Este tem sido o grito mais ouvido pelos lados da sede do PSD em Paços de Ferreira. Uma semana após a votação, em reunião de Câmara, da proposta de redução do preço da água no concelho de Paços de Ferreira, o PSD veio finalmente a público tentar explicar o porquê de não ter votado favoravelmente. Para tanto e numa situação de manifesto desespero, optaram pelo recurso à figura da factualidade alternativa, numa derradeira tentativa de evitarem a situação de afogamento político em que, de forma consciente, se colocaram.
Apesar de faltarem poucas semanas para que cada cidadão pacense possa, através das suas faturas, comprovar de que lado está a verdade, permitam-me que sobre este tema elenque seis breves notas:

1.º- Em Outubro de 2013, quando o atual executivo de maioria PS tomou posse, foram várias e pesadas as heranças recebidas. Uma delas foi precisamente o dossier da concessão da água e saneamento. Com um pedido de reequilíbrio solicitado pela concessionária (mas escondido na gaveta pela anterior liderança municipal do PSD) superior a 100 milhões de Euros, à Câmara Municipal restavam duas soluções: a) nada fazer e com isso, dentro de pouco tempo (tal qual vem sucedendo com outras autarquias portuguesas) seria condenada a pagar uma indemnização de largas dezenas de milhões de euros, mantendo-se inalterado o tarifário da água e saneamento; b) tentar obter uma solução que reduzisse significativamente o impacto financeiro dos erros grosseiros cometidos no passado e ao mesmo tempo, fosse capaz de alterar o usurário preço da água.

2.º- Fruto de negociações extraordinariamente difíceis, demoradas e complexas, foi possível, na passada semana, deliberar-se a redução, para cerca de metade, do preço da água, bem como a extinção da tarifa de disponibilidade, tudo com efeitos a partir do próximo dia 1 de Maio.

3.º- Incomodados com esta mais do que justa decisão da Câmara Municipal, o PSD andou durante uma semana a pensar o que havia de dizer aos pacenses, tanto mais que, no momento da verdade, ou seja na votação desta proposta, optaram por não dar o seu voto favorável.

4.º- Uma semana depois e de forma inenarrável, optaram pelo recurso a fatos totalmente falsos, sem terem a noção da posição absolutamente ridícula em que se colocaram. Aliás, chegaram ao cúmulo de, faltando ostensivamente à verdade, afirmar que a redução do preço da água seria de apenas 29%! Mesmo que fosse essa a percentagem em causa, alguém em seu juízo perfeito alguma vez teria a coragem de vir a público clamar contra uma redução desta ordem de grandeza?

5.º- É hoje para todos os pacenses uma evidência, o desnorte absoluto dos atuais responsáveis pelo PSD local. Depois de todo o mal que fizeram ao concelho, depois do lamaçal em que deixaram o Município, com calotes atrás de calotes, a única coisa que os cidadãos esperavam era um pedido de desculpa. Infelizmente, para os próprios, a situação ridícula em que insistem em se colocar é confrangedora.

6.º- Dentro de algumas semanas, quando as famílias pacenses receberem em suas casas as faturas referentes ao mês de Maio, toda esta triste história que o PSD insiste em patrocinar terá o seu desfecho. No entanto, face à situação de quase inimputabilidade em que os próprios se colocaram, poderá dar-se o caso de virem a concluir que afinal, fazendo a conta em bolívares venezuelanos ou em kwanzas angolanos, o preço afinal até aumentou.