Rui Moutinho apresentou, esta quinta-feira, a demissão do cargo de presidente da comissão política do PSD Paredes.

“Sinto que, nesta fase da minha vida, não tenho a disponibilidade que se exige e de que o partido necessita”, argumentou o social-democrata na carta de demissão apresentada em reunião da comissão política.

“Não é uma traição aos que votaram em mim. Estou a devolver aos militantes a decisão sobre qual o melhor caminho a tomar”, sustentou o social-democrata ao Verdadeiro Olhar.

Questionado, Rui Moutinho nega estar a “abandonar o barco” depois da derrota eleitoral do PSD em Outubro. “Não é abandonar o barco porque me manterei no cargo de vereador. Não abandonei os eleitores que votaram no PSD. Para os militantes seria contraproducente” a continuidade no cargo de presidente do partido, acredita.

Recorde-se que Rui Moutinho chegou a presidente do partido depois de uma disputa interna com Joaquim Neves, em Dezembro de 2016. Antes, Pedro Mendes tinha-se demitido alegando “divergências internas” criadas pela interferência do, à altura, presidente da Câmara de Paredes, Celso Ferreira.

“A minha dedicação ao partido tem fortes limitações. Acredito que estou a fazer o melhor para o partido”

“O partido precisa de um presidente da comissão política que tenha uma maior disponibilidade de tempo. As deslocações diárias deixam-me pouco tempo para fazer actividade política”, argumenta Rui Moutinho.

Na carta de demissão apresentada aos militantes, o social-democrata lembra que, depois de o PSD perder as eleições para a Câmara Municipal de Paredes, o seu local de trabalho voltou a ser o município de Esposende o que faz com que tenha que percorrer diariamente cerca de 150 quilómetros. “A minha dedicação ao partido tem, por isso, fortes limitações”, diz.

“Não é uma questão de capacidade, de vontade, de falta de militância ou de mudança de rumo. Porque sempre me pautei com seriedade com o partido e sem qualquer interesse pessoal, entendo que, fruto destas limitações, há que dar lugar a quem tenha mais tempo, mais disponibilidade, e possa levar o nosso PSD a novas vitórias”, defende o ainda líder demissionário do PSD Paredes.

“Por isso, e apenas só por isso, demito-me das funções de presidente da Comissão Política da Secção de Paredes do PSD e apelo a que, aproveitando este momento de decisões internas, que inclusive levarão a que em Março tenha de haver eleições para a Mesa do Plenário, façamos todos um esforço de união e consigamos dar uma imagem de que somos um partido forte, coeso, determinado, capaz e onde quem se dispõe a exercer cargos o faz com completo desinteresse pessoal e com uma completa dedicação à causa pública”, refere o social-democrata na carta de demissão a que o Verdadeiro Olhar teve acesso.

Confrontado, Rui Moutinho diz acreditar que os militantes compreendem esta decisão. “Não é uma traição aos que votaram em mim. Estou a devolver aos militantes a decisão sobre qual o melhor caminho a tomar. Devemos estar desprendidos das posições. Acredito que estou a fazer o melhor para o partido”, sustenta.

Presidente demissionário deixa ideias de trabalho “necessário e urgente” a executar pela próxima comissão política

Na carta de demissão, o também vereador deixa um conjunto de ideias sobre o que é necessário implementar o partido, mas garante que não tem qualquer intenção de condicionar a actividade do próximo líder do PSD Paredes. “É o meu contributo para a próxima comissão política concelhia. Podem contar com o meu empenho como militante e vereador”, afirma.

Falando de uma imprensa “hostil”, Rui Moutinho argumenta que é preciso um trabalho de proximidade e uma comissão política “extremamente empenhada e disponível” para levar as ideias do partido aos cidadãos.

Por isso, refere, nos próximos anos, o esforço da comissão política passará por trabalhar com os membros das juntas de freguesia e assembleias de freguesia e com aqueles que poderão vir a ser candidatos à composição desses órgãos nas eleições de 2021, dando-lhes formação e apoio em várias áreas; trabalhar com os membros da assembleia municipal, com a realização de reuniões preparatórias; criar núcleos residenciais; reunir com os militantes das freguesias para saber quais as necessidades, falar do trabalho que está a ser feito pelo PSD e dos erros de governação do PS; organizar colóquios e seminários sobre as potencialidades do Portugal 2020 para empresas, IPSS e autarquias locais; trabalhar com as forças vivas das freguesias; trabalhar em parceria com a JSD e trabalhar no sentido de tornar activos os militantes, de aumentar o seu número e de os fazer participar na via diária do partido, através de reuniões descentralizadas da comissão política e do plenário e realização de festas convívio, entre outros.

“Este é o trabalho que se torna necessário e urgente. A concretização deste trabalho obrigará a um enorme empenho e uma enorme disponibilidade de todos, mesmo todos, os membros da Comissão Política”, frisou.

Questionado, Rui Moutinho não aponta opções, mas diz acreditar que “o partido não vai ter dificuldade em encontrar um novo líder”.