Num ano difícil e atípico, que nos obrigou a confinar em casa, houve quem aproveitasse ainda assim essa oportunidade para transformar um momento menos positivo em algo que pudesse ajudar os outros.

Foi o caso do projecto solidário “Kilómetros em casa”, que angariou mais de 32 mil euros para o Hospital de São João, no Porto, e para o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.

Tudo nasceu de um pressuposto simples, juntar a prática de exercício físico e a solidariedade. Quem quis participar era convidado a “caminhar, correr, nadar, remar ou pedalar” em casa, contribuindo com um donativo e percorrendo o máximo de quilómetros possível.

“Neste período de confinamento e isolamento, é fundamental dinamizar e incentivar as populações a aderir à prática desportiva e a práticas de vida saudável. Mas mais importante é apelar ao espírito solidário. Espírito este que faz parte do ADN dos praticantes que pretendemos envolver nesta iniciativa”, justificavam os organizadores, um grupo de 15 elementos, profissionais de várias áreas, muitos de Paços de Ferreira. A “prova” contou ainda com embaixadores de relevo nacional, desde campeões olímpicos a jogadores e ex-jogadores, empresários e atletas de várias áreas.

As mais de 2.800 pessoas que se inscreveram cruzaram a meta: 30 mil euros. E acabaram até por superá-la. Houve quem fizesse mais de 50 quilómetros de corrida e mais de 100 de bicicleta, na sala, na garagem ou no jardim, em segurança.

Uma prova de que com pouco e mesmo com condicionantes o querer muitas vezes é mesmo poder. Neste caso o poder de ajudar os hospitais a ultrapassar a pandemia.

Aumento da capacidade do Refood de Ermesinde

A pandemia trouxe ao de cima as fragilidades da região marcada por baixos salários e poder de compra. As empresas começaram a entrar em lay-off ou mesmo a fechar e muitas pessoas se viram confrontadas com o desemprego ou a perda de rendimentos, o que afectou o dia-a-dia das famílias. Muitos foram os que se empenharam para que nada faltasse aos mais desfavorecidos, sobretudo à mesa.

Entre os muitos projectos destacamos o da Refood de Ermesinde que duplicou, nos últimos meses, a capacidade de apoio, estando a distribuir comida resgatada de grandes superfícies quatro dias por semana, apoiando um total de 25 famílias (84 pessoas) com 250 refeições semanais e ainda instituições locais, como a Santa Casa da Misericórdia de Valongo, a Casa dos Rapazes de Valongo, o Centro Social de Ermesinde, a Ordem Vicentina da Igreja Matriz de Valongo, a Fundação Allamano dos Missionários da Consolata, a Instituição Adic, ou o Centro Sócio-Educativo e Profissional de Parteira, em Lordelo. A cada dia de entrega são distribuídos entre 180 a 200 quilogramas de comida “que alimentam quem mais precisa e que são privadas de ir parar aos aterros”.

A Refood Ermesinde, uma organização que re-aproveita excedentes alimentares e re-alimentar quem mais precisa, viu também crescer o número de voluntários, que são agora 100, mostrando que nos momentos mais difíceis as pessoas se juntam para ajudar o próximo.

Video-chamadas no Hospital Padre Américo

Saudade. Foi essa a palavra do ano eleita para 2020. E foi mesmo para combater a saudade e ajudar a ultrapassar a preocupação e distanciamento que nasceu outro projecto que queremos destacar.

Com as visitas suspensas devido à pandemia, e apesar de assoberbados, os enfermeiros do Hospital Padre Américo começaram a fazer video-chamadas, no início através dos seus próprios telemóveis, para pôr em contacto os doentes, sobretudo os mais idosos, e familiares. Chamadas que se foram alargando aos vários serviços e que foram ajudando a acalmar medos e angústias, trazendo ao de cima emoções e mesmo lágrimas, não só aos doentes e famílias mas também aos profissionais. “A primeira video-chamada com o telemóvel oferecido foi para uma família de um doente que fazia anos nesse dia. A filha cantou-lhe os parabéns e ficamos os três a chorar”, contou na altura Susana Queirós, enfermeira-chefe da Unidade de AVC do Hospital de Penafiel. Houve quem assim conseguisse ver pais com quem não estavam há muito e quem se conseguisse despedir do avô.

Foi também este recurso às novas tecnologias que permitiu a um casal de Penafiel, infectado com Covid-19, acompanhar, durante 25 dias, com vídeo-chamadas e fotografias, o crescimento da filha recém-nascida, que se manteve no Serviço de Neonatologia do Hospital Padre Américo até que um dos pais ficasse recuperado.

Apesar de simples, esta ideia ajudou centenas de famílias a lidar com as dificuldades trazidas pela pandemia.

 

Conheça os premiados das outras categorias:

Personalidade do Ano

Acontecimento do Ano

Empresa do Ano

Entidade Cultural do Ano

Entidade Desportiva do Ano

Desportista do Ano

Jovem do Ano

Político do Ano