Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

“A(r)Riscar” é o nome do projecto da associação de carácter social e humanitário Ajudaris que premiou jovens talentos na área da ilustração durante a tarde de sábado, no Auditório Vallis Longus, em Valongo.

“Os Descobrimentos” foi o tema desta terceira edição sobre o qual os 692 participantes do terceiro ciclo e ensino secundário, público e privado, de todo o país tiveram de se inspirar para os trabalhos, que podiam ser realizados num formato e com materiais à escolha do autor.

Os 24 finalistas estiveram presentes em Valongo e, entre alguma timidez e orgulho por pisarem aquele palco, descreveram à plateia repleta de pais, amigos e professores o que quiseram retratar nas suas obras. A animação musical ficou a cargo da Academia Dó Ré Mi e do Grupo de Violas da Universidade Sénior, de Valongo.

Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

“Inspirei-me num filme, em que, na parte final, mostraram uma imagem em que estavam dois índios a olhar para o mar, onde viam as caravelas dos portugueses. Tirei uma foto a essa parte e depois passei para o papel”, explica Tiago Lopes, de 15 anos, que está “muito orgulhoso de ter ganho” o primeiro prémio para o terceiro ciclo.

O aluno do Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Laranjeira, em Espinho, conta ao Verdadeiro Olhar, ainda com um sorriso de vitória no rosto, que está indeciso sobre o que quer seguir, mas que não é relacionado com o desenho. No entanto, revela que “desde pequenino” lhe dizem que tem “muito jeito para isto e que deveria ser um arquitecto”.

Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

Já Ana Viegas, da Escola Secundária Filipa de Vilhena, no Porto, e vencedora do primeiro prémio para o ensino secundário, respira arte. Está na vertente de artes do secundário e quer seguir a área na faculdade.

“Vivi em Espanha a maior parte da minha vida e depois mudei-me para Portugal, então, conheço a história dos dois países, dos Descobrimentos. Queria representar como os que antes tinham poder, os reis principalmente, mandavam os navegadores para outros países e aproveitavam-se das coisas que os outros tinham para o seu benefício. Queria demonstrar que[os Descobrimentos] não só teve coisas boas, como também trouxe coisas negativas”, explica Ana ao Verdadeiro Olhar nos minutos de pausa que fez na comemoração dos seus 18 anos. Quem acabou por subir ao palco em sua representação foi a professora da mesma escola, Conceição Moreira – que desafiou a docente de Educação Visual do estabelecimento a levar os alunos a concurso.

Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

Dos 12 finalistas do terceiro ciclo, Daniel Almeida, Tânia Lopes e Fabiana Oliveira receberam menções honrosas. Adriana Cruz, do Agrupamento de Escolas de Penacova, ficou em terceiro lugar e Sara Monteiro, do Colégio de Amorim, em segundo.

Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

Já dos 12 finalistas do secundário, receberam menções honrosas Ana Antunes, Caterina Sejane e Juliana Pacheco. Em terceiro lugar, ficou João Azevedo, da Escola Profissional Artística do Alto Minho (Viana do Castelo) e, em segundo, Rodrigo Calado, da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu (Abrantes).

Os melhores trabalhos foram escolhidos através de uma votação online no Facebook e por um júri composto por Emílio Manuel Vilar, professor da Universidade das Belas Artes de Lisboa; Sílvia Simões, presidente do Conselho Pedagógico da Faculdade de belas Artes do Porto; Pedro Seromenho, ilustrador; Beatriz Rainha, vencedora da segunda edição; Arancha Perpiñán, ilustradora espanhola; Júlio Dolbeth, professor da Faculdade de Belas Artes do Porto; e João Ribeiro da Silva, chefe da divisão de promoção e dinamização cultural na Direcção Regional de Cultura do Norte.

Sílvia Simões explica que “o processo de selecção foi de muito trabalho” e que os critérios avaliados foram “a questão técnica, a ilustração de acordo com o tema e a capacidade metafórica de abordar o tema”. Já João Ribeiro da Silva sublinha ser “óptimo ver a educação e a cultura de mãos dadas e ter o privilégio de ver em primeira-mão os trabalhos que foram apresentados”.

Os prémios incluem 100 euros para o primeiro lugar, mais um pack personalizado com materiais para desenhar e pintar, 50 euros para o segundo (também com o pack personalizado) e 25 euros para o último lugar do pódio (com o pack personalizado).

Trabalhos dos Finalistas desta edição do”A(r)Riscar” vão constituir exposição

Este projecto surgiu em 2017 com “o objectivo de fomentar o sucesso escolar e combater o abandono escolar através da arte, encontrar novos talentos na área da ilustração, promover a reflexão acerca de temas da actualidade e desenvolver a capacidade de expressão artística dos intervenientes”, como explica Sara Ferreira, técnica responsável pela iniciativa.

“Todos os trabalhos apresentados merecem os parabéns, mas, lamentavelmente, não podemos escolher todos, pelo que, devem continuar a participar e a acreditar nos vossos sonhos”, ressalva a técnica aos presentes. ”É com enorme alegria e de coração cheio que estamos, pelo terceiro ano consecutivo, a dar vida e voz aos talentos de Portugal através da ilustração”, refere Rosa Mendes, presidente da direcção da Ajudaris.

No início do ano lectivo, a associação contactou com as escolas, a nível nacional, para dar a conhecer o projecto, que pretende retratar a visão dos mais jovens sobre um tema da actualidade. No ano passado, o tema foi o “Património”, mas, este ano, relacionou-se com a celebração dos 500 anos da circum-navegação de Fernão de Magalhães. As participações têm vindo a aumentar e Sara Ferreira revela que “superou as expectativas”.

As obras dos finalistas seleccionados vão constituir uma exposição a ser apresentada após Setembro.

Orlando Rodrigues, vereador da Educação da Câmara Municipal de Valongo, sublinha que o contacto que o município tem com a associação já não é de agora, referindo os vários projectos que mantêm em torno da cultura e educação. “É um trabalho que, para nós, é muito importante porque é feito também pelas escolas e promove a leitura, a cultura e agora também com a ilustração”, explica.

“É bom ver que instituições que se dedicam de corpo e alma sem qualquer apoio estatal conseguem, de alguma forma, com inovação, com voluntarismo e com grande vontade trazer projectos, animar as comunidades e fazer com que também crianças e pessoas em idade adulta consigam também premiar-se a elas próprias com desempenhos de vida”, destaca Miguel Cardoso, director do Centro Distrital do Porto do Instituto de Segurança Social, dedicando o dia aos artistas.