Francisco Coelho da Rocha

Terminou a 37.ª edição da Agrival, que, confirmando a quebra de recordes das edições anteriores, recebeu,em apenas dez dias, mais de 140 mil visitantes, afluência que a torna, provavelmente, na maior feira agrícola do Centro e do Norte do país. Os 25 mil metros quadrados de exposição disponíveis não foram suficientes para albergar todas as entidades que manifestaram interesse em participar, mas os que conseguiram lugar garantem que fizeram negócios num valor total superior a 10 milhões de euros. São números que não podem deixar de impressionar, tanto mais que se referem a pleno Agosto, com grande parte do país a passar férias nas praias, e a uma das regiões de Portugal que mais sentem a actual crise financeira.

Todos os anos, independentemente dos partidos que sustentam os Governos vigentes, tem havido ministros a inaugurar a feira e outros que, nos dias seguintes, têm por lá passado,mas este ano, à última hora, o Governo fez saber que não tinha, entre os seus membros, quem pudesse ir a Penafiel inaugurar a Agrival. Terá esta indisponibilidade tido alguma relação com o facto de, por um lado, o Governo ser socialista e sustentado pelo PCP e BE, e de, por outro, o executivo municipal ser liderado por uma coligação de direita?

O Leitor lembra-se de o Ministro do Ambiente, Matos Fernandes, ter dito que as casas com maior exposição solar devem pagar mais IMI? Foi no início do mês, enquanto inaugurava mais uma edição da Capital do Móvel, uma feira que tem sofrido uma perda progressiva de visitantes e uma dificuldade cada vez maior em conseguir expositores. Coincidência, ou não, o executivo municipal de Paços de Ferreira é da mesma cor partidária do Governo.

Há poucas semanas, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, e número dois do Governo, esteve em Paredes a inaugurar a sede de uma associação empresarial acabada de fundar que nada mais é do que uma sala alugada, com duas mesas e meia dúzia de cadeiras. Na mesma altura foram fundadas duas associações empresárias, uma que serve os interesses do PSD e outra os do PS. Esta que Augusto Santos Silva veio inaugurar é, ao que parece, afecta à facção socialista. Outra infeliz coincidência.

É certo que a Agrival se tornou suficientemente relevante para que o seu sucesso não dependa da presença de um qualquer governante. Mas não deixa de ser triste, e ao mesmo tempo preocupante, que o Governo pareça não reconhecer essa relevância, ao contrário do que, naturalmente, fazem os cidadãos que visitam o certame.