O início de um novo ano é sempre um momento propício para se fazerem balanços sobre o que se fez no ano que acabou e antevisões sobre o que vai acontecer neste que começa. É isso que farei neste espaço nas próximas cinco semanas, olhando para cada um dos concelhos da região, começando por Lousada.

Não foi à terceira que Leonel Vieira chegou a presidente da Câmara Municipal de Lousada. O ano de 2017 foi mau para a coligação de direita, em especial para o candidato, que investiu tudo na sua terceira candidatura. Se em 2013 a vitória ficou a uns escassos 4 por cento, desta vez a distância em relação aos socialistas aumentou para 11,5 por cento. O tempo de Leonel Vieira chegou ao fim sem nunca ter começado.

Mas o maior problema da coligação de direita não foi o seu candidato, mas sim o seu adversário. Pedro Machado, com uma personalidade discreta, recandidatava-se a um segundo mandato acompanhado de currículo capaz de fazer corar de vergonha a maioria dos presidentes das câmaras municipais da região. Em 2017, Lousada foi o primeiro concelho português a ter iluminação 100 por cento LED. A par disso, em Lousada o IMI está no mínimo, as empresas não pagam o imposto da derrama, o concelho tem uma cobertura de água e saneamento na quase totalidade do seu território, oferece descontos na factura do lixo a quem reciclar e tem, provavelmente, a melhor agenda cultural da região. Tudo isto, com as contas municipais equilibradas: têm a menor dívida da região e são a segunda melhor câmara municipal no que toca a prazos de pagamento a fornecedores. Por tudo isto, parece-me que Leonel Vieira teria dificuldade em fazer melhor resultado eleitoral.

Diz o povo: “Rei morto, rei posto”. É isso que acontecerá no PSD de Lousada, onde o deputado Simão Ribeiro será o mais que provável homem forte dos sociais-democratas. Com uma capacidade de oratória invejável, trará uma oposição mais acutilante e com mais ruído.

No entanto, este poderá não ser o único obstáculo ao mandato de Pedro Machado. Todos os méritos da sua governação poderão ficar ofuscados com o estranho caso de José Santalha. O ex-vereador e actual recandidato a presidente dos socialistas de Lousada mantém um gabinete na Câmara Municipal, onde atende munícipes e presidentes de junta, sem exercer qualquer cargo eleito ou ter sido nomeado para qualquer cargo político. Este, sim, parece ser o maior dos problemas de Pedro Machado.