Francisco Coelho da Rocha

Está aberta a época. Não a futebolística, embora esta também se faça de equipas, jogos e rasteiras, mas a das eleições autárquicas.

O pontapé de saída foi dado, em Paredes, por Rui Moutinho. Perguntará o leitor: por quem? Por Rui Moutinho. Pode parecer um ilustre desconhecido, mas já perceberá que o assunto tem mais importância do que parece.

Rui Moutinho é o actual Director Financeiro do município e ontem apresentou a sua candidatura à presidência da Câmara Municipal de Paredes, sem o logótipo de qualquer partido, o que, à partida, poderia aparentar uma candidatura independente. Mas não é.

A sala onde decorreu a apresentação da sua candidatura estava repleta de figuras públicas, todas ligadas ao PSD local. Para além de Celso Ferreira, o actual presidente da autarquia, estava o vereador Manuel Fernando Rocha, o líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal, José Manuel Outeiro, a maioria dos elementos da Comissão Política Concelhia do PSD e, não menos relevante, 12 dos 13 presidentes de Junta de Freguesia eleitos por aquele partido, para além de outras figuras relevantes na vida do partido, como Maria João Fonseca, Filipe Silvestre Carneiro, José Mota, entre outros.

O símbolo do PSD não estava lá, mas o PSD real estava, quase na sua totalidade. Quem olhava para a composição da plateia percebia claramente que aquela era uma candidatura do PSD.

Tudo isto levanta uma questão: o que fará Pedro Mendes, o presidente da Comissão Politica Concelhia do PSD, perante tudo isto?

Antes de mais, importa salientar que o presidente de uma comissão política não tem que ser necessariamente o candidato à Câmara Municipal. Nas últimas eleições autárquicas em Paços de Ferreira, em Penafiel e em Lousada, só para referir os concelhos vizinhos, o presidente da comissão política não foi o candidato à Câmara Municipal.

Posto isto, a Pedro Mendes restam-lhe duas opções. A primeira, diria a mais inteligente, é saber interpretar o sinal que o partido lhe enviou através da maioria dos elementos da sua comissão política e de quase todos os presidentes de junta, desencadear o processo de apoio institucional ao candidato e tentar que durante o seu mandato o PSD volte a ganhar umas eleições autárquicas. Se assim for, sai reforçado no seio do partido. A segunda é, caso discorde da decisão tomada pela maioria dos seus colegas, abandonar a presidência da Comissão Política.

Há uns anos, os militantes mais influentes do CDS de Paredes decidiram que o já falecido José Manuel Oliveira seria o melhor candidato à presidência da Câmara Municipal. Na altura, Manuel Teixeira era o presidente do partido no concelho e discordava da opção. Mas, como essa era a vontade da maioria, saiu da presidência da Comissão Política, para não condicionar o processo autárquico.

Pedro Mendes pode optar por uma solução idêntica, mas isso pode deixá-lo à margem da vida partidária nos próximos anos. Pode também optar por criar obstáculos, como devolver pelouros ou dificultar a gestão do município, mas tais retaliações imaturas e pouco inteligentes não se coadunam com o perfil do vereador.

Dir-me-á o leitor: mas Rui Moutinho não é conhecido. Respondo: não era. Mas já não estamos a falar dele?…

 

SOBE E DESCE

Sobe – Orçamento Participativo em Penafiel

Câmara de PenafielEntre os dias 1 e 15 de Outubro os penafidelenses podem apresentar projectos que gostariam de ver realizados e que sejam uma mais-valia para o concelho. A Câmara Municipal de Penafiel reservou 250 mil euros para concretizar esses projectos. Num orçamento municipal pode não ser assim tanto, mas tem um efeito que pode valer muito mais do que esse dinheiro: fazer com que a população fique mais desperta para a gestão municipal e que se sinta envolvida. Numa altura em que parece que as pessoas estão cada vez mais alheadas da vida política, o Orçamento Participativo pode ser uma forma de as fazer participar na vida do concelho.

 

Desce – Obras na Escola Secundária de Ermesinde

Foto: I.R.M./Verdadeiro Olhar

O estado em que se encontra a Escola Secundária de Ermesinde é típico de um país subdesenvolvido: chove nas salas de aulas, a iluminação é insuficiente, material degradado, tectos a desfazerem-se e a cair em cima dos alunos. Desta vez foram os deputados do Partido Socialista que fizeram uma visita à escola para pedir uma reunião ao Ministro da tutela para tentarem resolver o problema. Por lá também já haviam passado os do PCP e os do PSD. Os partidos destes senhores deputados fazem ou já fizeram parte das soluções governativas do país. Se a escola é pública, tem alunos, está degradada e os senhores deputados têm conhecimento disto, o que é que impede a resolução do problema? Há cinco milhões de euros para se fazer um certo interpretativo da Ponte 25 de Abril (como se fosse preciso explicar aos turista o que é uma ponte!), mas não há dinheiro para requalificar uma escola secundária em Ermesinde. Isto ou é má vontade ou incompetência.