazendo contactos telefónicos com os utentes ou respondendo a emails, sem deixar de responder presencialmente a casos mais agudos. Juntamente com os elementos das unidades de saúde pública fizeram o seguimento diário dos suspeitos ou confirmados para a Covid-19. Estes últimos desdobraram-se ainda nos rastreios de casos para encontrar as cadeias de transmissão e travá-las.

Os profissionais de saúde foram aplaudidos da varanda. Essas palmas há muito se apagaram e já não são lembradas pelas muitas pessoas que, também cansadas da pandemia e ansiosas por regressar à vida normal e aos contactos com amigos e familiares, se esquecem que a luta depende de cada um de nós, aliviam os cuidados e acabam por se infectar, mantendo a sobrecarga nos serviços de saúde.

Os números têm demonstrado que ainda vamos precisar muito dos profissionais de saúde em 2021 e que, infelizmente, continuarão a ter de fazer escolhas difíceis.

Deixamos-lhe este nosso reconhecimento e um Obrigado.

 

Conheça os premiados das outras categorias:

Acontecimento do Ano

Empresa do Ano

Entidade Cultural do Ano

Entidade Desportiva do Ano

Desportista do Ano

Jovem do Ano

Político do Ano

Projecto Social do Ano