Francisco Coelho da RochaOs exames são todos maus? Parecia que o novo Ministro da Educação ainda mal sabia o caminho para o seu novo gabinete e já estava tomada a primeira medida que envolvia o seu ministério: acabar com os exames nacionais no 4.º ano de escolaridade. E tudo isso se resolveu sem debate público nem qualquer estudo que alicerçasse uma tal decisão e sem ouvirmos, sequer, a opinião do Ministro sobre o assunto. Simplesmente, acabou-se com os exames, para fazer a vontade ao PCP e ao BE. A Fenprof exultou de alegria e não houve mais comentários.

Confesso que me preocupa que no meu país se tomem decisões em matérias estruturais do sistema educativo com esta ligeireza. Não tenho informações suficientes para concluir se os exames do 4.º ano do 1.º ciclo são bons ou maus para o sistema educativo. Acredito até que existam fortes argumentos tanto contra como a favor da manutenção dos exames. Mas uma coisa é acabar com os exames que têm influência na nota final dos alunos e outra é deixar de haver qualquer tipo de avaliação no 1.º ciclo, uma vez que a medida aprovada no Parlamento elimina o exame final e não repõe as provas de aferição (que não contavam para a nota final).

Não é possível aplicar políticas públicas de educação sem haver um controlo dos resultados finais. E isso só é possível se existir avaliação. Importa recordar que é esse tipo avaliação que permite a Portugal ser avaliado internacionalmente pelo PISA da OCDE.

Não há sucesso escolar sem avaliação, conte ou não para a nota final. A avaliação é um instrumento que permite perceber as dificuldades de aprendizagem dos alunos e corrigi-las, ajuda os professores a darem um melhor apoio aos alunos e, acima de tudo, permite ir adaptando as políticas de educação à realidade do país. Ao abdicar da avaliação, o PS está a ceder de forma perigosa ao PCP, ao BE e, acima de tudo, à Fenprof, que, infelizmente, já demonstrou centenas de vezes ser o seu interesse maior a classe profissional que representa, e não os alunos. Resta esperar, portanto, que o novo Ministro da Educação consiga pôr travão a estes disparates parlamentares.