Há 35 anos que o Rancho Folclórico de Abragão se dedica a preservar e divulgar os cantares, danças e representações típicas da região. O grupo, actualmente formado por 55 elementos, muitos deles jovens, é responsável por organizar diversos eventos que dinamizam a freguesia de Abragão, como a Recriação do Mercado de Ribaçais, o festival de Folclore e o MaioÀbrir.

É liderado por três mulheres e é uma segunda família, com avós, filhos e netos a integrar o grupo.

Grupo de amigos juntou-se para preservar costumes da terra

Foi Maria Aragão Silvares, actual presidente do Rancho Folclórico de Abragão, que, em Janeiro de 1981 juntou um grupo de pessoas para preservar as tradições, usos e costumes da terra. Durante dois meses, dedicaram-se à recolha “exaustiva” das tradicionais danças, cantares e trajes da região e, em Março, foi formalizado o Rancho de Abragão.

“O Rancho começou então a expandir a sua tradição, com os seus cantares, danças e representações das figuras típicas da região, exibindo os trajes devidamente elaborados manualmente, usando cópias perfeitas, quer nos feitios quer nos tecidos, usando essencialmente o linho, a estopa, os tomentos, a chita, o riscado, sarrobeco, merino e seda, recriando assim ao pormenor, por exemplo, as figuras típicas do: Zé Brasileiro, os Noivos, a Domingueira, Romeira, Cantoneiro, Camponês, Podador, Senhoril, Meninas ricas…”, explica Carla Almeida, directora do grupo.

No início, começou com apenas duas danças cantadas (“Tenho uma camisa Nova” e “Abragão é Terra Linda”). Actuaram pela primeira vez em Março de 1982 em Gondalães, Paredes, nessa altura já com várias danças tocadas.

Tem como sede o Centro Social e Cultural de Abragão e como principal palco o anfiteatro de Santa Mafalda.

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“Uma segunda família”

À semelhança de muitos grupos da região, este Rancho é, antes de mais, um grupo de amigos, apelidado por muitos como “uma segunda família”, garante Carla Almeida, uma das três mulheres que constitui a direcção da instituição. “Este Rancho é também uma escola que disponibiliza ensinamento e motiva a aprendizagem. Uma escola aberta e sempre disponível para acolher novos elementos”, defende.

Contam actualmente com 55 elementos, incluindo “crianças desde a barriga da mãe até aos avós”. Há muitos elementos que se mantêm desde a fundação e que trouxeram familiares. E há também casamentos que “nasceram” dentro do rancho e cujos filhos já integram o grupo. “Todo este ciclo é a prova do bem-estar do grupo, condição que nos deixa muitos felizes e claro, orgulhosos”, diz a directora.

Isso faz com que grande parte dos elementos sejam jovens, “o que por vezes complica o agendamento de actuações, devido às suas profissões, estudos ou até pela necessidade que tiveram de emigrar”, explica a directora. Além da questão financeira, esse tem sido um dos principais constrangimentos do Rancho Folclórico de Abragão. “A emigração faz com que haja necessidade de colmatar possíveis vagas para todos os sectores, desde o canto, à dança ou mesmo na organização das iniciativas”, refere.

Mas o grupo consegue realizar cerca de 25 actuações por ano. Já participou em vários Festivais Nacionais e Internacionais, desde os Arquipélagos da Madeira e Açores, até Espanha, França, Itália, Bélgica, Suíça, Bulgária e Roménia. Em 2006, o grupo editou um CD e um DVD, assinalando os 25 anos de existência.

Carla Almeida e Maria Aragão Silvares

Organizam o Festival de Folclore, o Mercado de Ribaçais e o MaioÀbrir, entre outros

O Rancho Folclórico de Abragão é ainda responsável pela organização de vários eventos. Desenvolve actividades durante todo o ano, de cariz cultural, como social e desportivo. Além das típicas feiras tradicionais, marchas populares, festejos de Carnaval, cantares dos reis, bailes, magustos, rojoadas, festas do emigrante, são responsáveis pela organização de iniciativas como a Recriação do Mercado de Ribaçais; o Festival de Folclore, sempre no primeiro sábado do mês de Agosto; e o festival de música “MaioÀbrir”. Este último evento, mobiliza centenas de pessoas, entre concertos e um passeio TT.

Segundo Carla Almeida, o grupo conta com o apoio do município de Penafiel, da Junta de Freguesia de Abragão, do Centro Social e Cultural de Abragão e da comunidade de Abragão.

Nos próximos anos, o principal objectivo é continuar “a transmitir a verdadeira tradição do Povo de Abragão e preservar a união do grupo”. “O nosso trabalho visa também divulgar, com rigor, a nossa cultura e as nossas origens, mantendo o ‘ex-libris’ de Abragão e, com o nosso trabalho, ser uma referência folclórica para Penafiel”, conclui a directora do grupo.