A Câmara Municipal de Valongo assinou esta terça-feira um protocolo de cooperação interinstitucional com a Universidade do Minho, através do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, com a Associação da Casa do Bugio, e a União de Freguesias de Campo e Sobrado com vista ao estudo e promoção da festa da Bugiada e Mouriscada de Sobrado. O objectivo passa por candidatar a tradição à lista nacional de património e à UNESCO.

Com este protocolo de colaboração, a Universidade do Minho realizará um estudo que documentará a festa de S. João de Sobrado, a desenvolver por uma equipa do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade coordenada pela professora Rita Ribeiro e deverá ocorrer em duas fases. A primeira fase, e que foi esta semana protocolada, terá a duração de um ano, num investimento de 30 mil euros, valor a ser suportado, em partes iguais, pela Câmara de Valongo, Junta de Freguesia de Campo e Sobrado e pela Casa do Bugio. A segunda fase deverá ser desenvolvida nos dois anos seguintes, não estando, porém, ainda assegurado o financiamento necessário. Segundo explicou o presidente da Câmara Municipal de Valongo, José Manuel Ribeiro, deverá recorrer-se a candidaturas para obter fundos que financiem a continuação deste projecto.

Vector de desenvolvimento do concelho

Na assinatura do protocolo, que decorreu no Centro de Documentaçã da Bugiada, José Manuel Ribeiro destacou que as partes envolvidas pretendem assim “conseguir uma ferramenta poderosa sempre acompanhada pela comunidade”. “Este é um património que pode transformar-se num grande vector de desenvolvimento do concelho”, disse, acrescentando que não não acredita na “visão estática do património, mas na tradição com vida”. O autarca referiu ainda que no processo da valorização da Bugiada e da candidatura da tradição à lista de Património Imaterial da Unesco “percebmos que era necessário dar mais passos e tornar mais forte este processo”, lembrando que “não existia nem registo na lista nacional de património nem um estudo aprofundado”. “Quisemos reforçar esta caminhada. A comunidade terá ferramentas para caminhar mais empolgada para a frente. Esta é a grande virtude do protocolo. Teremos os meios necessários”, disse.

Inscrever festa na lista nacional de património e depois na UNESCO

Pela Universidade do Minho, Manuel Pinto, professor universitário e sobradense, lembrou que “tem havido a intenção firme de candidatar a festa à lista de Património Imaterial da Unesco e o que era quase óbviuo há três ou quatro anos não andou e a situação alterou-se radicalmente”. Por isso, continuou, “ou nos posicionavamos com uma base sólida ou corríamos o risco de  ficar para trás”. Foi assim que surgiu a necessidade de avançar para um estudo aprofundado da tradição, assente numa cooperação com a Universidade do Minho que realizará um trabalho no terreno que passará por documentar a festa, quer descritivamente, quer em audiovisual, de forma “orientada para o conhecimento de todos e para a publicação”. Um dos objectivos do estudo, frisou, passa por inscrever a Festa da Bugiada e da Mouriscada na lista nacional de património, seguindo-se uma abordagem à UNESCO. Moisés Lemos, responsável pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho sublinhou que é missão da universidade “fazer estudos que interessam, enriquecem e representam as comunidades”.

Pela Associação Casa do Bugio, António Pinto revelou a total disponibilidade para prestar todo o apoio logístico necessário, aproveitando para pedir ao presidente da câmara para que “continuem a usar a Bugiada e Mouriscada” como bandeira do concelho. Já o presidente Junta de Freguesia de Campo e Sobrado, Alfredo Sousa, que também se disponibilizou para colaborar no necessário, recordou o “processo complicado” mas enfatizou o desejo de todos os sobradenses sobre o sucesso do reconhecimento da festa e tradição que os caracteriza além fronteiras.