Francisco Coelho da RochaMuitas vezes, um melhor ou pior desempenho de um executivo municipal deve-se à oposição. Uma boa oposição pode ajudar a tornar um executivo mais forte. Quando a um executivo que é por natureza fraco se junta uma oposição paupérrima, o resultado pode ser desastroso. É o que parece estar a acontecer em Paços de Ferreira.

O desempenho do executivo liderado por Humberto Brito é, provavelmente, na região, o mais recheado de trapalhadas e atropelos às mais elementares regras democráticas. Estas atitudes, que num qualquer outro concelho vizinho seriam motivo de forte oposição e que acabariam por ser noticiadas nos jornais nacionais, vão passando, no entanto, ao lado da maioria da população, muito por falta de preparação do PSD local para essa função essencial na vida democrática que é apresentar ideias e políticas alternativas.

Assim, tanto não há na Assembleia Municipal uma única voz capaz de argumentar com conhecimento como, até agora, a Comissão Política Concelhia do PSD tem sido presidida por quem faz o que pode, mas não o suficiente, por falta de capacidade para mais. Por outro lado, os vereadores que sempre desempenharam funções enquanto foram poder ainda não conseguiram adaptar-se à nova realidade de ser oposição e não agem como tal.

Fazendo um balanço resumido, pode dizer-se que o PSD de Paços de Ferreira passou o primeiro ano a recuperar do choque de ter perdido as eleições, o segundo ano ao abandono e no terceiro ano anda a pensar no candidato para as eleições do próximo ano. Mas, para vencer as próximas eleições, não basta ter um bom candidato, é necessário que a população queira mudar de gestão municipal. E isso não vai acontecer se o PSD, enquanto oposição, não explicar por que é preciso mudar. Se o fizer apenas no ano das eleições, o efeito será praticamente nulo.

É pena que o PSD da Capital do Móvel não tenha ideias próprias, não tenha projectos e, acima de tudo, já não tenha alma.