Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Com a renúncia de José Mota, Sílvia Sá Pinto assume o cargo de presidente da Junta de Gandra, por ser a número dois da lista que foi a eleições nas autárquicas de 2021. Ocupava até agora o cargo de tesoureira.

Em Assembleia de Freguesia, realizada ontem à noite, foi eleita para o executivo Sandra Gaspar, até agora presidente da Assembleia de Freguesia. Com a sua saída, Nuno Rocha assume a presidência da mesa e Samuel Moreira passa a 1.º secretário.

José Mota, que renunciou ao cargo de presidente de Junta, explicou as suas motivações. Diz que sai “desolado” e que em causa está a perda de confiança política do presidente da Câmara Municipal de Paredes, Alexandre Almeida.

No final da sessão, em declarações aos jornalistas, Sílvia Sá Pinto garante que foi “com imensa tristeza” que recebeu a renúncia de José Mota. “Não era desta forma, de todo, que eu gostava de ser presidente da Junta de Freguesia de Gandra”, sustenta, não escondendo que tinha como objectivo chegar ao cargo no futuro. “O meu objectivo, e nunca o neguei a ninguém, era daqui por três anos, na impossibilidade de o senhor Mota se candidatar, ser eu a cabeça de lista pelo Partido Socialista. Não nego essa ambição. Sempre foi um projecto. Abracei a política e gosto, sobretudo do serviço público”, afirma.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Por isso, a nova presidente da Junta diz que não consegue “estar contente”. Mas, alega, esta não era altura para novas eleições. “Face a todo o trabalho que tive na oposição, durante quatro anos, face a todo o trabalho que temos feito pela freguesia e que temos mostrado, eu não podia virar as costas à freguesia e permitir umas novas eleições. Não quando acho que tenho capacidades, eu e todo o executivo, já que tenho uma equipa forte e coesa. Tenho o apoio do presidente Alexandre Almeida e de todo o executivo, não faz sentido deitar a toalha ao chão, é erguer a cabeça e mostrar com o meu trabalho que mereço ocupar este lugar”, defende Sílvia Sá Pinto, frisando que se sente “legitimada” para o cargo: “Fui eleita por sufrágio, os primeiros três elementos do executivo são eleitos directamente e eu era a segunda da lista”.

Compreende, ainda assim, que a população estranhe. “As pessoas, quando votam, só olham ao cabeça de lista”, esquecendo-se que há um segundo e terceiro elementos do executivo que o podem substituir por vários motivos, por isso, mostra-se preocupada, mas crê que contam com o apoio da população. “Acredito muito que, com o trabalho desta equipa que se manteve toda, não houve ninguém que disse que não queria trabalhar comigo, que vamos fazer um excelente trabalho pela freguesia e pelos gandarenses, que é o que me preocupa mais”, referiu.

Sobre o projecto político, será o que estava a ser implementado pelo executivo até agora liderado por José Mota. “Não vou fugir muito a isso. É lógico que terei o meu cunho pessoal naquilo que desenvolver e puxar para a freguesia”, adianta. “Alexandre Almeida ligou-me a dar força e coragem para assumir este desafio. Tenho o apoio da Câmara. Acredito que vão apostar em Gandra, no que toca ao Parque Urbano e saneamento. O nosso objectivo é trabalhar, é mostrar que merecemos ocupar o lugar”, realça a nova presidente da junta.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

“Tenho um documento que diz uma coisa, o que ele disse em público foi outra”

Questionada sobre se entende as motivações para esta renúncia de José Mota, Sílvia Sá Pinto disse-se “apanhada de surpresa”. “Entendi até ao momento em que me entregou um documento a explicar, mas quando esteve hoje ali em cima não disse nada do que eu li na renúncia. Tenho um documento que diz uma coisa, o que ele disse em público foi outra. Preciso de ter calma e tentar conversar com ele e entender toda a situação”, alega. O documento em causa, “invocava razões profundas e pessoais”, mas não falava da quebra de confiança política, acrescenta.

À pergunta “sente que este executivo está preparado” para assumir a Junta de Freguesia de Gandra, José Mota comenta que “têm menos experiência que eu”. “Já estiveram na oposição no anterior mandato, isso deu-lhes algum traquejo. Mas uma coisa é estar na oposição, outra é estar no poder e ter de projectar e fazer. Sei que não vai ser fácil para esta equipa conseguir, mas como tudo está mais ou menos planeado e o barco em andamento agora é só saber conduzi-lo”, respondeu. “Ainda faltam três anos para acabar o mandato. Há três coisas importantes, o saneamento básico, que está em andamento, o parque urbano que está em andamento, e questão da água. Depende deles trabalhar”, sentencia.