A comunidade de Abragão e o seu autarca local, José de Sousa, dizem estar indignados com a decisão da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE) em “excluir” 15 crianças do Centro Escolar da freguesia.

Segundo o autarca, a comunidade educativa de Abragão está incrédula e chocada com a decisão da DGESTE, tendo a comunidade escolar cujas crianças se encontram nesta situação já feito sentir o seu “descontentamento e sentimento de injustiça”, através de um abaixo-assinado que contou com o apoio da Junta de Freguesia de Abragão e da Câmara Municipal de Penafiel.

“Surpreendentemente, a Vila de Abragão assistiu, este ano, a uma decisão precipitada e irreflectida por parte da DGESTE ao criar apenas uma turma  de JI, excluindo cerca de 15 crianças da sua área de conforto e  residência”

O autarca recordou que habitualmente, o Centro Escolar de Abragão tinha três turmas, mas este, ano, por decisão da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares as três turmas foram agregadas apenas numa.

“Prova disso são os últimos cinco anos em que o Centro Escolar acolheu três turmas de Jardim de Infância (JI), e nos últimos 20 anos, pelo menos duas  turmas de JI, com excelentes condições físicas e materiais. Surpreendentemente, a Vila de Abragão assistiu, este ano, a uma decisão precipitada e irreflectida por parte da DGESTE ao criar apenas uma turma  de JI, excluindo cerca de 15 crianças da sua área de conforto e  residência, provocando um sentimento de revolta e frustração por toda a comunidade” referiu José de Sousa que recordou que a vila de Abragão é uma das freguesias do Tâmega e Sousa com maior taxa de natalidade e com um elevado número de crianças em idade escolar.

“Atualmente, a freguesia possui cerca de 40 crianças em idade pré-escolar (inicialmente 32 inscritos e depois com mais oito inscrições), números mais que suficientes para a criação de, pelo menos, mais uma turma no Centro Escolar de Abragão. A única turma aceite pela DGESTE, está constituída com 25 alunos, com idades muito heterogéneas e por isso que carecem de cuidados, atenção e  acompanhamento muito distintos”, afiançou o responsável pelo executivo da Junta de Freguesia.

José de Sousa ressalvou, também, que os encarregados de educação acompanharam, desde o início, esta situação e agilizaram todos os pormenores com as educadoras e auxiliares de acção educativa no sentido de tentar perceber as carências dos alunos, “tendo sido identificadas crianças pouco autónomas e emocionalmente instáveis”.

“Uma possível transferência/deslocação destas crianças da sua terra natal para as freguesias vizinhas, iria provocar “instabilidade emocional e obrigar as crianças a desvincular afectos com amigos e familiares”

De acordo com a Junta de Abragão e para agravar toda esta situação “alguns alunos necessitam de utilizar fraldas (carecendo de um cuidado mais permanente) e ainda estão em processo de avaliação para uma possível integração ao abrigo do Decreto-Lei n.º 54/2018”.

Ao Verdadeiro Olhar, o presidente da Junta de Freguesia declarou, também, que uma possível transferência/deslocação destas crianças da sua terra natal para as freguesias vizinhas, Luzim e Vila Cova, iria provocar “instabilidade emocional” e “obrigar as crianças a desvincular afectos com amigos e familiares”.

“O percurso é difícil, cheio de curvas e acarreta custos extra no transporte assim como desgaste nas crianças”, lê-se no comunicado que a Junta de Abragão nos enviou.

José de Sousa manifestou, ainda, não entender esta decisão da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares uma vez que o actual Centro Escolar de Abragão reúne todas as condições materiais para acolher estas crianças

Ao Verdadeiro Olhar, o autarca avançou, ainda, que quer a Junta de Freguesia, quer os pais e encarregados de educação das crianças já fizeram uma exposição ao director do agrupamento e ao responsável da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares no sentido de reverter esta situação, tendo os pais solicitado uma audiência ao delegado Regional da DGESTE e ao Ministério da Educação, para a qual ainda não obtiveram resposta.