POSTAL DE FÉRIAS: As escolas vão reabrir com aulas presenciais

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Preparamo-nos para regressar ao nosso posto de trabalho.

Que vantagens existiriam de manter os alunos em casa?

Talvez a de maior importância no que diz respeito ao controlo pandémico. Diminuía, pode acreditar-se, a possibilidade de aparecerem novos surtos.

Contudo, outros valores mais altos se levantam. O primeiro resulta de necessidade de tornar endémico o que agora ainda é pandémico. O segundo, por esta ou outra ordem, vem das necessidades da economia. Corríamos o risco de, para combater a doença, deixarmos de produzir e, por via disso, nem o vírus morria e a fome matar-nos-ia. E já está à vista a amplitude dramática das consequências da COVID-19.

O modelo económico está definido em função da escola. A sociedade organiza-se a partir da família, mas não dispensa a escola como fator fundamental de equilíbrio social e económico.

Por último, o modelo de ensino à distância a que fomos obrigados, evidenciou, por um lado, resultados positivos para controlo da doença, embora não a contivesse, mas mostrou sobretudo que a escola democrática, aquela que não deixa ninguém para trás, aquela que nos aproxima da utopia da igualdade de oportunidades, não dispensa o modelo presencial.

Que perigos podem resultar da reabertura das escolas?

Desde logo se torna necessário desmistificar a ideia que as aulas presenciais potenciam a transmissão do vírus. Podem, quando muito e não é pouco, ampliar, por contágio, a dimensão de um eventual surto, sobretudo se tivermos em conta o número de alunos, professores e assistentes que diariamente frequentam os mesmos espaços. Apesar disso, não se pense que o perigo nasce na escola.

As adaptações feitas, e só falamos das escolas que conhecemos, por muito estranho que pareça e graças ao esforço de quem as dirige e de quem nelas trabalha, transformou-as em espaços de excelência para quem as vai frequentar em contexto de pandemia. Entrar, hoje, numa escola, significa ter de respeitar um conjunto de regras e comportamentos que, muito dificilmente encontramos no quotidiano a que assistimos, a que nos vamos habituando e a que alguns já chamam nova normalidade.

Hoje, quem quer que precise de entrar numa escola tem, em primeiro lugar, de justificar essa necessidade e não o pode fazer sem usar máscara permanentemente nesse espaço, sem desinfeção das mãos e sem respeitar as normas de distanciamento físico. Recusamo-nos a usar a expressão “distanciamento social” porque se há coisa pela qual a escola luta, e bem, é pela proximidade social. O afastamento que a pandemia exige é físico, ponto.

Fossem os comportamentos sociais respeitados fora da escola como são nela e, sem grande margem de erro, poderíamos dizer que a pandemia estaria hoje mais contida e todos nós em maior segurança.

É isto que se pede à comunidade escolar. É muito? Olhando-se a si próprios, para uns será pouco e a outros parecerá excessivo, mas o sucesso e o futuro dos seus educandos também dependerão da forma como cada souber respeitar o bem comum.

Por fim, que todos estejam certos de que os mais vulneráveis ao vírus, por idade ou morbidade, não são os alunos.

Sejam bem-vindos os que respeitam as regras fora da escola. E os outros também!